segunda-feira, 6 de julho de 2009

Elias


Norbert Elias (1897 – 1990) foi um pensador alemão, escritor de obras como “O processo civilizador” e “A sociedade dos indivíduos”, enfocado na formação do Estado Moderno e na modernidade como a sociedade dos indivíduos. Concorda com Gramsci ao afirmar que o Estado é mais que uma instituição, mas para ele o Estado é mais que uma relação também, é um processo, como historiador, Elias dá muita importância ao processo histórico, sendo essencial para entender a formação e onde se encontra o Estado. Analisando então por esse viés histórico, percebe-se que essa formação não é um processo linear, mas sim de negociações, rupturas e reviravoltas.
De acordo com Elias, a sociedade passou por um processo civilizador, um processo de normatização, pedagogicamente ensinado por meio dos mecanismos de controle. Há uma mudança nos valores na passagem do período pré-moderno para a modernidade, a “palavra” passa a ter mais força que a “espada” (aspecto claramente exemplificado pelo surgimento da diplomacia na França durante o século XVII), a ordem e a contenção, que simbolizam o ethos burguês racional, prevalece ao ethos guerreiro, do instinto e da natureza.
Os mecanismos de controle social que aparecem nos séculos XVII e XVIII, agiam de fora para dentro, ou seja, da sociedade para o indivíduo, com a imposição de valores por meio de manuais, da “etiqueta” e almanaques, por exemplo. Junto a esses mecanismos exteriores de controle, aparecem no século XIX os mecanismos interiores de controle, o que Elias denomina habitus, que são os valores inseridos e introjetados pelo indivíduo, sendo externado e naturalizado por ele, como exemplo cito o fato das mulheres que não se casavam no século XIX e que eram “punidas” pelas amigas, pelo círculo social de um modo geral, que paravam de se relacionar com essas mulheres por não terem seguido um dos pressupostos da sociedade moderna, a constituição de uma família no modelo burguês, ou seja, já haviam introjetado os novos valores defendidos por essa nova sociedade que se apresentava.
O processo civilizador, segundo Elias, se deu por acaso e pelo projeto racional, levando a uma evolução do Estado, mas sem o caráter evolucionista, pois assim não haveria acaso. Essa evolução, o acaso e o projeto racional levaram a constituição do Estado Moderno e de uma nova forma de viver a subjetividade, uma psicologização do indivíduo, que traria a ideia de personalidade, de singularidade do indivíduo. Tal aspecto é percebido na literatura do século XIX, quando os romancistas passam a compor o psicológico de suas personagens, a subjetividade e personalidade das mesmas. Para Elias, não foi a configuração do Estado Moderno que transformou os indivíduos, primeiro houve o desejo, uma mudança na mentalidade dos indivíduos que então aceitaram e legitimaram o Estado que ascendia. Em outras palavras, o Estado se manteve porque o ethos burguês havia sido introjetado pelos indivíduos.
O Estado Moderno, no pensamento de Elias, possui características como a divisão entre classes, a especialização das funções sociais, a classe média aparecendo entre as classes altas e baixas, a reorganização total do tecido social e os mecanismos de controle e auto-controle. Esse último traz um aspecto central no processo histórico da modernidade: a vergonha. Segundo Elias, diferentes estratos sociais correspondem a diferentes formas de vergonha, assim relativiza o fato das classes baixas serem sempre as mais alienadas, pois a vergonha é resultado da introjeção de normas, portanto, a classe média possuiria mais “vergonhas” por ter introjetado mais regras, sendo por isso a mais alienada. O Estado passa a ter o monopólio da força, o direito à violência, a vida social é modificada pelos novos valores, há uma progressiva regulamentação de afetos (contenção), a vida passa a ser menos perigosa, mas menos agradável emocionalmente. O campo de batalha, portanto, passa a ser dentro do indivíduo. Por considerar que a sociedade está inserida em um processo, Elias está afirmando que se encontra em aberto, sempre se construindo e se reconfigurando.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O papel da mulher - Max Weber


