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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Teoria Critica da Mídia - Trabalhos Finais - Mulheres negras na mídia, representação e a síndrome do tokenismo



Para o trabalho final da disciplina de Teoria Crítica da Mídia, Marcele Oliveira fez uma análise da representação das mulheres negras na mídia e as formas de olhar e reinventar o conceito de “tokenismo”.

"Quem vê na mídia as artistas brasileiras Elis Mc e Mc Soffia, ambas mulheres negras, muito jovens, talentosíssimas e completamente conscientes de sua cor, pode até pensar que a favela venceu. Para um país que foi o último país das Américas a abolir a escravidão, no qual se perpetua uma política de morte, ou necropolítica como diz Achille Mbembe (PEREIRA, 2019), em uma falsa ilusão de democracia e segurança, considero difícil utilizar essa afirmativa. Será que a favela venceu mesmo? Mídiaticamente, somos vitoriosos em ter figuras como Iza, Ludmilla, Karol Conka, Drik Barbosa e muitos outros nomes mais ocupando as telas e telinhas da sociedade contemporânea. Escolho aqui falar das mulheres negras não só por identificação mas também por entender que elas demoraram a serem vistas. Hoje, Elza Soares é considerada rainha, mas Mané Garrincha, famoso jogador de futebol brasileiro, que a espancou em diversos momentos da vida, também é considerado rei. Trago esse exemplo para reafirmar como a mídia é um ambiente conflituoso, com disputas discursivas. Atualmente, empoderamento, lugar de fala e representatividade são conceitos amplamente utilizados, assim como racismo, desigualdade e resistência. Não dá mais para “passar batido” certos conceitos e, sendo assim, vale refletir: estaria mesmo a favela vencendo e a população preta nos espaços de poder? Nos espaços de decisão? Formando-se, alimentando-se bem, tendo condições de vida digna? Vivendo ou sobrevivendo? Conquistando ou sendo token de quem sabe que não é mais possível ignorar a cor da pele da maior parte da população do país? Nesta análise, discorro sobre a figura de mulheres negras na mídia e sobre formas de olhar e reinventar o conceito de “tokenismo”."

Clique aqui para ler o trabalho completo. 


Postagem: Giulia Jesus - graduanda de Estudos de Mídia/

Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/UFF - GRECOS/LAMI

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: Roxanne Roxanne



Para o trabalho final de Sociologia e Comunicação de 2018.1, a aluna Morena Mariah explora  o filme Roxanne Roxanne, que narra a vida de uma rapper norte-americana e trabalha com conceitos como o de Lugar de Fala com Djamila Ribeiro e discorre sobre as invisibilidades da mulher negra tanto no produto audiovisual quanto na materialidade da vida real.

"A invisibilidade das narrativas de mulheres negras em toda a historiografia ocidental se repete também na vivência da personagem Roxanne, que mesmo sendo uma das principais precursoras do movimento hip hop nos Estados Unidos, enfrenta diversas situações de machismo e invisibilização, tanto na ficção quanto na história real. A própria iniciativa de produção deste filme por parte de Pharrell Williams é uma tentativa de visibilizar a trajetória de uma artista pouco conhecida dentro da própria cena do hip hop mundial. Djamila Ribeiro sobre as possibilidades de o direito à voz diz:
  “Mulheres negras, por exemplo, possuem uma situação em que as possibilidades são ainda menores – materialidade! – e, sendo assim, nada mais ético do que pensar em saídas emancipatórias para isso, lutar para que elas possam ter direito à voz e melhores condições. Nesse sentido, seria urgente o deslocamento do pensamento hegemônico e a ressignificação das identidades, sejam de raça, gênero, classe para que se pudesse construir novos lugares de fala com o objetivo de possibilitar a voz e visibilidade a sujeitos que foram considerados implícitos dentro dessa normatização hegemônica.” (RIBEIRO, 2017)"

Clique aqui para ler o trabalho completo.

Postagem: Victória Guedes - graduanda de Estudos de Mídia/
Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/UFF - GRECOS/LAMI

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: Análise do documentário "Reel Injun: On The Trail Of The Hollywood Indian"



A aluna Mariana de Oliveira, da turma da disciplina de Sociologia e Comunicação de 2017.1, elabora uma reflexão acerca da representação e o processo de estereotipagem da imagem do nativo estadunidense nas produções audiovisuais hollywoodianas apresentadas pelo documentário Reel Injun, um filme canadense de 2009, produzido por Neil Diamond, que explora a figura do nativo americano inserido no gênero do faroeste e investiga a produção do imaginário desta categoria na American Indian History (a História do Índio Americano).

Para isso, Mariana respalda a sua reflexão em torno da contribuição de Pierre Bourdieu sobre a constituição do poder simbólico e a perspectiva pós-colonial de Homi K. Bhabha, teórico indiano, acerca da questão dos processos de estereotipagem e a produção discursiva da narrativa do colonizador. 

