Bruno Thebaldi
Quando uma tecnologia é desenvolvida/criada, ela já deve vir normatizada, ou seja, deve ser apresentada aos consumidores/usuários o modo como eles devem desfrutá-la sem que lhes seja dado a oportunidade de interferências em seu emprego, ou, por outro lado, são os usuários, que através da rotina do uso, que devem construir as formas de emprego e utilização conforme seus gostos, vontades e necessidades?
Esta semana, enquanto me espremia dentro de um abarrotado transporte em direção ao Centro do Rio de Janeiro, não pude deixar de escutar a conversa ao celular de uma passageira próxima – não ia tampar o ouvido, né! -, dizendo que “o Orkut foi criado para um uso, mas as pessoas o utilizam de outra forma”. E ela ainda completou: “É um site de relacionamentos”.
Ora, sinceramente, quem foi que disse a maneira com a qual o Orkut – apenas a título de exemplificação – deve ser usado? Onde está uma cartilha e no caso quem estaria autorizado para “ensinar” seus milhões de usuários a utilizá-lo? E mais: qual o problema de que as formas de uso de qualquer tecnologia agreguem novas funções?
Partindo dessa fala de senso comum, teríamos que voltar à pré-histórica época na qual os celulares se resumiam a fazer ligações, e, entretanto, sabemos que a presença de câmera digital embutida já é presentemente, sem nenhum exagero, praticamente um requisito obrigatório, ademais das tantas outras inúmeras funções, como MP3 etc.
Outro ponto importante: a tecnologia é desenvolvida não para “mudar o mundo”, e sim por que numerosos e onerosos estudos e pesquisas já constataram sua viabilidade em termos financeiros, em outras palavras, sua demanda – evidente que, ainda assim, essas pesquisas podem falhar, e falham.
Desta forma, com o decorrer do tempo e com o advento de novas tecnologias dentro da lógica da Revolução Técnico-Científica – que, diga-se de passagem, segue bombando a todo vapor – parece ser mais do que óbvio que para não se tornar obsoleta e prosseguir atrativa, os meios tecnológicos iniciam esse processo de agregação de utilidades e, consequentemente, de flexibilização e multiplicação das possibilidades de uso.
Bem como nos lembra Bauman, na modernidade o que predomina é a fluidez.
Esta semana, enquanto me espremia dentro de um abarrotado transporte em direção ao Centro do Rio de Janeiro, não pude deixar de escutar a conversa ao celular de uma passageira próxima – não ia tampar o ouvido, né! -, dizendo que “o Orkut foi criado para um uso, mas as pessoas o utilizam de outra forma”. E ela ainda completou: “É um site de relacionamentos”.
Ora, sinceramente, quem foi que disse a maneira com a qual o Orkut – apenas a título de exemplificação – deve ser usado? Onde está uma cartilha e no caso quem estaria autorizado para “ensinar” seus milhões de usuários a utilizá-lo? E mais: qual o problema de que as formas de uso de qualquer tecnologia agreguem novas funções?
Partindo dessa fala de senso comum, teríamos que voltar à pré-histórica época na qual os celulares se resumiam a fazer ligações, e, entretanto, sabemos que a presença de câmera digital embutida já é presentemente, sem nenhum exagero, praticamente um requisito obrigatório, ademais das tantas outras inúmeras funções, como MP3 etc.
Outro ponto importante: a tecnologia é desenvolvida não para “mudar o mundo”, e sim por que numerosos e onerosos estudos e pesquisas já constataram sua viabilidade em termos financeiros, em outras palavras, sua demanda – evidente que, ainda assim, essas pesquisas podem falhar, e falham.
Desta forma, com o decorrer do tempo e com o advento de novas tecnologias dentro da lógica da Revolução Técnico-Científica – que, diga-se de passagem, segue bombando a todo vapor – parece ser mais do que óbvio que para não se tornar obsoleta e prosseguir atrativa, os meios tecnológicos iniciam esse processo de agregação de utilidades e, consequentemente, de flexibilização e multiplicação das possibilidades de uso.