É indiscutível que as mulheres obtiveram importantes conquistas ao longo do século XX. Se antes elas sequer poderiam escolher com quem se casar, fruto de uma ação tradicional, isto é, costume da época, atualmente elas já estão presentes em boa parte do mercado de trabalho, ocupando, inclusive, cargos de chefia.
Mas, mesmo com esses avanços, ainda há muito que progredir. Os salários dos indivíduos do sexo feminino, em geral, são reduzidos quando comparados aos dos homens com funções similares. Ademais, é comum que as mulheres enfrentem mais de uma jornada de trabalho por dia. Isso por que além da profissão, muitas exercem o papel de dona-de-casa, seja lavando, passando, arrumando, cozinhando etc. Fora essas tarefas, ainda têm que cumprir o papel de mãe – caso tenham de filho -, e o de esposa – se casada.
A essa situação, Weber denomina de ator social, isto é, indivíduos que desempenham papéis que são reconhecidos como sociais. O processo de interação desses atores sociais, gerando significados partilhados, é o que o sociólogo designa de ação social.
Ao descrever as ações sociais, Max Weber as separa em 4 tipos ideais, que como o nome já sugere, não são considerados verdadeiros ou falsos, mas sim válidos ou não-válidos, uma vez que são ideais. Tudo depende da visão subjetiva de quem está fazendo a análise.
Há a ação racional visando um fim; ação racional visando um valor; ação afetiva ou emotiva; e a ação tradicional.
As ações racionais visando um fim - uma meta -, como a visando um valor – uma convicção -, diferenciam-se da ação afetiva pelo fato de que naquelas o indivíduo faz uma análise racional das opções e escolhe o meio mais adequado para se chegar a um objetivo, ao passo que nesta é motivada por impulsos.
Tomemos como exemplo uma empresária que também é casada. Em seu trabalho, ao pensar em expandir seus negócios junto aos demais sócios, estuda plenamente as opções que dispõe para alcançar seu plano. Neste caso, está realizando uma ação racional visando um fim. Por outro lado, quando discute com seu marido por um impulso ciumento, está numa ação emotiva.
Agora, tomemos como ilustração uma mulher religiosa que enfrenta uma gravidez de risco. Ela decide levar a gestação até o fim, tomando uma ação racional visando um valor, isto é, motivada por suas convicções religiosas. Há quem possa declarar que a mesma tomou uma ação tradicional, baseada na tradição de sua crença, o que também é válido.
Com isso, é importante frisar que para haver uma ação social é preciso que haja uma relação social, que nada mais é do que uma relação entre pelo menos duas pessoas, na qual há uma conduta de uma para com a outra, conduta a qual não precisa ser necessariamente recíproca ou mútua, muito menos permanente, assim como as ações sociais, que tampouco são obrigatoriamente permanentes e ainda podem se misturar.