"A Narrativa construída pelo documentário mostra que o fascínio com tudo o que é nativo norte-americano se iniciou com os colonizadores, que encontraram centenas de nações, com as mais diversas culturas, línguas e crenças. Em paralelo a esse fascínio com elementos de culturas nativas norte-americanas, o direito dos índios, enquanto seres humanos e cidadãos, era ameaçado. Na fala do cineasta Jim Jarmusch sobre o genocídio de centenas de nativos reserva de Pine Ridge, no ano de 1890, ele fala sobre como a cultura tinha a intenção de perpetuar que o nativos eram agora seres mitológicos. Essa fala emblemática pode ser relacionada a ideia desenvolvida por Homi Bhabha, em O Local da Cultura, no capítulo A Outra Questão, o estereótipo, a discriminação e o discurso do colonizador , onde ele fala sobre a questão do fetiche do colonizador em relação aos nativos. 

O nascimento do índio hollywoodiano surge com os filmes mudos, e nessa época, de incipiência de uma indústria cinematográfica, as perspectivas eram mais naturais, pois índios atuavam e também dirigiam seus próprios filmes, como contam os historiadores. Um filme emblemático desse tempo foi O Inimigo Silencioso (1930), que tratava do problema da fome entre as comunidades indígenas, que confinadas às reservas, passavam por muitas dificuldades".

Confira o trailer (em inglês) abaixo:


Clique aqui para ler o trabalho completo.

Postagem: Matheus Bibiano - graduando de Estudos de Mídia/
Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/UFF - GRECOS/LAMI

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Francine Saillant e o trabalho do reconhecimento


Francine Saillant é uma antropóloga e intelectual canadense e diretora do Centro Interuniversitário de Letras, Artes e Tradições (CELAT), sendo professora titular do Departamento de Antropologia da Universidade Laval desde 1996. Em meados da década de 1980, Saillant concentra-se nos estudos de antropologia da medicina e desenvolve trabalhos de etno-história sobre aspectos culturais afetados pelo câncer, Cancer et Culture, e questões sobre gravidez, Qui consulte les sages-femmes au Québec ? 

No início dos anos 2000, Francine Saillant volta suas atenções para questões de cidadania, direitos por invalidez e questões raciais no Brasil. Entrando nessa linha, a pesquisadora passa a trabalhar com estudos de reparação e reconhecimento de minorias sociais, nos quadros brasileiros de emergência das lutas sociais. 

Em seu capítulo "Reconhecimento e reparações: o exemplo do movimento negro no Brasil", publicado no livro "História oral e comunidade: reparações e culturas negras", organizado por Hebe Mattos, do Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI), Saillant elabora um panorama geral das teorias do reconhecimento e reparação, que tangenciam os estudos da filosofia, sociologia, ciências políticas e a antropologia. 

Com isso, ela ressalta os aspectos identitários e as relações sociais dos grupos raciais minorizados e elabora sobre as questões que atravessam o "lugar" das minorias sociais e suas diversas formas de inclusão social, dadas através de políticas públicas estatais e, principalmente, as ações comunitárias elaboradas em prol desses grupos. 

Ao trabalhar o exemplo do movimento negro brasileiro, a autora comenta sobre a história da escravidão e os resquícios desta história no presente momento da sociedade "pós-escravista". Também identifica as leis de incentivo à cultura e história da África e as politicas de reparação e  valorização da cultura negra como objeto central da formação identitária da cultura brasileira. Tudo isso levando em conta as propostas e todas as lutas do movimento negro, propondo a ideia de reparação de si, a reparação do dano histórico de negro dado nas instâncias de atividade cultural feitas de "nós para nós".

Clique aqui para mais informações sobre o livro que se encontra na página do Projeto Passados Presentes

Postagem: Matheus Bibiano - graduando de Estudos de Mídia/
Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/UFF - GRECOS/LAMI

segunda-feira, 24 de abril de 2017

"BICHA: Ressignificar para (re)existir": um TEDx Talk com Marlon Parente



Na edição TEDx Talk UFPE, Marlon Parente fala de seu direito de ressignificar. A palavra "bicha", para homens homossexuais, sempre foi algo doloroso e pejorativo de se ouvir. Esta, dentre outras palavras, deixa marcas muitas vezes irreversíveis na vida das pessoas. Palavras têm o poder do discurso. O poder de subjugar, degradar, humilhar e diminuir. Mas as palavras também têm o poder de enaltecer, valorizar, vangloriar e expor bons significados. A palavra é um elemento vivo de nossa comunicação que deve ser apropriado e ressignificado sempre que possível. 

Confira, abaixo, as belíssimas palavras de Marlon sobre o assunto:


Veja também o documentário "Bichas":




Postagem: Matheus Bibiano - graduando de Estudos de Mídia/
Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/UFF - GRECOS/LAMI

domingo, 23 de abril de 2017

Entrevista com Ken Loach no Programa Milênio




Em breve, o CINECLUBE DO GRECOS exibirá alguns filmes de Ken Loach, com debates sobre a sociedade contemporânea. Para iniciar a preparação para este evento, postamos aqui uma entrevista com o cineasta britânico de 80 anos que segue, em seus filmes, abordando temas politicamente engajados.



