quarta-feira, 23 de julho de 2014

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "Pró-Escolha"

Escolhendo um tema denso que ainda é mundialmente debatido em diversas áreas, a aluna Maria Vitória Faza analisou o complexo aborto sob os paradigmas religiosos para seu trabalho final da disciplina "Sociologia e Comunicação". Dialogando com os conceitos de Émile Durkheim e Max Weber, ela dissertou sobre os valores sociais instaurados no catolicismo e evangelho, apontando estatísticas e casos de gravidez não desejada frente às consequências que os dogmas religiosos acarretaram.

Vale muito a leitura!
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 Pró-Escolha

O seguinte texto não pretende abarcar todos os aspectos teóricos/sociais de um tema tão complexo, no entanto, da forma mais concisa possível, pretende abrir margem à reflexão acerca da postura do cristianismo, especialmente das doutrinas católica e evangélica, frente ao aborto, usando de conceitos de Durkheim e Weber, interpretando-os de acordo com a proposta pretendida.

No último dia 22 de maio, o Ministério da Saúde publicou em nota a Portaria de nº415, um complemente à lei 12.845, estipulando que seriam repassados aos hospitais públicos R$443,40 por gravidez interrompida, nos âmbitos legais, custeando os gastos do procedimento nos hospitais do SUS. Além disso, a portaria garantia não só o atendimento humanizado à gestante que precisasse de um aborto, como determinava de uma vez por todas quais os casos em que esse procedimento seria legal, evitando, assim, qualquer argumentação que pudesse ser usada para negar esse tipo de atendimento. Em linhas gerais, a portaria regulamentava a verba que o Ministério repassaria aos hospitais do SUS, de forma a ampliar o acesso ao aborto às vítimas de violência sexual grávidas, gestantes de feto anencéfalo e gestantes em gravidez de risco de vida.

No entanto, no dia 29 de maio (ironicamente, um dia depois de 28 de maio, Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna), a Portaria nº415 foi revogada através da Portaria nº437. O ministro da saúde, Arthur Chioro, declarou que “havia falhas, logo resolveu revogá-la para melhor estudá-la”. Medida que corrobora com a pressão realizada pela bancada evangélica em torno da portaria porque, teoricamente, o texto abriria margem para a realização do aborto em outros casos. Na ocasião, o PSC declarou que recorreria à justiça para revogar a portaria, medida que acabou não sendo necessária.
Apesar de arbitrária, a postura da bancada evangélica não foi aleatória, mas condizentes com os preceitos não só de fé, mas de uma convenção social que condena o aborto. Os dados não são precisos mas, em média, 70% dos brasileiros são contra a descriminalização do aborto. Segundo o site do Estadão, uma faculdade, não especificada qual, de ciências sociais fez o levantamento entre abril e maio de 2010, com 1,2 mil entrevistados. Sendo uma pesquisa quantitativa, nos moldes “Durkheimianos”, é bastante útil para ilustrar, numericamente, o quão o pensamento conservador é partilhado por um contingente considerável de pessoas.



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