domingo, 15 de novembro de 2015

Comunicação e Cultura Popular - Trabalhos Finais: “'Em Brasília, hora de dançar Ska!' O que há por trás da versão de 'O Guarani' produzida pelo grupo Orquestra Brasileira de Música Jamaicana"

Camila Santos, da turma de Comunicação e Cultura Popular, teve como objeto de estudo a versão da obra "O Guarani" gravada pela Orquestra Brasileira de Música Jamaicana, originalmente lembrada pela composição de Carlos Gomes.

Marcada por ser tema de abertura do programa "A Voz do Brasil", a canção composta em 1860 ganhou nova versão em 2010. Em seu trabalho, a aluna utiliza autores como Stuart Hall e Néstor García Canclini a fim de explicar os processos de hibridização pelos quais a obra passou.

Confira a composição original e a nova versão pela OBMJ.



"O ano era 2010. Eu estava em uma reunião de amigos quando meu celular tocou: “PAAAN, PAAAN, PAN PAN PAN, PAAAN, PAN PAN PAN, PAAAN, PAAAN, PAAN...”. Todos se assustaram com a música escolhida para o toque e acharam graça. Disseram frases do tipo “De quem é esse celular?”, “Credo! De onde tá vindo isso?”, “Eu tenho medo dessa música!”, entre risadas. Na época, tinha acabado de conhecer a Orquestra Brasileira de Música Jamaicana, banda responsável pelo toque do meu celular, e estava bastante empolgada com a descoberta. A “medonha” canção em questão era “O Guarani”, famosa por abrir o programa de rádio “A Voz do Brasil”. Este foi instituído nas transmissões radiofônicas em 1935, durante a gestão do ex-presidente Getúlio Vargas, com o intuito de noticiar as ações positivas do governo. Em 1939, o programa passou a ser obrigatório em todas as rádios brasileiras, indo ao ar na faixa das 19 horas, situação ainda em vigência. 

A reação das pessoas presentes no encontro é praticamente unanime, principalmente daquelas nascidas em décadas mais recentes, ouvintes de estilos musicais nascidos e presentes no século XX e início do XXI (Pop, Samba, Rock, Funk, Rap, Jazz, etc). O início forte de “O Guarani”¹, ópera composta por Carlos Gomes na década de 1860, inspirada no romance homônimo de José de Alencar, causa estranhamento a quem não está habituado ao estilo musical clássico. Além disso, o fato de não haver flexibilidade no horário de “A Voz do Brasil” incomoda tanto ouvintes quanto empresários da rádiotransmissão brasileira. Os primeiros por, no geral, acharem o programa desinteressante, interrompendo a programação de suas emissoras preferidas e seu lazer. Já para o segundo grupo, o fato de “A Voz do Brasil” não ser agradável para a maior parte da audiência faz com que ela caia em um período de pico, pois muitos desligam o rádio nesse horário, trazendo prejuízos. Por estar há quase um século como abertura de “A Voz do Brasil”, “O Guarani” tornou-se diretamente relacionada ao programa. Logo, se ele é considerado enfadonho e é repudiado, a música também passou a ser."

Veja o trabalho inteiro aqui.

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