Postagem: Coordenação GRECOS/LAMI

quarta-feira, 12 de abril de 2017

"A dificil tarefa de definir quem é negro no Brasil": Uma entrevista com Kabengele Munanga


Kabengele Munanga é um antropólogo congolês, naturalizado brasileiro. Sua especialidade nos estudos da antropologia estão centrados nas questões afro-brasileiras. Mais precisamente, assuntos permeados pelo racismo enraizado na sociedade brasileira.

Munanga é graduado em Antropologia pela Universidade Oficial do Congo. Em 1969, ingressou no programa de mestrado na Universidade de Louvain, mas por conta de problemas políticos não conseguiu finalizar seus estudos na Bélgica. Entretanto, conseguiu terminar seus estudos em um programa de doutorado da USP.

Após se estabelecer no Brasil, em 1980, assume a cadeira de Antropologia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e volta à São Paulo e assume como professor de antropologia efetivo na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/USP). Foi vice-diretor do Museu de Arte Contemporânea e diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia e do Centro de Estudos Africanos da USP. Atualmente, desde de 2014, se encontra como professor sênior na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, no programa de Pós-graduação em Ciências Sociais.

Kabengele Munanga é um dos teóricos primordiais para a reflexão das teorias sociais que levam em consideração os racismos aplicados na sociedade brasileira. Em um de seus livros, "Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra", o antropólogo discute a problemática antagônica da mestiçagem no Brasil que atravessa a constituição da identidade nacional brasileira e a concepção da identidade negra dentro do território nacional.

Na entrevista abaixo, concedida em 2004, ao editor da revista Estudos Avançados, o professor Alfredo Bosi e o editor assistente, jornalista Dario Luis Borelli, Kabengele Munanga discute os atravessamentos da formação identitária negra no Brasil e as dificuldades de definir "certeiramente" quem é negro no Brasil.

"ESTUDOS AVANÇADOS: Quem é negro no Brasil? É um problema de identidade ou de denominação?

Kabengele Munanga: Parece simples definir quem é negro no Brasil. Mas, num país que desenvolveu o desejo de branqueamento, não é fácil apresentar uma definição de quem é negro ou não. Há pessoas negras que introjetaram o ideal de branqueamento e não se consideram como negras. Assim, a questão da identidade do negro é um processo doloroso. Os conceitos de negro e de branco têm um fundamento etno-semântico, político e ideológico, mas não um conteúdo biológico. Politicamente, os que atuam nos movimentos negros organizados qualificam como negra qualquer pessoa que tenha essa aparência. É uma qualificação política que se aproxima da definição norte-americana. Nos EUA não existe pardo, mulato ou mestiço e qualquer descendente de negro pode simplesmente se apresentar como negro. Portanto, por mais que tenha uma aparência de branco, a pessoa pode se declarar como negro.

No contexto atual, no Brasil a questão é problemática, porque, quando se colocam em foco políticas de ações afirmativas – cotas, por exemplo –, o conceito de negro torna-se complexo. Entra em jogo também o conceito de afro-descendente, forjado pelos próprios negros na busca da unidade com os mestiços.

Com os estudos da genética, por meio da biologia molecular, mostrando que muitos brasileiros aparentemente brancos trazem marcadores genéticos africanos, cada um pode se dizer um afro-descendente. Trata-se de uma decisão política.

Se um garoto, aparentemente branco, declara-se como negro e reivindicar seus direitos, num caso relacionado com as cotas, não há como contestar. O único jeito é submeter essa pessoa a um teste de DNA. Porém, isso não é aconselhável, porque, seguindo por tal caminho, todos os brasileiros deverão fazer testes. E o mesmo sucederia com afro-descendentes que têm marcadores genéticos europeus, porque muitos de nossos mestiços são euro-descendentes.

O problema das cotas

E. A.: Em face da concessão de cotas para negros, ou para outros segmentos da população que não tiveram a mesma condição de cursar escolas da classe média ou alta, qual a sua posição?

K. M.: Por ocasião dos trezentos anos da morte de Zumbidos Palmares, em 1995, começamos a discutir essa questão na USP, numa comissão criada pela reitoria.

Os movimentos negros, principalmente o Núcleo da Consciência Negra, pleitearam o estabelecimento de cotas em nossa universidade. Contudo, afirmei que não poderíamos discutir o sistema de cotas sem antes fazer uma pesquisa preliminar em países que já têm experiência de cotas, como os EUA, o Canadá, a Austrália ou a Índia.

Naquela ocasião, apresentei essa proposta, mas ela não foi levada adiante. No entanto, na base de um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), um órgão do governo federal, conclui-se que realmente há uma grande defasagem na escolaridade dos negros nas universidades brasileiras.

Infelizmente, porém, começamos a enfrentar a questão pelas cotas, a partir da decisão do governador Anthony Garotinho, do Rio de Janeiro, que provocou uma confusão muito grande, quando estabeleceu cotas nas universidades estaduais. No entanto, mesmo num país com tantas desigualdades, as políticas universalistas não resolvem o problema do negro. Para isso precisamos formular políticas específicas contra as desigualdades, mas o caminho não deve ser necessariamente por meio de cotas.

