segunda-feira, 20 de abril de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "Análise da obra audiovisual '1984', de Michael Radford, a partir das teorias de Karl Marx"

O filme 1984, baseado no livro homônimo escrito por George Orwell, retrata o que seria uma sociedade inglesa num futuro não tão distante, controlada por um regime totalitário. Tendo ampla parte da população formada pela classe proletária, tal sociedade é governada por um partido onde o poder se concentra na figura do grande irmão, figura onipresente e inquestionável que vigia os indivíduos a todo instante através da teletela.

Para analisar o filme, Marinna Leal, aluna de Sociologia e Comunicação, utilizou como base algumas teorias de Marx, principalmente os conceitos de ideologia e alienação. O filme retrata a história de uma sociedade profundamente desigual, onde a classe dominante, representada pelo partido do grande irmão, tem controle total dos meios de produção e das superestruturas. Por outro lado, a maior parte da população, formada pelos trabalhadores, representa a classe oprimida, que tem sua força de trabalho explorada, além de ter acesso restrito à qualquer atividade que não beneficie diretamente o partido. Dessa forma, o proletariado é mantido em permanente alienação, incapaz de questionar e reverter o sistema no qual estão inseridos. Além disso, todas as mensagens que circulam em larga escala são produzidas pela classe dominante e, através de uma repetição constante, se tornam a única verdade ao serem impostas às classes oprimidas, que está envolta por uma falsa consciência ideológica.



"O filme 1984, de Michael Radford, é uma obra baseada no livro de George Orwell,  publicado em 1949, com o título original Nineteen Eighty-Four. O filme, ambientado no que seria uma Inglaterra futura, relata o funcionamento de uma sociedade, Oceania, controlada por um governo totalitário, o Partido Ingsoc, que busca a dominação e alienação da população através do controle de seus pensamentos e ações, da alteração e manipulação da história, das informações, das palavras e significados, de acordo com os interesses do Partido. Para tal, os dirigentes do Partido utilizam telas de TV espalhadas pelas cidades que, além de emitir constantes mensagens e informações manipuladas pelo governo sobre questões econômicas, sociais e a respeito de guerras e batalhas, captavam imagens com o intuito de vigiar a conduta dos indivíduos, através ainda da personificação do chamado Grande Irmão (Big Brother). As três superpotências apresentadas no filme, Oceania, Eurásia e Lestásia, estavam constantemente em guerra. 

Winston Smith (John Hurt) é um funcionário do Partido Exterior, uma fração do Ingsoc, que trabalha no Ministério da Verdade reescrevendo as informações e notícias de modo que essas transmitam uma imagem positiva para a população. Smith inicia um relacionamento com Julia (Suzanna Hamilton) e os dois passam então a desafiar as regras e o controle do Partido, que deseja eliminar a libido na população, bem como os bons sentimentos que não sejam direcionados ao Grande Irmão. 

Algumas das teorias e conceitos de Marx podem ser identificadas em diversos momentos da trajetória da obra 1984, sendo a o conceito de ideologia e alienação os mais presentes."



Confira o trabalho completo aqui.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Mídia e Memória - Trabalhos Finais: Relações entre narrativa e memória em "Ao Coração da Tempestade", de Will Eisner.

Graphic Novel ou, em sua tradução para o português, romance gráfico, é uma história produzida em formato de quadrinhos. O termo é usado especialmente em situações nas quais a HQ é longa e feita em sequência. O termo Graphic Novel ficou popular a partir de Will Eisner,  seu criador. Eisner publicou Um Contrato com Deus e, com o intuito de descrever o formato de sua obra, o autor criou o conceito de romance gráfico, que popularizou-se e é comumente usado pelos admiradores das HQs e pela mídia.

O trabalho que segue, feito por Juan Guimarães, aluno de Mídia e Memória, analisará a questão da memória presente na narrativa do quadrinho de Eisner, Ao Coração da Tempestade, a partir dos relatos sobre a infância do autor, de maneira a exemplificar como a lembrança do passado é negociada e construída, se tornando, assim, uma imagem da realidade do indivíduo.