sábado, 27 de junho de 2009

Will & Grace - Reflexões sobre a cultura do consumo - Conclusão

Will Truman, Grace Adler, Jack McFarland e Karen Walker... Todos esses quatro amigos possuem algo em comum: ambos são movidos a fetiche e dinheiro.
“Honey, dizia Karen, lembra aquela tarde em que você e eu andávamos pela Quinta Avenida e vimos um lindo anel na vitrine da Tiffany’s e você disse ‘se, um dia, eu pudesse ter um anel como esse’?” “Sim”, respondeu Grace. “Eu o comprei pra mim. Não é lindo?”, completou exibindo o anel em seu dedo.
O diálogo a seguir foi no mesmo episódio que o anterior. Jack, na expectativa de conhecer seu pai, declarou: “Não importa se é rico ou pobre, gordo ou magro, desde que seja rico e magro”. Karen (sempre ela!) respondeu-lhe: “Honey, acredite em mim. Rico e gordo também funciona”.
A liquidação da magazine Barney’s foi um verdadeiro fenômeno dentro do programa: todos os personagens passaram por ela, incluindo a Karen, que ainda levou sua empregada, Rosário. Claro que no meio da loja tinha que falar um “pelo amor de Deus, escolhe logo alguma coisa. Estou horas aqui com essa gentalha que adora uma liquidação”.
A mais empolgada com a possibilidade de comprar roupas de grife por um preço bem mais acessível era a Grace. Segundo Will, na banca de casimira em oferta ela “parece os vinte primeiros minutos de O Resgate do Soldado Ryan”. A própria definiu o modo como age diante de tal liquidação: “Nós precisamos nos concentrar. Do mesmo jeito que os tubarões são máquinas de devorar, nós somos máquinas de comprar”.
O comportamento consumista dos personagens se enquadra nas palavras de Don Slater quando o autor diz que “não consumimos com a finalidade de construir uma sociedade melhor, para sermos pessoas melhores e viver uma vida autêntica, mas para aumentar os prazeres e confortos privados”.
Já a Barney’s, bem como as demais lojas do ramo, pode ser definida no seguinte trecho de A Felicidade Paradoxal, do Lipovetsky: “Ao transformar os locais de vendas em palácios dos sonhos, os grandes magazines revolucionaram a relação com o consumo”.
Em outras palavras, consumir virou um espetáculo: desde a exibição das mercadorias nas vitrines, chamando a atenção dos eventuais consumidores que passam pelas ruas para entrarem na loja, até a disposição dos produtos pelas gôndolas em seu interior, separados por setores, onde cada um leva ao outro, construindo verdadeiros corredores harmônicos de bens esperando pelos seus futuros compradores.
Lá dentro, o ambiente é extremamente agradável, o que propicia às compras. Muita luminosidade, muitas cores, variedades, pessoas bem vestidas e, de certa forma, do mesmo nível social, já que as classes baixas se sentem intimidades e constrangidas às vezes até mesmo de entrarem na loja, uma vez que não são bem vindas, muito menos bem vistas nesses estabelecimentos.
Os produtos estão ao alcance de qualquer um. Basta pegá-los da prateleira. O consumidor pode observá-lo com muita calma, e entre as opções existentes analisar cada detalhe até a decisão de qual modelo levar. Com as magazines tornou-se possível a proximidade com os objetos de desejo sem a intermediação de um vendedor. Agora a relação é direta: comprador-produto.
Outra vantagem das grandes lojas é a variedade de marcas disponíveis. A marca é, na verdade, o real foco dos compradores. Numa hilariante cena, onde a personagem Grace ameaçava cortar a etiqueta de uma blusa recém-comprada pela Karen, esta soltou um desesperado grito de “Nãooo. Esta é a melhor parte”. Ou seja, a marca é o verdadeiro diferencial, mais um elemento construtivo de distinção, no sentido do sociólogo Pierre Bourdieu, e da formação das características de individualização de uma pessoa, isto é, sua idiossincrasia.
Os indivíduos se preocupam muito menos em atender suas necessidades, eles querem muito mais atender aos seus desejos de possuírem aquilo que lhes trará status. O produto mais caro, ou aquele que é mais valorizado simbolicamente, ou aquele que tem uma aparência bem mais moderna. O importante é não ter apenas um bem que corresponda às necessidades, já que isso estaria ao alcance de todos pelo crédito facilitado (pelo menos no que prega o discurso publicitário), e sim que proporcione uma sensação de emulação pela esfera do consumo.
O que se tornou essencial é ter o que dê prazer. E se de repente o bem possuído sair de moda, seja porque perdeu seu uso, ou por ter sido substituído por algo mais moderno, ou o que quer que seja, não tem problema: basta comprar o que há de novo, formando-se um inesgotável ciclo de substituição através da reinvenção e/ou da revolução de mercadorias já existentes pelas fábricas. A isso chamamos de lógica-moda, demasiadamente explorada pela mídia.
Lipovetsky diz que “a cultura de massa é uma cultura de consumo, inteiramente fabricada para o prazer imediato e a recreação do espírito, devendo-se sua simplicidade que manifesta”. É a cultura de massa que cria o imaginário de estilo de vida. As mercadorias não têm apenas que cumprir o papel a que se prezam, eles têm que dar ao seu dono uma sensação ao utilizá-las.
No seriado, Karen quase sempre enjoa de um bem pouco depois de tê-lo adquirido; Jack está sempre em busca das novidades mais caras do mercado ou de pertences de artistas levados a leilão, como o patinete do Ricky Martin e a plataforma da cantora Britney Spears; Will adora gastar com camisetas; e Grace com sapatos e botas, todos eles trocados a cada novo lançamento. Essa é a exemplificação perfeita da lógica-moda: os produtos são lançados para serem usados apenas enquanto nada de novo é lançado, uma vez que ultrapassado ele perde seu valor simbólico, mesmo que ainda esteja em perfeitas condições de uso. A ordem é sempre estar atualizado pelas novidades.
Aquele que não se atualiza é ridicularizado. São os chamados cafonas, bregas, sem classe, pobres, feios. A questão do gosto é demonstrada da maneira mais cruel possível. Basta prestar atenção aos comentários que a Karen faz sobre as roupas usadas pela Grace, ou o que o Jack fala das pessoas que não se enquadram no padrão de beleza vendido pela mídia, por exemplo.
Numa das cenas do seriado, uma tia da Grace estava com dor nas costas e havia pedido um analgésico à Karen que não hesitou em dizer um “como você deu mau-jeito? Quando fugia do bom gosto?”.
A crítica maior do seriado é ao hiperconsumo. O hábito de sair comprando tudo que se vê pela frente, coisas até mesmo inúteis, as quais jamais serão utilizadas, ou que não agradam aos nossos próprios gostos, somente pelo ato de exibi-las. Na concepção de Aristóteles, o seriado seria uma crítica ao tipo de vida vulgar, isto é, aquele que busca o bem-estar apenas pessoal, obtido, claro, através de compras, muitas compras.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Gramsci