Essa discussão, todavia, é importante, porque antes nem se tocava no assunto. Escutei outro dia algo muito positivo quando alguém dizia que deveria haver cotas para pobres. Ora, antes ninguém apresentou esse ponto de vista. Oque mais me surpreende é que jamais o movimento negro se disse contrário a cotas para brancos pobres.

A questão ainda está mal discutida, sendo formulada num tom passional, tanto pelos negros como pelos intelectuais. A questão não é a existência ou não das cotas. O fundamental é aumentar o contingente negro no ensino superior de boa qualidade, descobrindo os caminhos para que isso aconteça.

Para mim, as cotas são uma medida transitória, para acelerar o processo. No entanto, julgo que não somente os negros, mas também os brancos pobres têm o direito às cotas. Se as cotas forem adotadas, devem ser cruzados critérios econômicos com critérios étnicos. Porque meus filhos não precisam de cotas, assim como outros negros da classe média.

E. A.: O sr. iniciou suas declarações dando uma opinião contra as cotas, mas agora aponta para o problema da urgência. As cotas aparecem como uma medida de urgência?

K. M.: Sim. Ao menos que o país diga que tem hoje uma outra proposta emergencial melhor, que não abra mão de uma política universalista com vistas ao aperfeiçoamento do nível do ensino básico. É bom lembrar que a escola pública já apresentou melhor qualidade, mas o negro e o pobre não entravam nela.

Melhorar a escola pública

E. A.: O sr. acha que a médio prazo a alternativa seria uma transformação mais profunda do ensino básico e secundário? Um número considerável de alunos negros faz o segundo grau em escolas públicas. Não falo deles como negros, mas sim como pobres. Será que as cotas não resolvem o problema porque o enfrentam no fim da linha, em vez de atacá-lo no começo?

K. M.: Sim. Porém, vivo aqui há 28 anos e desde que cheguei escuto esse discurso. Mas nunca vi luta política e social alguma para a melhoria da escola pública. Só há o discurso. Mas o que fazer com a vítima? Esperar que isso aconteça por milagre, ou pressionar a sociedade através de uma proposta: como pelo menos cuidar da escola pública? A dúvida que tenho é a seguinte: num país onde a privatização do ensino é cada vez maior e no qual o lobby das escolas particulares é tão forte, só posso antever uma melhoria a longo prazo. Lembro-me de que o primeiro processo contra as propostas de cotas no Rio de Janeiro veio do sindicato das escolas privadas.

Devido a essa tendência para a privatização das escolas públicas, não acredito numa rápida melhoria delas. A desigualdade social que existe há quatrocentos anos não pode ser resolvida por meio de políticas universalistas. É preciso, portanto, traçar políticas específicas para se encontrar uma solução.

A discriminação racial

A palavra “social” incomoda-me muito. Quando dizem que a questão do negro é uma questão social, o que quer dizer “social”? As relações de gênero são uma questão social; a discriminação contra o portador de deficiência é uma questão social; a discriminação contra o negro é uma questão social. Ora, o social tem nome e endereço. Não podemos diluir, retirar o nome, a religião e o sexo e aplicar uma solução química. O problema social tem de ser atacado especificamente.

A discriminação racial precisa ser urgentemente enfrentada. Nós, negros, também temos problemas de alienação de nossa personalidade. Muitas vezes trabalhamos o problema na ponta do iceberg que é visível. Mas a base desse iceberg deixa de ser trabalhada.

Estou aqui, como disse, há 28 anos. Vou a restaurantes utilizados pela classe média e a centros de alimentação nos shoppings. Encontro famílias brancas comendo (homem, mulher e filhos), mas dificilmente estão ali famílias negras. Há uma classe média negra, mas que se autodiscrimina e que é também discriminada. Desafio vocês a me dizerem que encontraram quatro famílias negras em cinco restaurantes de classe média em São Paulo. Vejamos o meu caso: em meu segundo casamento (que é interracial) percebia aquelas “olhadas” – mulher branca, filhos negros do primeiro casamento e filhos mestiços do segundo. Ninguém me expulsava desses lugares, mas eu via as “olhadas”...

(…)

Um antropólogo em dois mundos

E. A.: O sr. poderia descrever um pouco sua trajetória até chegar no Brasil?

K. M.:  Nasci no antigo Zaire, que hoje se chama República Democrática do Congo, numa aldeia no centro do país. Estudei num colégio interno de jesuítas e fiz graduação em Antropologia. Aliás, fui o primeiro antropólogo formado naquela universidade e o único aluno que teve aulas com professores franceses, belgas e americanos convidados, pois não havia ainda professores africanos na Universidade quando eu entrei. Lá, nós acabávamos a graduação com um tipo de dissertação que se chamava Mémoire. O sistema belga dava o direito de se entrar diretamente no doutorado. Em razão disso, comecei o doutorado em Louvain, na Bélgica, em 1969. Dois anos depois, voltei para pesquisas de campo. Mas houve complicações políticas. Cortaram a bolsa e não pude fazer mais nada.

