A alimentação é algo tão orgânico ao ser humano que, boa parte do tempo, naturalizamos a prática e deixamos de lado o seu caráter simbólico e social. Partindo daí, Izadora Delforge, aluna de Sociologia e Comunicação, faz uma análise interessantíssima da alimentação enquanto fato social, de acordo com o conceito desenvolvido por Durkheim.
Através de exemplos curiosos e interessantes, Izadora faz um breve apanhado histórico para ilustrar como a alimentação é construída socialmente - estando intimamente ligada à questões políticas, religiosas, de classe social, de gênero, dentre outras - e como o ser humano, a todo tempo, ressignifica o hábito de se alimentar, baseando-se nas suas necessidades sociais.
"O alimento sempre foi algo
natural, inerente ao ser humano. Anterior ao hábito, ao costume, alimentar-se é
uma necessidade fisiológica dos seres vivos. No entanto, o homem transformou a
partir de processos culturais como o uso do fogo e a domesticação (agricultura
e pecuária), o simples hábito de nutrir-se e com isso inclui-o nos fatores da
vida que não pertencem à ordem natural, mas a ordem artificial, cultural, das
coisas (MONTANARI, 2008, p.15). No entanto, para Durkheim (1980, p.389) a alimentação não se encaixa no
conceito de “Fato Social” uma vez que “Todo indivíduo come, bebe, dorme,
raciocina, e a sociedade tem todo o interesse em que essas funções se exerçam
regularmente. Portanto, se esses fatos fossem sociais, a sociologia não teria
objeto próprio, e seu domínio se confundiria com o da biologia e da psicologia.”.
Para serem considerados como tal, esses fatos seriam formados por um conjunto
de instituições, como a religiosa, familiar, as quais submeteriam o sujeito de
acordo com um conjunto de morais, regras, e comportamentos secularmente
consolidados, transformados em hábitos, costumes e tradições, ensinados
sistematicamente ao individuo e passado de geração em geração através dos
modelos culturais de cada grupo social. Dessa forma, é preciso repensar a
alimentação como sendo pertencente ao grupo de “fatos sociais” classificados
por Durkheim."
Texto ótimo, confira na íntegra aqui.
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