Beatriz Marques, aluna de Sociologia e Comunicação, descreve como o facebook se encaixa perfeitamente como uma ferramenta da "sociedade do espetáculo", conceito desenvolvido por Guy Debord.
Beatriz analisa como os usuários se apropriam da rede para criar uma imagem pessoal que, dificilmente, irá refletir a sua verdadeira aparência física ou personalidade. A aluna apresenta o argumento de que os sujeitos tendem a retratar mais características positivas que negativas, definidas pelo senso comum. A partir daí, a aluna exemplifica nos conceitos de Debord como as demandas da pós-modernidade, influenciadas diretamente pela sociedade do consumo, atravessam e são atravessadas pela questão da representação midiática.
"O produto midiático a ser analisado é o Facebook. Essa é uma rede social na qual as pessoas criam um perfil próprio e podem conectar-se a outros usuários adicionando-os como amigos, por exemplo. Os adeptos do Facebook trocam mensagens e recebem notificações, compartilham fotos e podem participar de grupos de interesse como grupos relacionados ao trabalho e a escola. Além disso, os usuários podem postar imagens e comentários que exponham e caracterizem as suas opiniōes e personalidades, no entanto essas personalidades podem ser expostas de forma distorcida e não real. Ou seja, da mesma maneira que os atores atuam em novelas e filmes, as pessoas podem criar personagens, atuar ao utilizar o Facebook, por exemplo, ao descrever uma rotina ou mesmo postar fotos que não dizem respeito a suas próprias realidades. Os indivíduos são capazes de mostrar ao mundo (através do facebook) uma versão melhorada de suas vidas e deles mesmos. Uma pessoa pode conquistar uma reputação de fã de esportes, por exemplo, quando passa a fazer postagens com comentários relacionados a esse assunto ou pode ainda mostrar que emagreceu, ou que mudou a cor do cabelo com a ajuda de ferramentas de edição de imagens como o Photoshop. Desta forma, as pessoas que acessam esse conteúdo são consumidoras dessas imagens e acabam por aceitá-las, muitas vezes, sem que haja questionamentos. Assim, com o grande número de adeptos do Facebook no mundo inteiro, esse se torna um bom objeto para ser analisado e comparado a Sociedade do Espetáculo de Debord.
Guy Debord mostra em seu filme “A Sociedade do Espetáculo” um trecho dizendo que “o espetáculo em geral, como inversão concreta da vida, é o movimento autônomo do não vivo.” Diz ainda que “o espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens”(DEBORD, 1997, p. 14). Desta forma, esse espetáculo explicado por ele pode ser entendido como a interferência das imagens nas relaçōes sociais entre as pessoas. Com esta afirmação, já se pode fazer uma conexão do Facebook com a Sociedade do Espetáculo uma vez que as imagens disponíveis são elementos de interação entre os usuários. Nessa rede social há três ferramentas principais que possibilitam que os usuários se relacionem e expressem as suas opiniōes com outras pessoas e a respeito de outras pessoas, são eles: curtir, compartilhar e comentar. Desta forma, os usuários podem mostrar aprovação ou desaprovação frente as ideias e postagens de outras pessoas, formando, e expondo, a sua própria identidade dentro da rede social."
Confira o trabalho na íntegra, clique aqui.
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