Por coincidência, encontrei no Congo, em 1973, o professor Fernando Mourão, que ali estava realizando palestras sobre as contribuições africanas para a cultura brasileira. Conversamos e ele me disse que a USP possuía um projeto de cooperação com as universidades africanas e que nela eu poderia completar o doutorado. Cheguei aqui em 1975 e me inscrevi no doutorado, sob a orientação do professor João Batista Borges Pereira. Como eu estava bastante adiantado, em dois anos defendi minha tese. Trabalhei sobre o processo de mudanças socioeconômicas numa comunidade no sul do Congo. Voltei correndo à militância para colocar meus conhecimentos à disposição de meu país. Mas quando cheguei lá, tive de fugir para o Brasil.

Quando houve a independência do meu país, o antigo Zaire (em 30 de junho de 1960), eu estava com dezoito anos. A Faculdade foi criada pela Bélgica, seis anos antes da independência, em consequência de pressões internacionais. Fui alfabetizado na minha língua materna, mas no fim do primeiro grau começou o ensino em francês. O resto do curso foi em francês. Isso porque, com mais de duzentas línguas, não era possível escolher uma para ser a língua nacional. Todos os alfabetizados falam francês.

E. A.: Alguma dessas línguas africanas é hegemônica?

K. M.: O suahili que é uma língua falada em muitos países africanos, em parte do Zaire, Tanzânia, Burundi, Quênia e Uganda.

E. A.:  Suahili tem alguma coisa a ver com o árabe?

K. M.: Cerca de vinte por cento do vocabulário, porque desde a Antigüidade os árabes tiveram muita influência no continente, a partir do oceano Índico, além de terem sido responsáveis pelo tráfico oriental e transaariano (entre os anos de 600-1600). Mas a estrutura da língua é totalmente bantu (africana)".


*Para acessar a entrevista completa, clique aqui.


Postagem: Matheus Bibiano - graduando de Estudos de Mídia/
Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/UFF - GRECOS/LAMI

quarta-feira, 11 de março de 2015

Lançamento da Revista DR - Uma revista de política e cultura feita por mulheres.

Domingo passado, dia 8 de março, foi o lançamento da Revista DR. Não à toa, na data intitulada como "Dia Internacional da Mulher", a Revista chegou metendo o pé na porta para reafirmar o quão importante é a criação de canais de informação que possam promover o diálogo e a troca dentro da comunidade feminina. Anti-capitalista e feita por mulheres, a DR aborda temas de cunho político e cultural, tendo como objetivo desconstruir questões sociais enraizadas, atentando sempre ao poder do discurso e buscando o empoderamento feminino.


Além do conteúdo indispensável, a revista foi muito bem produzida e dá gosto de ler e ver. O projeto conta com os textos de Mariana Patrício, Thamyra Thâmara de Araujo, Fernanda Bruno, Tatiana Roque, Barbara Santos, Oiara Bonilla e Ana Kiffer (foto acima), além de convidadas a cada edição. E a número 1 conta com a participação da coordenadora do GRECOS, professora Dra. Ana Lucia Enne.

Saiba mais no site www.revistadr.com.br e não deixe de conferir a primeira edição da DR aqui.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Mídia e Representações da Favela - Trabalhos Finais: Experiência Etnográfica - Agência de redes para a juventude

Os trabalhos ainda rendem: divulgamos hoje a experiência etnográfica da aluna Viviane Laprovita para a disciplina "Mídia e Representações da Favela". Analisando os instrumentos e estratégias da Agência - Redes Para Juventude, ela buscou compreender de que forma o trabalho deles fortalece a relação dos sujeitos da favela com outros espaços. A aluna relatou, através de uma curta mas rica experiência de campo com três entrevistados, as hierarquias dentro da agência, o modo como os grupos se relacionam e parte do conteúdo proporcionado a cada encontro.

O texto é rico e vale muito a leitura!
 
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Experiência Etnográfica - Agência de redes para a juventude.


Ficha Técnica:

Proposta: Observar os mecanismos e estratégias utilizadas dentro da agência de redes para a juventude, os projetos internos e suas relações com o território, seu impacto na vida dos jovens e sua circularidade na cidade - trajetórias, percursos, vivências, malandragem.

Referências teóricas: Guia afetivo da periferia – Marcus Faustini.

Metodologia: Imersão em dois dias de encontro da agência: Aula inaugural e encontrão; Três Entrevistas individuais em profundidade. Acompanhar dois dias das atividades de jovens que participem da agência de redes para a juventude, escolher três jovens do mesmo território: um com um projeto já em vigor na agência e dois com projetos novos em fase de andamento. Observar suas estratégias de relação com a cidade e entrevistá-los.


Aula inaugural Agência de redes para a juventude, iniciação e aquisição do cordão na Arena Jovelina pérola negra - pavuna. (17/05/14)

Para ler o trabalho na íntegra, clique aqui!

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: análise do fato social da greve dos metroviários de São Paulo, segundo os principais conceitos de Karl Marx

Para mais um trabalho final da disciplina "Sociologia e Comunicação", a aluna Maria Linhares analisou a greve dos metroviários de São Paulo que aconteceu no início de junho. Com foco em informações divulgada pela Agência Brasil em nota oficial à imprensa, ela pôde tratar de assuntos do filósofo Karl Marx - como consciência de classe, luta de classes, entre outros - para complexificar a greve através de uma análise densa.