Antonio Gramsci (1891 – 1937) foi um sociólogo italiano, militante nos partidos socialista e comunista de seu país em uma época onde a crise do sistema liberal abriu espaço para a ascensão dos regimes totalitários, no caso da Itália, o fascismo de Benito Mussolini é quem tinha o Estado nas mãos, sendo assim, o comunismo era visto como uma ameaça ao sistema. Em 1926 foi enviado para prisão por esse mesmo regime, onde escreveu uma de suas obras mais famosas – Cadernos do Cárcere – ficando ali até a sua morte em 1937. Muito envolvido com as questões políticas de seu tempo, acreditava que qualquer ser humano seria capaz de pensar e agir, não havendo portanto, uma separação entre as éticas do fazer e do saber, assim como a coexistência destas não era exclusividade no “homem da ciência”, no pesquisador, como defendia Max Weber. Marxista que era, Gramsci se tornou operário, adquirindo primeiro a vivência, o empírico, para depois pensar e teorizar a respeito, sendo um dos exemplos mais fiéis de materialista, onde a condição material determina o conjunto de ideias.
Dialoga conflituosamente com a Teoria das Elites, de Mosca e Pareto, que diziam que a elite era o grupo que se destacava e se sobrepunha aos demais, havendo uma tendência a paridade, por exemplo, a elite financeira tendia a ser também a elite intelectual. Esses dois autores defendiam que isso não era um problema e sim uma solução, já que haveriam algumas pessoas mais capazes de pensar que outras e portanto, essas é quem deveriam estar no poder. Tal teoria é a base da legitimidade do governo fascista, que se consideravam os legítimos herdeiros do Império Romano.
Gramsci trabalha com dois temas centrais: Teoria do Estado Ampliado e Cultura, concluindo que este primeiro além de ser o lugar de força e controle político, ocupa o lugar central na briga pelo poder e o segundo é um dos mais fortes mecanismos para manutenção do controle do Estado, já que o exercício de dominação passa por esse controle, ponto em que não se diferencia de Karl Marx.
O Estado, para Gramsci, é mais que uma instituição, é uma relação social, onde se tem a sociedade política, que em strictu sensu seria o lugar dos aparelhos de força (Forças Armadas, Polícia), ocupada pelos partidos, pelo governo e toda forma de associação com fins de intervenção política (ONG's, por exemplo), e de outro lado se tem a sociedade civil, que seria o lugar das outras instituições, dos aparelhos privados de hegemonia, por onde se constrói o consenso, que é indispensável para o Estado manter seu poder e para a classe dominante se legitimar como classe dirigente, o que acontece quando são formados jogos e composições que Gramsci chama de blocos históricos de poder, que são associações entre os grupos sociais, fortalecendo-os para a disputa pelo poder, portanto, para a disputa pelo Estado. A luta é uma luta por compor, pois só assim se poderá chegar ao poder e mantê-lo.
A hegemonia, conceito gramsciano, é o predomínio intenso e ampliado de grupos sobre outros, conjugando força e consenso, portanto, formando blocos históricos de poder, deixando a impressão de que não há resistência, uma ilusão de homogeneidade, assim, a hegemonia estaria, para Gramsci, acima da ideologia de Marx, sendo essencial para a dominação, além de se apresentar como um campo de luta, de embate, já que a toda hegemonia corresponde um movimento contra-hegemônico, lógica próxima da dialética marxista.
Na luta pela formação de consenso, a cultura possuiria um papel importante por ser o lugar central da ideologia, que de acordo com Gramsci, é própria de cada grupo social, e por ser o sistema simbólico da sociedade, por onde perpassa a construção dos símbolos, constituindo uma arena de luta pelas representações. Assim, Gramsci repensa a superestrutura de Marx, dizendo que a cultura não seria uma derivação da economia, reiterando seu papel fundamental na luta pelo poder. Propõe uma nova forma de cultura, a Cultura Nacional Popular, que seria disseminada pelo bloco histórico liderado pelos comunistas, sendo essa a verdadeira revolução, por meio da cultura, que só é possível com uma sociedade civil consolidada, realizando-se então a “revolução via ocidental”.
Como já dito anteriormente, Gramsci defende que todo sujeito é capaz de pensar e agir, portanto, todo sujeito produz cultura e todos são intelectuais orgânicos, no entanto, aqueles que pertencem às camadas subalternas não se percebem como intelectuais por conta da ideologia e seriam esses intelectuais os revolucionários, então seu lugar de produção deveria ser valorizado e sua produção reconhecida.


Mais sobre o autor: Acessa.com e Wikipedia.

