domingo, 12 de abril de 2015

Mídia e Memória - Trabalhos Finais: "Formas de lidar com a morte usando estratégias da memória: 'As pessoas permanecem vivas enquanto falarmos delas'"

A doença de alzheimer é um transtorno neurodegenerativo incurável que, inicialmente, causa a perda da memória recente e se agrava progressivamente, acarretando a perda das funções corporais básicas até, eventualmente, levar a morte. Perder um ente querido é uma experiência dolorosa, quando ocorre em função de uma doença que o torna incapaz de realizar funções básicas e recordar laços afetivos cotidianos, pode se tornar uma lição de vida, como aconteceu no caso do escritor Fernando Aguzzoli e sua avó Nilva.  O jovem criou uma fanpage no facebook para relatar conversas e fatos sobre ele e a avó, além de compartilhar informações sobre a doença e dialogar com pessoas que passaram pela mesma situação. A fanpage resultou ainda em um livro intitulado "Quem, eu?", frase que a avó Nilva repetia constantemente.

Os alunos Caroline Ribas, Igor Barreto e Thayanne Torres, da turma de Mídia e Memória, analisaram o caso do Fernando, como um exemplo de materialização da memória, de modo que, mesmo após a morte da sua avó, o jovem continuou escrevendo na página e criou o livro. Além disso, quando compartilha suas lembranças com outros indivíduos, Fernando as transforma em memória coletiva, pois ao entrar em contato com os relatos do escritor, algumas pessoas podem criar empatia, se identificando com tais fatos. A partir daí, a memória passa a pertencer a essas pessoas também. 

Como base para o trabalho, o grupo usou textos dos autores Michael Pollak e Gilberto Velho, além do conteúdo e filmes trabalhados em sala pela professora Ana Enne.


"O objeto analisado é um caso de Fernando Aguzzoli, jovem que largou o emprego e a faculdade para cuidar da avó com Alzheimer — doença incurável que provoca o declínio das funções intelectuais, principalmente a memória —. Ele criou uma fanpage no Facebook, contando diversas memórias dele com a avó de forma não linear, notícias de possíveis curas, e também dicas de como lidar com uma pessoa com a doença. O rapaz e a Vovó Nilva ficaram conhecidos pelo Brasil rapidamente. 

Meses depois da criação da página a Vovó Nilva faleceu, porém Fernando continuou a postar na página e também resolveu transformar o conteúdo das lembranças em um livro chamado 'Quem, Eu?' frase dita pela avó tantas vezes. 

Essas formas de criação de recursos para se lembrar de alguém e ainda continuar falando dela para os outros, de modo que a pessoa querida se mantenha eterna nas lembranças, é um exemplo da crise dos “Meios para lembrar”, onde as pessoas têm a necessidade de criar um lugar para que se possa rememorar algo ou alguém, ou seja, há uma materialização da memória para fixar sentidos. Nesse caso, a fanpage e o livro. 

Essa crise ocorre porque hoje a maioria dos indivíduos acredita que para memória viva, não morrer é preciso criar arquivos, manter aniversários e organizar celebrações. Quando na verdade ela permanece no corpo, nos silêncios, nos gestos e nas práticas cotidianas como diz o historiador francês Pierre Nora na sua obra 'Les Lieux de Mémóire'."

Confira o trabalho completo aqui.

E não deixe de visitar a fanpage Vovó Nilva.

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