Vale a leitura!
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Análise do fato social da greve dos metroviários de São Paulo, segundo os principais conceitos de Karl Marx

“Os metroviários de São Paulo decidiram, em assembleia na noite de hoje (4), entrar em greve a partir de amanhã  (5),  por  tempo  indeterminado.  Segundo  o  Sindicato  dos Metroviários de São Paulo, a paralisação será  total,  com  exceção  da Linha 4­Amarela,  que  não  é representada  pelo sindicato, e funcionará  normalmente.  Uma  nova  assembleia  está  marcada  para  as  17h  de  amanhã  na sede  do sindicato,  no  Tatuapé.  O  Metrô  informou,  no  entanto, que o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou  que  o sistema  de  transporte  opere  100%  no  horário  de  pico.  Ou  seja,  que  garanta  o funcionamento total no horário de maior movimento das linhas, e o funcionamento de 70% nos demais horários, sob risco de multa diária de R$ 100 mil. O Metrô também informou que uma nova reunião de conciliação foi agendada para as 15h30 de amanhã, na sede do tribunal, no centro da capital. O TRT confirmou  essas  informações  à  Agência  Brasil,  acrescentando  que  pediu  o  funcionamento  total  do metrô  entre  as  6h  e  as  9h  e  das  16h  às  19h.  Hoje  ocorreu  uma  reunião  de  conciliação  entre representantes do Metrô e do sindicato,  que terminou sem acordo. A empresa elevou a proposta de reajuste  para  8,7%,  que  foi  rejeitada  pelo  sindicato.  Os  dirigentes sindicalistas  disseram  que  não aceitam proposta inferior a 10% de reajuste. Os metroviários reivindicam reajuste de 35,47% [7,95% de  Inflação  mais  25,5%  de  aumento  real], redução  de  jornada  e  adicional  de  periculosidade,  entre outros. O Sindicato dos Metroviários de São Paulo representa os funcionários do Metrô nas linhas 1, 2, 3 e 5 da capital paulista, e aprovou a greve em assembleia na terça­feira (27). A categoria pretendia trocar  a  greve por  catraca livre, mas o governo estadual rejeitou a ideia. Por meio de nota, o Metrô informou que repudia a greve que “só prejudica os usuários e a população de São Paulo”. Segundo a companhia,  4,5 milhões de pessoas usam o sistema, com grande impacto na mobilidade da capital paulista.  Tanto que, por causa da greve, a Companhia de Engenharia e Tráfego (CET) decidiususpender o rodízio, amanhã (5).” (Texto: Elaine Patricia Cruz, Agência Brasil).

A matéria escolhida sintetiza bem o cerne da greve dos metroviários da cidade de São Paulo e a reação do  governo  à  manifestação  legítima  dos  trabalhadores  frente  à  insatisfação  com  as  condições  de trabalho  oferecidas  à  eles,  típica  manchete de jornal  de  um país inserido  no sistema  capitalista. No decorrer  da  pesquisa  sobre  este  fato social,  foram surgindo  diversos outros fatos relacionados que muito  me  chamaram  a  atenção  e  que  acho  válidos  para serem  citados  aqui, como  a  confusão  que ocorreu  na  estação  Itaquera,  uma  das  mais  movimentadas  da  capital paulista.  Por volta das 7h da manhã,  usuários  do  metrô,  alegando  não  terem sido  informados sobre o fechamento  do  embarque, derrubaram e quebraram  grades para entrar nas  plataformas. Por medidas  de segurança,  às 7h40 a estação foi  aberta  após  a  Polícia Militar ser  chamada. Ninguém foi  preso, mas  em  uma das notícias sobre o ocorrido, um usuário entrevistado, administrador, 35 anos, deu a seguinte declaração: "Eu me sinto lesado todos os dias. A gente acompanha o noticiário e nada foi falado sobre o fato de os trens não pararem aqui. A gente achou que teria uma alternativa. Eu só quero trabalhar."

Para continuar lendo, clique aqui!

sábado, 26 de julho de 2014

Mídia e Representações da Favela - Trabalhos Finais: "Spotted: Icaraí - dos flertes cotidianos ao reforço da ideia de terror"

Dando continuidade à postagem de trabalhos, apresentamos o da aluna Camila Ferreira, que produziu uma rica análise sobre a página Spotted: Icaraí. Fazendo bom uso da bibliografia do curso, ela dissecou a página - da sua capa às postagens do feed - explanando o conteúdo e discursos preconceituosos que se apresentam. Como algumas citações do trabalho requerem ilustração, criamos uma página com as fotos referenciada para a compreensão plena dos exemplos e argumentos - que você pode acessar clicando aqui.