sábado, 20 de junho de 2009

Will & Grace - Reflexões sobre a cultura do consumo - Parte I




“Eu sou fabulosa, certo? Eu me visto lindamente, tenho rios de dinheiro, sou quente e tenho lindos peitos”. Foi exatamente dessa forma que Karen Walker se definiu num dos episódios do seriado Will&Grace.
Empregando a metáfora do sociólogo Bauman, Karen é a "turista" por excelência, representa aquilo que todos gostariam de ser: é rica e fabulosa. Dona de uma fortuna de incontáveis milhões de dólares, tem acesso a todo e qualquer bem de consumo que quiser, quando desejar. Ela não só tem plena consciência disso, como o usa para marcar sua distinção (objeto de estudo de sociólogos como Pierre Bourdieu e Marx) em relação aos demais.
Um de seus esportes favoritos é maltratar as pessoas que estão abaixo de sua condição social. Outro passatempo adorado pela Karen é criticar o visual de Grace Adler, que também é sua amiga: cabelo, roupas, sapatos... nada escapa dos olhares críticos e dos comentários afiados da senhora Walker, que se gaba de gastar milhares de dólares com roupas e sapatos de grifes francesas.
Os empregados domésticos também são alvos de sua língua nervosa. “O que você tá fazendo dando as chaves para a empregada? Com certeza vai ter que comprar todas as suas jóias de volta”, disse à Grace quando a viu entregando as chaves de casa a uma faxineira. Nem seu advogado, Will Truman, escapa. Quando o mesmo a convidou para almoçar, ouviu um singelo “Ah, honey! Eu não almoço com os empregados”.
Seguindo com as formas de diversão preferidas da madame, aparece, também, fazer com que trabalhadores sejam demitidos, especialmente as vendedoras.
Karen foi capaz de mandar trazer de El Salvador sua empregada doméstica, Rosário Salazar, e ainda pagou ao seu amigo Jack para que se casasse com a Rose, garantindo-lhe a cidadania estadunidense.
Para ela, a felicidade está em fazer compras. Essa é a melhor forma de se desestressar. Por isso mesmo, passa boa parte do seu tempo olhando catálogos com as novidades nas coleções da estação, perfumes, maquiagens e afins. Dessa maneira, pode fazer suas escolhas até mesmo sem sair de casa e evitar olhar para as coisas que mais a incomodam: gente pobre ou mal-vestida. Livros, revistas e manuais de etiqueta e comportamento complementam sua leitura favorita e indispensável.
Karen não sente nenhum remorso por usar casacos de pele, inclusive de gatinhos, e muito menos ao admitir que seu marido é um explorador, pelo contrário, esse é mais um dos vários mecanismos de distinção que utiliza.
Não pense que a senhora Walker freqüenta apenas os ambientes e as áreas mais chiques, famosas e valorizadas de Nova Iorque. Nada disso! Pode ser vista também em lugares considerados “abomináveis” para alguém de sua classe social. Nessas ocasiões, com o pretexto de não ser reconhecida, embora não use nada além de óculos e lenço – quando usa- adota o pseudônimo de Anastácia Beaverhousen. Celebridades e outras ricaças também podiam ser vistas, todas usando seus pseudônimos, evidentemente, já que ser pego num antro desse tipo seria um enorme motivo de vergonha, tal qual nos aponta Norbert Elias, e a queda total do nível social perante as altas rodas.
Karen adora ir às magazines e aos shoppings para gastar seu dinheiro. Fazer compras é um ritual, e mais do que isso, um instrumento pelo qual, a partir de suas escolhas, pode moldar sua personalidade, construir sua identidade, a qual de preferência deve ser única, nem que para isso tenha que encomendar produtos exclusivos.
Passar em alguma loja de marca famosa é um verdadeiro compromisso em sua agenda. Basta pronunciar seu nome e logo se verá cercada por vendedores que lhe oferecem champanhe e caviar, além dos produtos mais caros disponíveis à venda. É um verdadeiro passaporte para o hedonismo.
Sem dúvida o cartão de crédito é visto como um símbolo de poder, e melhor ainda é usá-lo. A todo instante surgem novos objetos para serem devidamente consumidos: novos artigos da estação, jóias ou o que quer que lhe desperte o desejo e lhe dê prazer em adquirir, logo prontamente trocados por outros objetos, como nos mostra Bauman, no texto Turistas e Vagabundos, coonvertendo-a, nas palavras de Llpovetsky ,em uma turboconsumidora.
A forma que encontrou para obter tudo isso foi através de seu casamento. Em várias ocasiões declarou que não vai para cama com seu marido por dinheiro, e sim “por jóias, casacos de pele, ações. Como uma dama”. O amor é demonstrado pelo ato de presentear, e quanto mais caro for o presente, maior é o afeto. Tudo pode ser comprado, ou pelo menos tem um preço.
Seu melhor amigo se chama Jack McFarland, um personagem que aos trinta anos de idade ainda não se decidiu sobre o que fazer da vida e é sustentado pelos amigos. Assim como a Karen, tem um gosto bastante requintado, porém não dispõe de uma conta bancária recheada, apesar de manter a mesma pose da amiga.
Um de seus alvos prediletos é justamente seu melhor amigo, Will Truman, a quem não cansa de chamar de “gordo”, “obeso”, “baleia” e “careca”. Jack é extremamente crítico quanto à aparência física das pessoas. Para ele o corpo deve ser bem tratado, ou seja, definido, com o objetivo de ser exibido socialmente. “Uma vez vi um cara que ia tirar fungo debaixo das unhas e acabou voltando sem os dois braços. Ainda bem que ele era feio, então não foi tão triste”.
Para o Jack, motivo de vergonha seria aparecer com um parceiro que não se enquadre dentro da lógica de beleza atual. Todos seus companheiros recebem uma nota, variável de zero a dez, conforme a aparência física e o jeito de se vestir, de se comportar e, por que não, pela classe social do indivíduo.
Por conta disso, passa horas na academia durante o dia, e à noite vai a bares onde mantém “milhares de encontros” com outros caras. É um legítimo representante da classe boêmia: não está preocupado com o futuro, apenas vive o presente. Sonha com a carreira artística, tanto como ator, quanto em ser cantor, embora não consiga obter êxito algum.
Se por um lado Karen Walker é a representante legítima dos “turistas”, por outro Jack McFarland seria o representante high tech dos “vagabundos”, pois apesar de ser aquele que é sustentado por seus amigos, o personagem não está nem um pouco preocupado em reverter essa situação, já que leva uma vida de “turista”.
A série faz uma inteligente crítica social, sempre com muito humor, buscando destacar os piores aspectos da cultura do consumo. Não há o que escape das críticas: desde os meios de comunicação de massa e a chamada indústria cultural (seriados, músicas, filmes, programas de televisão, publicidade - para aprofundar, Indústria Cultural, Adorno), até mesmo o estúdio em que é produzida, a rede que a exibe e os próprios personagens.

