Mais um trabalho de "Sociologia e Comunicação" ganha destaque no blog com a análise do aluno Luiz Filipe Paz para a telenovela "Saramandaia". Para explicar os conceitos de Émile Durkheim, ele relaciona a trama da narrativa - mais da versão original mas também do remake - com explicação sobre fatos sociais, consciência coletiva, entre outros - citando características e fornecendo exemplos. Há também uma análise dos personagens da novela - como o Coronel Zico Rosado e sua relação com o teor coercitivo em busca do equilíbrio social para alcançar o progresso - que ajudam a compreender melhor parcelas da obra do autor.
Vale muito a leitura! -------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Introdução
O
objeto escolhido por mim para análise junto aos conceitos do sociólogo Émile
Durkheim é a telenovela brasileira “Saramandaia”, de autoria de Dias Gomes.
Relaciono também alguns conceitos com o “remake” da mesma obra, de autoria de
Ricardo Linhares.
Com
“Saramandaia”, Dias Gomes experimentou uma nova forma de se fazer
teledramaturgia, instituindo uma nova linguagem no panorama televisivo
brasileiro: o realismo fantástico.
A
história da novela é simples: os habitantes do vilarejo de Bole-Bole estão
mobilizados em torno de um plebiscito para a troca do nome do local para
Saramandaia. Interesses econômicos e políticos estão por trás dessa discussão
sobre a mudança. Os tradicionalistas (bolebolenses) são comandados pelo coronel
Zico Rosado, enquanto os mudancistas (saramandistas) têm como seu principal
líder João Gibão, que é o próprio autor do projeto da troca de nomes. Dentre os
personagens que permeiam o universo mágico desta obra, podem ser citados os
emblemáticos Seu Cazuza (que põe o coração pela boca), Dona Redonda (que
explode de tanto comer), Professor Aristóbulo (que vira lobisomem nas noites de
lua cheia), Marcina (que pega fogo, literalmente) e os próprios Zico (que põe
formigas pelo nariz) e João Gibão (que esconde um belo par de asas por debaixo
de seu gibão); que por meio desta história ficcional, foram importantes ao
abordarem questões socioeconômicas, culturais e políticas em tempos
ditatoriais, transformando Bole-Bole em um microcosmo da realidade brasileira.
Em
2013, a Rede Globo promoveu um “remake” (nova versão) desta obra, incluindo
novos personagens à trama, como Tibério, Vitória e Tiago Vilar, além de um
santo padroeiro da cidade, o Santo Dias; homenagem ao autor, já falecido, da
primeira versão da novela. Desta vez, porém, os alvos principais das críticas
foram a intolerância e o desrespeito à diversidade em pleno século XXI.
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