"O presente trabalho tem como intuito fazer uma análise do uso da memória nos meios midiáticos. Como objeto de estudo, utilizarei uma Graphic Novel, termo mais sofisticado para novela gráfica, ou romance gráfico, que nada mais é do que um tipo de narrativa ao qual já estamos mais do que acostumados, uma história em quadrinhos. O titulo utilizado é Ao Coração da Tempestade, de Will Eisner, um dos quadrinistas mais aclamados da atualidade pelo conjunto de sua obra.

O quadrinho de Eisner tem como pano de fundo o resgate da memória frente a acontecimentos marcantes de sua vida. A história se desenrola em torno do período entre guerras, com momentos que remontam tanto a Primeira quanto a Segunda Guerra Mundial. Neste trabalho tratarei de contextualizar o leitor com o enredo do quadrinho, para assim mostrar as implicações do uso da memória em meios midiáticos, tanto como recurso narrativo (textual e visual) como recurso ideológico e semântico.

Neste trabalho utilizarei imagens tanto da versão americana como da versão brasileira pela facilidade de acesso ao conteúdo digital. É importante ressaltar que a construção da memória está sempre em processo de conflito, é um campo de disputa até mesmo dentro do âmbito industrial e mercadológico. Por esse motivo é importante ver as inconstâncias encontradas nas duas versões dos quadrinhos, que pela sua tradução também sofre uma transposição de significados, que muitas vezes buscam reforçar discursos e corroborar com narrativas especificas. Este trabalho não tem o fôlego para aprofundar este estudo, e sim o objetivo de apontar as relações entre mídia e memória, porém não está despreocupado neste sentido e dá consideração a estas inconstâncias."

Confira o trabalho na íntegra aqui

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Mídia e Memória - Trabalhos Finais: “Entre Chás e Madeleines”.

Attila Marcel, filme francês dirigido por Sylvain Chomet, é denso e repleto de significados. O filme conta a história de Paul, um homem adulto que sofre e carrega consigo as lembranças de seu passado. A memória da infância do protagonista está bastante presente, ainda que algumas vezes de maneira subliminar.

O intuito deste trabalho, feito pela aluna de Mídia e Memória, Gisele Delatorre, é analisar o filme e sua constante relação com a memória. A partir de autores que estudam o assunto, o trabalho relaciona as vivências de Paul, o protagonista do filme, com conceitos estudados por esses autores, como, por exemplo: fenômeno regressivo de Freud, lembrança de Halbwachs e memória de Marcel Proust. 



Filmado em 2013, o filme francês dirigido por Sylvain Chomet (“As Bicicletas de Belleville”, “Paris, Te Amo”) é uma película repleta de não coincidências aos diversos fatores que envolvem a memória e suas implicações no mundo em que se vive, ou ainda: o presente em constante diálogo com o passado, sendo aquele periodicamente reconfigurado e atualizado por este conforme a narrativa se constrói.

Paul (Guillaume Gouix), protagonista da obra, é um homem extremamente infantilizado que, mesmo aos trinta anos, continua morando com suas tias, (interpretadas por Bernadette Lafont e Hélène Vincent), que o criaram devido à morte até então desconhecida de seus pais quando tinha apenas dois anos. Por conta de tal trauma, Paul se comunica apenas pelas suas expressões, por avisos deixados numa lousa em sua casa ou – mais expressivamente - pelo piano, instrumento que toca habilmente nas aulas de dança dadas por suas tias. 

Logo na cena inicial é mostrado que memórias muito distantes da infância do protagonista – não esquecidas, porém, além de traumáticas, muito remotas e por tais motivos mais difíceis de serem ativadas conscientemente – estão aparecendo (não coincidentemente) em sonhos, que Freud em “A Interpretação dos Sonhos” (1899/1900) aponta como um fenômeno regressivo no qual os estados primitivos da infância nos são devolvidos, onde sempre há um significado da realização de desejos reprimidos. Halbwachs afirma que existe tal dificuldade para ativar lembranças da infância, pois ainda não nos era caracterizado a noção de sermos entes sociais.

