Eduardo Galeano e o "Caí do mundo e não sei
como voltar"
Lendo
o texto "Caí do mundo e não sei como voltar" do escritor Eduardo
Galeano, percebe-se o sentimento de não encaixe que o autor alimenta , vivendo
na era do "descartável", das obsolecências programadas e das trocas
materiais constantes.
É um
tanto senso comum dizer que pessoas mais velhas tem mania de guardar
tudo,qualquer objeto,qualquer caixinha,potes e etc.Mas atravessando o olhar de
Galeano, é claro a dificuldade de transposição de mentalidade,para alguém que
veio de uma época antes que o tempo útil dos objetos não era tão ultra fulgaz.
Quem via "gillettes" transformarem-se em apontadores escolares,
dificilmente vai compreender com pouca ansiedade,que deve-se trocar um aparelho
celular de 6 em 6 meses,porque o modelo posterior tem diferentes duas ou três
funções a mais que o antecessor.
Amenizando posturas críticas através de colocações com ares de uma nostalgia um
tanto "reclamona", impossível não notar o questionamento em relação á
consagração a um consumo,em detrimento de soluções inventivas no
reaproveitamento dos objetos : "Tuuudo
guardávamos! Enquanto o mundo espremia o cérebro para inventar isqueiros
descartáveis ao término de seu tempo, inventávamos a recarga para isqueiros
descartáveis."
A forma com que esse "espírito descartável" vai normatizando as
relações mundanas e culturais é motivo de questionamento.Quando se incentiva o
"jogar fora", como lidar com a manutenção da noção de memórias
coletivas?Como não agir nas relações humanas,como se tudo fosse acabar na
próxima "temporada" , para deixar o passado efêmero no fundo não mais
de gavetas,mas sim de lixos?
Mas como o próprio
uruguaio fala , esta é só uma "...uma
crônica que fala de fraldas e de celulares...",mas que vale sim,muito a
pena ser lida e refletida pelo toque sempre sensível e poético que o autor
apresenta:
Segue um link para leitura da crônica:
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