O texto é rico e vale muito a leitura!
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SPOTTED: ICARAÍ 
DOS FLERTES COTIDIANOS AO REFORÇO DA IDEIA DE TERROR

A página “Spotted: Icaraí” (www.facebook.com/SpottedIcarai/timeline) foi criada em 2013, ano em que as “Spotted” tornaram-se uma moda no Facebook. Essas páginas têm por intuito ser espaços de trocas de mensagens anônimas de paquera. No caso analisado, entre moradores e frequentadores do bairro niteroiense. Na seção “Sobre”¹, há o seguinte texto:


Na foto de capa² há outro texto, exemplificando possíveis situações diárias nas quais os flertes acontecem:


Deste modo, as postagens costumam seguir a linha de conteúdo observada no exemplo abaixo:

A ressignificação

A parir da breve descrição e dos exemplos citados, é possível ter uma ideia do funcionamento da página. Porém, há alguns meses, a “Spotted: Icaraí” parece ter deixado seu propósito inicial. Mensagens a respeito de assaltos, furtos, barulho de tiros, viaturas de polícia, “elementos” e “aglomerações” suspeitas tornaram-se rotina nas timelines dos seguidores. O vasto alcance do canal (com 25 mil curtidas até o dia 16 de junho de 2014) e a grande participação do público fizeram dela uma espécie de "noticiário policial” do bairro, motivando o envio de mensagens com tal conteúdo. Assim, a partir da primeira postagem sobre a temática, vieram as inúmeras outras.
Levando em consideração o fato de Icaraí ser um dos bairros nobres de Niterói, onde se encontra a maior parte das classes média e alta do município, não é difícil entender o porquê do interesse no compartilhamento desses assuntos. O local, sonho de moradia e consumo da maior parte da população da cidade e regiões vizinhas, encontra-se entre morros (Cavalão, Estado, Vital Brazil, Palácio, entre outros), o que significa favelas, gente pobre (negros, em sua maioria), riscos. O favelado representa o mal, o sujo, o sem-alma, tendo de permanecer e aceitar os lugares mais baixos da hierarquia social por conta destes fatores. Tal ideia, oriunda do ponto de vista das elites estrangeiras e brasileiras de outros séculos, ganhou novos formatos ao longo do tempo e se consolida a cada dia. Esta representação do pobre como o "inimigo" (DUARTE: 2003), muito presente na visão dos moradores de Icaraí, se estendeu naturalmente à "Spotted". Ela, como um canal de comunicação, possui uma enorme responsabilidade na construção e manutenção de estereótipos estigmatizantes sobre favela e violência urbana (CHAVES: 2007, p. 72).
O objetivo aqui não é dizer que não acontecem ações ilegais, mas observar como a "Spotted" ajuda a disseminar ainda mais um sentimento de terror e preconceito entre as pessoas. Depois dela, a sensação tida em toda Niterói³ (o bairro é a representação da cidade por inteira) é de um aumento extraordinário dos roubos e sequestros, a ponto de não se poder sair de casa. Essa impressão é causada não pelo real crescimento desses indícios, mas pelo aumento de sua divulgação. É como se antes da exposição desses casos na página eles ainda não ocorressem e quando não há textos a respeito, não estariam acontecendo.
Desta forma, a "Spotted: Icaraí" se mostra como uma página de luta de classes, onde as histórias são contadas pelo ponto de vista dos ricos, os sempre mocinhos sofredores, inquestionavelmente. É a velha ideia do morro (pois todos os favelados são bandidos, vagabundos, malvados) invadir o asfalto e tomar um lugar que não lhe pertence.

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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "Pró-Escolha"

Escolhendo um tema denso que ainda é mundialmente debatido em diversas áreas, a aluna Maria Vitória Faza analisou o complexo aborto sob os paradigmas religiosos para seu trabalho final da disciplina "Sociologia e Comunicação". Dialogando com os conceitos de Émile Durkheim e Max Weber, ela dissertou sobre os valores sociais instaurados no catolicismo e evangelho, apontando estatísticas e casos de gravidez não desejada frente às consequências que os dogmas religiosos acarretaram.

Vale muito a leitura!
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 Pró-Escolha

O seguinte texto não pretende abarcar todos os aspectos teóricos/sociais de um tema tão complexo, no entanto, da forma mais concisa possível, pretende abrir margem à reflexão acerca da postura do cristianismo, especialmente das doutrinas católica e evangélica, frente ao aborto, usando de conceitos de Durkheim e Weber, interpretando-os de acordo com a proposta pretendida.

No último dia 22 de maio, o Ministério da Saúde publicou em nota a Portaria de nº415, um complemente à lei 12.845, estipulando que seriam repassados aos hospitais públicos R$443,40 por gravidez interrompida, nos âmbitos legais, custeando os gastos do procedimento nos hospitais do SUS. Além disso, a portaria garantia não só o atendimento humanizado à gestante que precisasse de um aborto, como determinava de uma vez por todas quais os casos em que esse procedimento seria legal, evitando, assim, qualquer argumentação que pudesse ser usada para negar esse tipo de atendimento. Em linhas gerais, a portaria regulamentava a verba que o Ministério repassaria aos hospitais do SUS, de forma a ampliar o acesso ao aborto às vítimas de violência sexual grávidas, gestantes de feto anencéfalo e gestantes em gravidez de risco de vida.