Confira o trabalho completo aqui.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "Análise do filme Tarja Branca - A Revolução que Faltava"

Tarja Branca – A Revolução que Faltava é um documentário dirigido por Cacau Rhoden que reflete e põe em discussão a importância de rememorar a infância. A modernidade tem influência direta na maneira como nos relacionamos com o mundo, dessa forma, redimensiona e influencia o significado do que é ser criança.

O objetivo deste trabalho, feito pela aluna de Sociologia e Comunicação, Mariana Kreischer, é analisar o documentário a partir dos conceitos de Georg Simmel, interagindo a fala do autor com a narrativa do filme. Tarja Branca aponta a hipótese da brincadeira e da criança, enquanto ser lúdico, estar passando por uma crise, atribuindo isso à massificação, à publicidade e aos problemas inerentes a modernidade. 


"O documentário nos mostra que brincar é uma forma de expressão do ser humano e se dá nas diferentes etapas da nossa vida, de diferentes modos, estando sempre presente. Desde crianças nossas mentes são inundadas com brincadeiras, jogos lúdicos de imaginação, despertando em nós o desejo de criar brincadeiras novas ou reproduzir antigas. Em uma das entrevistas do documentário, um estrangeiro que vive no Brasil diz que existem aspectos que são essenciais para a brincadeira acontecer: a liberdade de tempo, espaço e criação. Como a brincadeira é uma linguagem muito da espontaneidade, da liberdade, muitas vezes da criação de um mundo paralelo ao que vivemos cotidianamente, a brincadeira acaba tomando uma postura quase mágica, encantada quando acontece. E ela exige de quem participa certa seriedade do fazer, mas não a seriedade atribuída na modernidade, que muitas vezes ganhou o significado de sermos sisudos e austeros, mas sim de estarmos completamente entregues à atividade que realizamos, seja no trabalho ou em outros aspectos de nossa vida. A brincadeira é posta como sinônimo de imperfeição, colocada como desnecessária. Porém, a criança enquanto brinca está totalmente focada e comprometida com seu objetivo, seja ele de realizar uma brincadeira que envolva atividade física ou concentração no raciocínio, por exemplo. Ou seja, a seriedade de que falamos aqui é justamente a que a criança adota na brincadeira."

Confira o trabalho completo aqui.

domingo, 12 de abril de 2015

Mídia e Memória - Trabalhos Finais: "Formas de lidar com a morte usando estratégias da memória: 'As pessoas permanecem vivas enquanto falarmos delas'"

A doença de alzheimer é um transtorno neurodegenerativo incurável que, inicialmente, causa a perda da memória recente e se agrava progressivamente, acarretando a perda das funções corporais básicas até, eventualmente, levar a morte. Perder um ente querido é uma experiência dolorosa, quando ocorre em função de uma doença que o torna incapaz de realizar funções básicas e recordar laços afetivos cotidianos, pode se tornar uma lição de vida, como aconteceu no caso do escritor Fernando Aguzzoli e sua avó Nilva.  O jovem criou uma fanpage no facebook para relatar conversas e fatos sobre ele e a avó, além de compartilhar informações sobre a doença e dialogar com pessoas que passaram pela mesma situação. A fanpage resultou ainda em um livro intitulado "Quem, eu?", frase que a avó Nilva repetia constantemente.

Os alunos Caroline Ribas, Igor Barreto e Thayanne Torres, da turma de Mídia e Memória, analisaram o caso do Fernando, como um exemplo de materialização da memória, de modo que, mesmo após a morte da sua avó, o jovem continuou escrevendo na página e criou o livro. Além disso, quando compartilha suas lembranças com outros indivíduos, Fernando as transforma em memória coletiva, pois ao entrar em contato com os relatos do escritor, algumas pessoas podem criar empatia, se identificando com tais fatos. A partir daí, a memória passa a pertencer a essas pessoas também. 

Como base para o trabalho, o grupo usou textos dos autores Michael Pollak e Gilberto Velho, além do conteúdo e filmes trabalhados em sala pela professora Ana Enne.