terça-feira, 16 de junho de 2009

os pensadores, Karl Marx


Karl Heinrich Marx nunca se considerou sociólogo. Contudo, teve uma enorme importância para a Sociologia e demais ciências sociais.
Tendo como base a sociedade do século XIX, Marx tenta em sua teoria, entender seu funcionamento.
Segundo Marx é necessária a existência do homem, para que ele possa pensar. Portanto, o homem primeiro deveria produzir suas condições materiais e concretas de vida (bens necessários para existência e sobrevivência) para só depois disso, poder filosofar.
Esse processo foi chamado por ele de infraestrutura: a base econômica da sociedade. Está relacionada às formas de produção de bens necessários para a sobrevivência, onde a própria sociedade cria necessidades sempre superiores em quantidade e qualidade. Essas crescentes necessidades incentivam – segundo Marx - o desenvolvimento constante das forças produtivas. Assim, o trabalho para o homem seria indissociável da existência humana.
Daí o materialismo: o homem produzindo sua existência de forma concreta, trabalhando e produzindo as “coisas da vida”. Cada mudança na maneira de produção ou nas relações sociais de produção faz com que mude a maneira de se viver também.
Para Marx não são os pensamentos que determinam a vida; é a vida que determina os pensamentos. Essa é a base do materialismo histórico.
O materialismo histórico se dará onde a consciência do homem é determinada pela realidade social, ou seja, pelo conjuntos de meios de produção, "base real sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem formas de consciência social determinada".
O estado burguês institui a idéia de igualdade, liberdade e fraternidade, conseguindo com isso, a dominação através de sua ideologia. A revolução burguesa é um sistema produtivo de inversão de valores que se mantém principalmente pela superestrutura.
A superestrutura reafirma este modo de vida como correto, a fim de manter o sistema. É a filosofia contribuindo para a formação do Estado burguês. Pode-se, portanto, definir superestrutura como o Estado, as Leis, as Normas. É o poder vindo de cima para baixo, ‘dizendo’ que existe a lei e esta tem que ser respeitada.
Para Marx, os trabalhadores deveriam servir de alavanca para derrubar as bases econômicas em que se fundamenta a existência das classes, e, por conseguinte, a dominação de classes.
No modo produção capitalista a acumulação do capital só reproduz a relação de dominação e exploração numa escala progressiva: com mais concentração de renda por um lado, e com mais assalariados por outro. O que recria o proletariado não é apenas a pobreza natural, mas a pobreza artificialmente provocada. Tendo o poder econômico e político nas mãos, a burguesia faz um discurso que convence os trabalhadores de que a proposta de modernidade seria o melhor para o futuro.
A história humana, determinada pelas contradições nos modos de produção, implica a dominação de uma classe social por outra, acabando por instituir a luta de classes (burguesia x proletariado). Essas duas classes mantêm uma oposição de valores e de interesses, sendo produto da propriedade privada, e sempre existirão em função dela. Essa oposição consiste na luta de classes, luta constante entre interesses opostos embora esse conflito nem sempre se manifeste socialmente sob a forma de guerra declarada.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

"Ladrão que rouba ladrão,...", já dizia o dito popular


Muitas são as críticas direcionadas aos meios de comunicação de massa, especialmente no que diz respeito às formas de construção de realidade por eles mediada.
Não se trata necessariamente de realidades forjadas, mas a escolha repetida dos mesmos enquadramentos faz com que as narrativas desses meios assumam, minimamente, um caráter tendencioso. Sempre as mesmas vozes são escutadas, as de especialistas, autoridades, peritos para cada área abordada, o que a princípio pode nos dar a impressão que são as pessoas que melhor entendem sobre o tema.
Isso certamente compromete o conteúdo do que é veiculado, uma vez que sabemos que a realidade é sempre mais complexa, que outras perspectivas alteram a noção do fato, do acontecimento, mas como são sempre as mesmas vozes a falar, podemos concluir que diversas outras são caladas.
Assistindo ao Fantástico dia 14 de junho de 2009, domingo passado, uma notícia me despertou grande curiosidade.