No entanto, no dia 29 de maio (ironicamente, um dia depois de 28 de maio, Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna), a Portaria nº415 foi revogada através da Portaria nº437. O ministro da saúde, Arthur Chioro, declarou que “havia falhas, logo resolveu revogá-la para melhor estudá-la”. Medida que corrobora com a pressão realizada pela bancada evangélica em torno da portaria porque, teoricamente, o texto abriria margem para a realização do aborto em outros casos. Na ocasião, o PSC declarou que recorreria à justiça para revogar a portaria, medida que acabou não sendo necessária.
Apesar de arbitrária, a postura da bancada evangélica não foi aleatória, mas condizentes com os preceitos não só de fé, mas de uma convenção social que condena o aborto. Os dados não são precisos mas, em média, 70% dos brasileiros são contra a descriminalização do aborto. Segundo o site do Estadão, uma faculdade, não especificada qual, de ciências sociais fez o levantamento entre abril e maio de 2010, com 1,2 mil entrevistados. Sendo uma pesquisa quantitativa, nos moldes “Durkheimianos”, é bastante útil para ilustrar, numericamente, o quão o pensamento conservador é partilhado por um contingente considerável de pessoas.



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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "Grafite e Marx: Como as ideologias e as condições sociais refletem nos muros da cidade"

Em mais um trabalho final para a disciplina "Sociologia e Comunicação", a aluna Thayanne Torres Branco analisou a arte dos muros da cidade como representação de uma voz social traduzida pelo grafite. A aluna dispôs dos conceitos de Karl Marx - fetiche da mercadoria, superestrutura e ideologia - para tratar de um assunto atual, a Copa do Mundo, apoiando-se também na proposta de indústria cultural para Adorno e Horkheimer. Há ainda análises específicas de grafites utilizando-se de argumentos dos autores citados, tornando sua leitura indispensável.

Confira o trabalho logo abaixo!

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Grafite e Marx: Como as ideologias e
as condições sociais refletem nos muros da cidade
O objeto em análise é o grafite como um fenômeno social, e de que forma é usado pelos indivíduos para expressar os problemas da sociedade e as formas de alienação através dos muros da cidade. Usando a arte para manifestar-se contra as instituições, criticando a opressão e buscando alertar os outros indivíduos da alienação.
“O artista vive em sociedade e – queira ou não – existe uma influência Recíproca entre ele e a sociedade. O artista - queira ou não - se apoia numa determinada concepção do mundo, que ele exprime igualmente em seu estilo.”
Lucás, Georg
Em véspera de Copa do Mundo, muitos grafites foram feitos para alertar e demonstrar a insatisfação dessas classes, principalmente as mais baixas (dominados), as quais sofrem com hospitais com um atendimento de péssima qualidade e escolas públicas com estruturas precárias, e com um ensino muito ruim, na maioria das vezes - enquanto as classes dominantes têm condições para estar em instituições privadas que oferecem melhores qualidades de serviço. Os muros escancaram a realidade da relação de dominância entre essas classes sociais. O Estado tem o dever de fornecer educação e saúde para a população, mas não a oferece com qualidade em grande parte das escolas públicas (base do ensino). Então os dominantes criam essas mesmas condições, só que privadas, com a qualidade que devia ter nas públicas. Nessas, criam-se barreiras para que o indivíduo, que não tem condições financeiras para pagar os custos, não possa usar esse mesmo serviço.
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sexta-feira, 6 de junho de 2014

#NãoVaiTerCopa: o embargo da voz brasileira e um dossiê de verdades inconvenientes


Muitos brasileiros já tiraram a poeira da camisa da Seleção Brasileira que estava guardada no fundo do armário para torcer pelo time nos amistosos que precedem a Copa do Mundo 2014. E a essas pessoas, asseguro: não se preocupem, vai ter copa, sim. O mega evento poderá ser assistido por milhões de brasileiros de suas casas e, para uma minoria exorbitante, dos próprios estádios. De que se faz, então, o grito de "Não vai ter Copa"?

Com exceção da reapropriação tomada por internautas brasileiros (sempre muitos antenados e favoráveis a um novo meme), a expressão cantada em alguns protestos emergentes se posiciona como grito simbólico em oposição ao contexto violento que ele abarca. O pagode da FIFA (clique aqui para saber mais) parece uma piada de mau gosto frente às truculências que uma parcela considerável da população brasileira sofreu para a realização do evento.

A fundação alemã Heinrich Böll reuniu em seu site um dossiê com reportagens, artigos, mapas, fotos e vídeos que evidenciam esse desrespeito com a população - através de políticas covardes em afrontamento às reações negativas - em prol do "legado da Copa". Disponibilizado, além de em português, também em alemão e em breve em inglês, "Copa para quem e para quê?" retrata em artigos e estimativas como o evento ultrapassou os custos previstos, acarretou no despejo de mais de 200 mil pessoas, intensificou a militarização da repressão contra os movimentos sociais, entre dezenas de outras consequências que afeta negativamente a população brasileira. 

Clique no link a seguir para acessar o dossiê: http://br.boell.org/pt-br/dossie-copa-para-quem-e-para-que