quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Comunicação e Cultura Popular - Trabalhos Finais: "A dança em locais públicos: o ato carnavalizado por meio da Paradinha, da Anitta"



Arthur Conrado, aluno da disciplina Comunicação e Cultura Popular de 2017.1, produziu uma pequena revisão teórica sobre o lugar da dança enquanto uma das Sete Artes. Segundo ele, a dança entendida enquanto arte só pode acontecer dentro de um espaço delimitado, o espaço reservado a preservação do acesso à arte: o teatro. Com isso, Arthur elabora considerações sobre a perspectiva negativa de um entendimento erudito da cultura que recai sobre o funk. Para isso, o aluno utiliza o trabalho de Mikhail Bakhtin sobre a carnavalização e Michel Foucault para discutir as estratégias de desmonte do discurso.

"No consciente coletivo, o ato de dançar acaba sendo relegado a locais e contextos a ele destinados, assim como determinadas formas de dança (relacionadas aos movimentos ou passos de dança, que, por sua vez, são pertinentes ao ritmo musical) são malvistas estigmatizadas. O que nos leva à fala de Michel Foucault em sua aula inaugural no Collège de France, transcrita e publicada como A ordem do discurso, sobre o controle da produção do discurso: em toda sociedade, há um certo número de procedimentos que não só controlam, como organizam e selecionam os discursos produzidos, sendo o procedimento externo mais evidente a interdição (ou seja, a proibição). Esta, por sua vez, manifesta-se de três formas: tabu do objeto, ritual da circunstância e direito privilegiado ou exclusivo do sujeito que fala (FOUCAULT, 1996, p. 9). Isso quer dizer que “não se tem o direito de dizer tudo [tabu do objeto], que não se pode falar de tudo em qualquer circunstância [ritual da circunstância], que qualquer um, enfim, não pode falar de qualquer coisa [direito privilegiado ou exclusivo do sujeito que fala]” (FOUCAULT, 1996, p. 9).

No tangente à questão da dança, pautados na fala de Foucault, podemos estruturar as suas interdições da seguinte maneira: primeiro, a dança é uma expressão corporal, logo, sua manifestação é respeitada e até mesmo admirada, desde que não se dê por meio de movimentos tidos como vulgares (ou seja, dançar funk seria uma espécie de afronta a essa interdição do tabu do objeto); segundo, o ato de dançar é respeitado, desde que restrito a locais e contextos que o justifiquem (o que quer dizer que, por exemplo, dançar em um supermercado, em um banco, em um ponto de ônibus, corresponde a uma atitude que extrapola os limites da interdição do ritual da circunstância); terceiro, é até possível praticar a dança através de movimentos tipicamente malvistos e num local/contexto alheio aos reservados para tal prática, desde que o ator (neste caso, sujeito atuante) tenha um propósito embasado para isso e, acima de tudo, reconhecimento público por aquilo que faz (por exemplo, um performer conhecido desenvolver uma performance dançando funk dentro de um museu, assim como uma cantora de funk promover um show no meio de uma praça ou mesmo gravar um clipe em via pública, são compreendidos e aceitos, mas, por outro lado, se um indivíduo como outro qualquer decidir dançar funk em um museu, por exemplo, além de ser tachado negativamente, ainda corre o risco de ser retirado do local, tendo em vista que não possui respaldo para tal, ou seja, o sujeito do discurso preciso de direito privilegiado ou exclusivo para que seu discurso seja válido)".

Assista a paródia abaixo:


Assista o videoclipe original:


Para ler o trabalho completo, clique aqui.

Postagem: Matheus Bibiano - graduando de Estudos de Mídia/
Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/UFF - GRECOS/LAMI

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