Clarisse Gilly, da turma de Sociologia e Comunicação, faz uma análise muito interessante sobre o funk ostentação. Ao contextualizar o surgimento do gênero musical a partir da ascenção social das classes C e D, a aluna destaca os processos sociológicos que permeiam tal gênero.
Utilizando os estudos de Pierre Bourdieu e sua concepção acerca da sociedade, Clarisse explica como os sujeitos que fazem parte do universo do funk ostentação, tendo como referência a classe A, se utilizam de bens materiais, visando a distinção entre classes. Nesse sentido, há uma reapropriação dos hábitos de consumo da classe mais alta, porém, como esses hábitos não são orgânicos da classe ascensora, ela é deslegitimada por parte da sociedade, precisando disputar constantemente o direito à afirmação desse estilo de vida.
Sendo assim, a aluna conclui o seu trabalho defendendo que deve-se olhar para o funk ostentação e analisá-lo com toda sua bagagem social e não apenas julgar se é bom ou ruim.
Foto: MC Guime |
"O funk ostentação surgiu em meados de 2008 e desde que adquiriu visibilidade em proporções nacionais, se tornou alvo de intensas críticas e discussões acerca da sua função social.
O objetivo deste trabalho é colocar em evidência as questões e os processos sociológicos que o permeiam, a partir da relação com alguns conceitos de Pierre Bourdieu, desenvolvendo argumentos que justifiquem a necessidade de se buscar compreender como se deu a construção do gênero, a partir do contexto no qual surgiu – de mobilidade social e a ascensão da nova classe média.
Observamos na última década uma mudança considerável no cenário socioeconômico do país. O acesso a bens de consumo se tornou mais fácil, na mesma medida em que a renda das classes menos favorecidas aumentou. No entanto, esse aumento da renda e do consumo de bens como celulares, automóveis e roupas de marca, não significa que houve necessariamente uma melhora na qualidade de vida desses indivíduos da periferia. Muitas vezes se prioriza a aquisição de bens materiais que, no sistema capitalista atual, conferem ao sujeito maior status dentro da estrutura, e o funk ostentação é um objeto cultural interessante para se estudar esse fenômeno."
Confira o trabalho completo aqui.
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