"O objeto analisado é um caso de Fernando Aguzzoli, jovem que largou o emprego e a faculdade para cuidar da avó com Alzheimer — doença incurável que provoca o declínio das funções intelectuais, principalmente a memória —. Ele criou uma fanpage no Facebook, contando diversas memórias dele com a avó de forma não linear, notícias de possíveis curas, e também dicas de como lidar com uma pessoa com a doença. O rapaz e a Vovó Nilva ficaram conhecidos pelo Brasil rapidamente. 

Meses depois da criação da página a Vovó Nilva faleceu, porém Fernando continuou a postar na página e também resolveu transformar o conteúdo das lembranças em um livro chamado 'Quem, Eu?' frase dita pela avó tantas vezes. 

Essas formas de criação de recursos para se lembrar de alguém e ainda continuar falando dela para os outros, de modo que a pessoa querida se mantenha eterna nas lembranças, é um exemplo da crise dos “Meios para lembrar”, onde as pessoas têm a necessidade de criar um lugar para que se possa rememorar algo ou alguém, ou seja, há uma materialização da memória para fixar sentidos. Nesse caso, a fanpage e o livro. 

Essa crise ocorre porque hoje a maioria dos indivíduos acredita que para memória viva, não morrer é preciso criar arquivos, manter aniversários e organizar celebrações. Quando na verdade ela permanece no corpo, nos silêncios, nos gestos e nas práticas cotidianas como diz o historiador francês Pierre Nora na sua obra 'Les Lieux de Mémóire'."

Confira o trabalho completo aqui.

E não deixe de visitar a fanpage Vovó Nilva.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais

Victoria Cosato, aluna de Sociologia e Comunicação, analisa a letra e o clipe da música Fancy, de Iggy Azalea, e nos faz prestar atenção não só na canção mas também na postura da cantora e em todos os elementos que giram em torno dessa temática. 

A música passa a mensagem de que a boa vida é cercada de luxo, roupas de grife, festas, comidas e bebidas caras. Isso tudo viria acompanhado de poder e status social, refletindo a realidade da classe dominante. Por outro lado, para que todos esses bens sejam produzidos, é necessário que haja quem trabalhe, e isso ocorre de maneira nada luxuosa. Nesse sentido, Victoria identifica no clipe a questão do fetiche de mercadoria (Marx), responsável por ocultar a exploração da mão de obra em prol da posse do produto.

Assumindo que a indústria cultural é uma das forças que move o sistema capitalista, como desenvolveu Adorno e Horkheimer, a aluna questiona se a intenção da cantora é fazer uma crítica a esse meio, através do deboche, ou é enaltecer ainda mais essa indústria.


"Fancy [adjetivo]: luxuoso, extravagante, complicado, exagerado. 

Assim como o significado da palavra, o clipe analisado é luxuoso, extravagante e exagerado. Complicada é apenas a postura de seus realizadores ao aderirem, em mesmo nível, ao merchandising e ao fetiche da mercadoria no vídeo em questão.

Para esta análise foram utilizados conceitos de Marx, além de Adorno, Horkheimer e Simmel. 

O videoclipe Fancy de Iggy Azalea é um dos maiores sucessos em visualizações do Youtube de 2014. Com cerca de 380 milhões de views, o vídeo deu ainda mais projeção à música e as paródias vão de “I’m so pregnant” (estou tão grávida) a “I’m so farmer” (eu sou tão fazendeiro). 

Antes de falarmos a respeito do clipe propriamente dito, é necessário situar que a cultura pop e seus representantes, como Iggy Azalea, são uma poderosíssima engrenagem da Indústria Cultural que, por sua vez, é uma força motriz do sistema capitalista em que vivemos. Na Indústria Cultural, segundo Adorno e Horkheimer (1985), a cultura é uma mercadoria, um campo de exploração econômica voltado para o lucro e existe para garantir adesão ao sistema capitalista. A música pop movimenta bilhões anualmente: em views e em dólares. O clipe de Azalea tem merchandising desde a primeira cena... "

Confira o trabalho na íntegra aqui.