Bem como nos lembra Bauman, na modernidade o que predomina é a fluidez.
5 comentários:
a demanda por normatização, no mundo da internet, é algo que tem continuamente me chamando a atenção. Me faz pensar nas reflexões clássicas dos pais da Sociologia e a questão da dominação. Há uma necessidade impressionante de ordem e autoridade legitimada, mesmo em ambientes aparentemente abertos e em construção, como o orkut, o twitter etc. Mas esse post (que, sugiro, deve vir assinado) traz outro ponto importante pra discussão: a tecnologia não leva à transformação social? Não concordo. Acho q existem muitos mecanismos de controle e poder, mas tenho visto práticas e usos que libertam, em alguma medida. E vc, autor, o que acha? E vcs, leitores? Vamos debater!
a demanda por normatização, no mundo da internet, é algo que tem continuamente me chamando a atenção. Me faz pensar nas reflexões clássicas dos pais da Sociologia e a questão da dominação. Há uma necessidade impressionante de ordem e autoridade legitimada, mesmo em ambientes aparentemente abertos e em construção, como o orkut, o twitter etc. Mas esse post (que, sugiro, deve vir assinado) traz outro ponto importante pra discussão: a tecnologia não leva à transformação social? Não concordo. Acho q existem muitos mecanismos de controle e poder, mas tenho visto práticas e usos que libertam, em alguma medida. E vc, autor, o que acha? E vcs, leitores? Vamos debater!
Eu penso q há formas de se usar a tecnologia q podem sim servir de manifestações contra-hegemônicas. Mas me referia principalmente ao fato de que me parece mais acertado olhar a tecnologia sob o prisma de q por o mundo haver mudado houve o seu surgimento, houve a criação de sua demanda, e não o inverso.
Quando questionamos as formas de relacionamento e a necessidade de normatização das redes sociais, talvez o potencial de ser um ambiente de transformação social seja uma das pistas para entendermos tal processo.
A possibilidade da emergência de outras vozes, desprendidas das amarras dos processos de legitimidade, autoridade, vai diretamente de encontro à lógica engessada, reguladora, meritocrática, desigual e injusta do mundo real ( aqui em contraponto ao mundo virtual) Portanto o esforço de impor ao ambiente virtual condutas do ambiente real,evidenciando um movimento de afirmação ideólógica da hegemonia, a mim apenas reforça que a contra-hegemonia está crescendo e se fortalecendo, como já sugeria Gramsci...
Hoje tem sido uma demanda estudar como projetar redes sociais para fins específicos, seja para o mundo corporativo, acadêmico, para o terceiro setor etc.
Na espanha criaram até o Citlab que é um curso de 9 meses com este propósito.
Agora, criar normas em redes abertas é sempre complicado. Uma coisa é criar normas de conduta outra é de uso.
A moderação também é outro complicador. Como moderar algo que na sua base deveria ser livre? Hoje o maior problema é conseguir que as pessoas colaborem, se elas suspeitarem que a sua colaboração estará condicionada a um crivo de outra pessoa, já era, melhor abrir o blogzinho dela e ser feliz e livre.
O legal da internet é que ela foi arquitetada de forma a não permitir censura, não importa a legislação ou o uso da força, sempre há uma forma de burlar, é uma ida sem volta.
Gosto desse trecho do texto "O mundo das pontas":
"A Internet interpreta a censura como um defeito e roteia para contorná-la", foi uma frase famosa de John Gilmore. E é verdade. A longo prazo, rádio via Internet vai fazer sucesso. Sistemas de mensagens instantâneas irão se intercomunicar. Empresas estúpidas vão ficar espertas ou morrer. Leis estúpidas vão ser revogadas ou substituídas. Mas por outro lado, outra frase famosa, esta de John Maynard Keynes, diz "a longo prazo, vamos estar todos mortos".
Postar um comentário