A continuar com a publicação dos melhores trabalhos das disciplinas de "Sociologia e Comunicação" e "Mídia e Representações da Favela" no blog, apresentamos hoje a primeira de quatro resenhas sobre o filme "Um Dia na Vida", do cineasta Eduardo Coutinho. O aluno Yuichi Inumaru Lange, da primeira matéria, tomou como base os conceitos de Émile Durkheim como coesão e ordem social para analisar os recortes da programação de TV cotidiana que Coutinho transmite em seu discurso. Ele também disserta sobre a premissa da TV aberta enquanto responsável transmissor de ideologias em massa que rege um falso discurso de educador enquanto, na sua grade, rege uma programação voltado ao apelo comercial.
A resenha permite a reflexão proposta pelo diretor e, com certeza, vale a leitura!
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Um dia na vida
O filme de
Eduardo Coutinho, de 2010, é uma seleção de imagens gravadas de vários canais
de TV aberta durante um dia inteiro. O filme é um recorte cirúrgico, que tenta
casar um equilíbrio que dê uma síntese do que passa, em média, na TV brasileira
durante um dia inteiro. O próprio Coutinho, em algumas entrevistas¹, declara-se
espantado com muitas coisas das quais se pode observar sobre o conteúdo reunido
- inclusive comentando que haviam imagens muito piores no entendimento dele,
que resolveu não incluir no filme por isso.
O filme claramente é uma pesquisa
de composição de imagem e montagem, ao escolher trabalhar não com material autoral,
porém de um veículo específico, com a estética do “descartável”. Além de passar
pelo assunto dos direitos autorais, viaja pelas questões específicas do veículo
em questão, na medida em que se apropria de material audiovisual com
finalidades variadas para constituir um filme de longa-metragem.
Pode ser próximo de insuportável
para alguns que rejeitam a TV aberta em favor do dinamismo do conteúdo
disponível online assistir a um filme-compilação de tudo que há de mais
enlatado na TV. Mas o fato é que é exatamente no limiar dessa linguagem que as
coisas ficam mais evidentes – tal como nas representações distópicas ficam mais
evidentes os problemas da realidade, tornando mais acessível seu diálogo.
É difícil analisar o filme de
Coutinho após assisti-lo, portanto, numa TV ou numa janela do youtube, quando de certo modo a ideia
gira em torno da apropriação dessas imagens selecionadas - o mais adequado seria
assistir numa sala de cinema, e análise viria da experiência de ressignificação
produzida por esta configuração. A ideia de Coutinho é genial; entretanto, é um
filme difícil de assistir, chocante para alguns – especialmente para o ano de
2010 (quando foi produzido) e em diante.
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