Acusações de corrupção, proferidas por Juan Carlos Ramirez Abadia contra a polícia de São Paulo e DETRAN estão gerando um grande desconforto para essas instituições e seus membros, sendo usadas inclusive como foco das investigações da Corregedoria de São Paulo.
Para situar um pouco, Juan Carlos Ramirez Abadia, na própria reportagem é descrito como acusado de lavagem de dinheiro, homicídios e por chefiar cartéis de drogas. Ora, de certo não se trata de uma pessoa de lisura moral, socialmente admirável, porém seu depoimento é tomado como central para as investigações sobre o caso de corrupção do DENARC e do DETRAN. Detalhe importante, ele está preso,agora nos Estados Unidos, aguardando julgamento.
Quantas vezes um traficante qualquer, não falou em juízo que vendia armas aos policiais, que a eles pagavam propina, davam drogas? Agora, por que quando Abadia fala, vira notícia do Fantástico?
Proponho algumas alternativas:
a) Trata-se de uma nova tendência do jornalismo em escutar outras vozes, que não as normalmente consagradas.
b) O governo de São Paulo acredita no compromisso com a verdade de Abadia, e por isso seu depoimento é legítimo, absolutamente verdadeiro, logo deve ser investigado exatamente como foi dado.
c) Abadia é sem dúvida a voz mais competente para versar sobre o caso, afinal é um grande “bandido”, logo entende perfeitamente o universo que está denunciando, é certamente uma voz autorizada, um perito do assunto.
d) A presente autora precisa ver mais noticiários televisivos.
e) Monte você uma alternativa...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Cidades Modernas - Elias (conclusão)



Seguindo Elias, as cidades modernas instituíram um novo estilo de vida, o ethos moderno, bem diferente do medieval. Com base nesse novo modo de viver, foram estabelecidas regras daquilo que seria elegante ou cafona, refinado ou rústico, educado ou bronco. São as regras de etiqueta que refinaram o jeito de agir dos indivíduos, com direito a elaboração de manuais explicativos e tudo mais.
O ethos moderno também trouxe as chamadas políticas de contenção. Na cidade moderna não eram mais bem vistas manifestações exageradas em públicos, seja de afeto, emoção ou raiva. Novamente fortaleceram-se o individualismo e o racionalismo, típicas características do capitalismo burguês. A diplomacia substituiu as batalhas travadas com as espadas. A palavra ganhou força. Os sujeitos passaram a se auto-controlarem, ao passo em que eram controlados na mesma medida. O Estado burguês ganhou legitimidade e autoridade sobre os cidadãos. O ideal de nação veio à tona com tudo.
Caímos em mais uma esquizofrenia da sociedade burguesa. O Estado, dentro de regimes que se afirmam republicanos e/ou democráticos, afirma que perante ele todos são iguais. Os indivíduos só são iguais, só são uma unidade apenas em situações específicas, nas quais interessem ao Estado, por exemplo em eleições. Nesse caso sim, todos são iguais. Afinal, voto não tem classe social, cor, origem geográfica. A própria população cria maneiras de distinção, seja pelos locais freqüentados, vestes, gostos pessoais etc. Qualquer coisa serve para diferenciar-se e pejorativar o próximo.
Mas, indiscutivelmente, uma das maiores maldades da sociedade burguesa é a idéia da possibilidade de ascensão social. Não que seja impossível, mas é pouco provável. A todo o momento somos obrigados a assistir - e isso é cruelmente alimentado pela mídia - que fulano estava no local certo na hora certa, que beltrano ganhou na loteria porque - graças a Deus - sonhou com os números sorteados, que cicrano ganhou um ótimo contrato após ser atropelado por um agente de alguma agência de modelos, que o menino que fazia umas embaixadinhas nos semáforos em troca de umas moedinhas para sobreviver foi “achado” por um olheiro e transformou-se em fenômeno do futebol, e o sujeito trabalhador esforçado não consegue sair da sua mesma vidinha de classe popular oprimida. Desenvolve-se na cabeça desse sujeito o sentimento de ser azarado, quando na verdade ele é apenas mais um na multidão de “pés-frios”.
Nesse momento em que o indivíduo se enxerga como um derrotado ele está naturalizando, introjetando uma determinada visão, ele está criando um Habitus. A idéia de que ele é um frustrado, fracassado por natureza, naturalizando algo que não é real. Ele é apenas uma vítima do regime burguês, e não um esquecido do acaso ou de Deus. Mais uma vez a burguesia cria problemas psicológicos nos cidadãos, instituindo medos interiores, criando verdadeiros campos de batalha dentro dos indivíduos e indiferença entre os desconhecidos.
As cidades modernas estabeleceram relações pesadas de distinção: especialização, letramento e até mesmo motivos de vergonha. O que é bom para as classes populares é quase sempre ridicularizado pelas elites. Chorar aos berros, faltar com modos de refinamento nas refeições, cometer erros na pronúncia é um escândalo para as elites, conquanto não gostar de ritmos como pagode e samba e detestar futebol pode vir a ser uma vergonha para alguém das classes populares.
Em suma: nas cidades modernas, estabeleceu-se a máxima de que ser diferente do próximo é o “algo a mais” do momento.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

FHC x Weber


Hoje, na aula inicial sobre Weber, falei sobre a ética do fazer e do saber, a da vocação política e da vocação da ciência, ou, em outra tradução, sobre a qual falarei na próxima aula, entre a ética das convicções e a ética da responsabilidade.

