quinta-feira, 25 de junho de 2009

Gramsci



Antonio Gramsci (1891 – 1937) foi um sociólogo italiano, militante nos partidos socialista e comunista de seu país em uma época onde a crise do sistema liberal abriu espaço para a ascensão dos regimes totalitários, no caso da Itália, o fascismo de Benito Mussolini é quem tinha o Estado nas mãos, sendo assim, o comunismo era visto como uma ameaça ao sistema. Em 1926 foi enviado para prisão por esse mesmo regime, onde escreveu uma de suas obras mais famosas – Cadernos do Cárcere – ficando ali até a sua morte em 1937. Muito envolvido com as questões políticas de seu tempo, acreditava que qualquer ser humano seria capaz de pensar e agir, não havendo portanto, uma separação entre as éticas do fazer e do saber, assim como a coexistência destas não era exclusividade no “homem da ciência”, no pesquisador, como defendia Max Weber. Marxista que era, Gramsci se tornou operário, adquirindo primeiro a vivência, o empírico, para depois pensar e teorizar a respeito, sendo um dos exemplos mais fiéis de materialista, onde a condição material determina o conjunto de ideias.
Dialoga conflituosamente com a Teoria das Elites, de Mosca e Pareto, que diziam que a elite era o grupo que se destacava e se sobrepunha aos demais, havendo uma tendência a paridade, por exemplo, a elite financeira tendia a ser também a elite intelectual. Esses dois autores defendiam que isso não era um problema e sim uma solução, já que haveriam algumas pessoas mais capazes de pensar que outras e portanto, essas é quem deveriam estar no poder. Tal teoria é a base da legitimidade do governo fascista, que se consideravam os legítimos herdeiros do Império Romano.
Gramsci trabalha com dois temas centrais: Teoria do Estado Ampliado e Cultura, concluindo que este primeiro além de ser o lugar de força e controle político, ocupa o lugar central na briga pelo poder e o segundo é um dos mais fortes mecanismos para manutenção do controle do Estado, já que o exercício de dominação passa por esse controle, ponto em que não se diferencia de Karl Marx.
O Estado, para Gramsci, é mais que uma instituição, é uma relação social, onde se tem a sociedade política, que em strictu sensu seria o lugar dos aparelhos de força (Forças Armadas, Polícia), ocupada pelos partidos, pelo governo e toda forma de associação com fins de intervenção política (ONG's, por exemplo), e de outro lado se tem a sociedade civil, que seria o lugar das outras instituições, dos aparelhos privados de hegemonia, por onde se constrói o consenso, que é indispensável para o Estado manter seu poder e para a classe dominante se legitimar como classe dirigente, o que acontece quando são formados jogos e composições que Gramsci chama de blocos históricos de poder, que são associações entre os grupos sociais, fortalecendo-os para a disputa pelo poder, portanto, para a disputa pelo Estado. A luta é uma luta por compor, pois só assim se poderá chegar ao poder e mantê-lo.
A hegemonia, conceito gramsciano, é o predomínio intenso e ampliado de grupos sobre outros, conjugando força e consenso, portanto, formando blocos históricos de poder, deixando a impressão de que não há resistência, uma ilusão de homogeneidade, assim, a hegemonia estaria, para Gramsci, acima da ideologia de Marx, sendo essencial para a dominação, além de se apresentar como um campo de luta, de embate, já que a toda hegemonia corresponde um movimento contra-hegemônico, lógica próxima da dialética marxista.
Na luta pela formação de consenso, a cultura possuiria um papel importante por ser o lugar central da ideologia, que de acordo com Gramsci, é própria de cada grupo social, e por ser o sistema simbólico da sociedade, por onde perpassa a construção dos símbolos, constituindo uma arena de luta pelas representações. Assim, Gramsci repensa a superestrutura de Marx, dizendo que a cultura não seria uma derivação da economia, reiterando seu papel fundamental na luta pelo poder. Propõe uma nova forma de cultura, a Cultura Nacional Popular, que seria disseminada pelo bloco histórico liderado pelos comunistas, sendo essa a verdadeira revolução, por meio da cultura, que só é possível com uma sociedade civil consolidada, realizando-se então a “revolução via ocidental”.
Como já dito anteriormente, Gramsci defende que todo sujeito é capaz de pensar e agir, portanto, todo sujeito produz cultura e todos são intelectuais orgânicos, no entanto, aqueles que pertencem às camadas subalternas não se percebem como intelectuais por conta da ideologia e seriam esses intelectuais os revolucionários, então seu lugar de produção deveria ser valorizado e sua produção reconhecida.


Mais sobre o autor: Acessa.com e Wikipedia.

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