Comentei sobre a polêmica declaração de FHC, qdo presidente do BR, utilizando-se dessa distinção.

Indico aqui um link com um instigante artigo, do jornalista Haroldo Ceravolo Sereza , sobre o tema. Vale uma boa reflexão.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Lugares "autorizados" de fala e produção de saber

Uma das coisas que mais me instiga enquanto estudante que pretende seguir na área acadêmica é justamente de que forma meu trabalho, minhas pesquisas, estudos, financiados com dinheiro público, retornarão à sociedade, quem financia através dos azedos impostos, meus serviços.
E ainda que não fosse financiado pelo Estado, se a proposta é estudar a sociedade, culturas, políticas, enfim o mundo em que vivemos, de que isso adianta se não é revertido em forma de diálogo, interação com o objeto?Seria o objeto apenas interessante enquanto matéria prima para análise?


Já são escassas as formas de intervenção civil, social, em instituições de poder, como por exemplo, percebemos na grande mídia, cuja dominância encontra-se concentrada nas mãos de algumas restritas famílias. (como discute o post da Gyssele: http://blogdogrecos.blogspot.com/2009/05/uma-velha-discussao.html). Todavia, o que a mim impressiona, é ver esse mesmo distanciamento, isolamento dos processos de construção de saber,nas areas acadêmicas, intelectuais, reproduzir , em alguns níveis, a mesma lógica que muitas vezes criticam.

Fóruns de debates, congressos, seminários, instâncias onde estudos são repensados, críticas são elaboradas, em alguns casos são fechados exclusivamente para a classe. Entendo que processo de produção destes trabalhos seja diferenciado, atingem uma complexidade que de fato os distingue, mas de forma alguma isso deveria ser empecilho para o diálogo com os não pares, oriundos de outras áreas de saber, com outras maneiras de complexificar, acrescentar às questões.

Estratégias de legitimação dos lugares autorizados de falas, no caso acadêmico, muitas vezes se manifestam de forma tão despótica, que podemos questionar se essas falas, mesmo quando propõem mudanças sociais, indicam problemas e ações, não são apenas uma roupagem diferente para a mesma lógica hegemônica que combatem.

Talvez a afirmação anterior possa soar muito dura, e obviamente não podemos generalizar todos os fóruns de discussões, mas o que pretendo aqui é evidenciar que a valorização e condição do distanciamento das faculdades de saber, para que a produção seja feita com excelência, muitas vezes compromete seu potencial impacto sobre a sociedade em que estão inseridos, a quem deveriam prestar conta.

Não seria a função desses intelectuais, além de elaborar reflexões sobre a sociedade em que atuam também traduzi-las, para que possam circular e ser apropriadas por outros atores sociais e em outros meios, que não os academicamente consagrados?

À luz dessa questão, exemplifico uma iniciativa que justamente desafia os padrões de distanciamento, isolamento, faz questionamentos inteligentes, politicamente engajados apropria-se de um meio de comunicação de massa, a TV, em formato popular, numa mescla de telejornal e programa de auditório, e, portanto dialogando com a sociedade: o programa CQC. (Custe o que Custar)

"Vai ser fácil reconhecer a trupe do CQC. Afinal de contas, são sete homens vestidos de terno preto, usando inseparáveis óculos escuros. Mas a principal marca do time "Custe o que custar" é a irreverência.
Com humor inteligente, audacioso e muitas vezes ácido, o programa faz um resumo semanal das notícias, e nessa varredura dos fatos importantes, sob o olhar atento do CQC, ninguém escapa. No estúdio, quartel general do CQC, Marcelo Tas, Rafinha Bastos e Marco Luque assumem a bancada, e além de conduzir o programa ao vivo terão a missão de comentar livremente os principais assuntos da semana.”
(retirado na íntegra do site oficial do programa: http://www.band.com.br/cqc/oprograma.asp)

Não são intelectuais stricto sensu, na maioria jornalistas e atores, mas propõem de forma inovadora, a ocupação de espaços, de formatos que já dialogam com grandes públicos, com conteúdos diferenciados, contestadores. Desafiam e questionam seus “semelhantes”, outros jornais, desde políticos ,celebridades,dentre outros “personagens” de destaque nos noticiários semanais.

Segue uma amostra do trabalho que eles desenvolvem:



Trata-se de um exemplo que demonstra uma eficaz forma de apropriação de formatos consagrados, e muitas vezes repudiados por uma elite intelectual, que no entanto, causam mais impacto do que alguns anos de pesquisa empoeirados.

P.S- O teor um tanto acre desse post tem uma razão: a negação do direito da aluna que vos escreve em participar da COMPÓS 2009, nem como ouvinte. Alegou a coordenação que não seriam aceitos nenhum ouvinte, acrescentando que se tratava de um congresso apenas para a pós graduação, logo minha presença se fazia inapropriada de qualquer forma...