domingo, 10 de novembro de 2013

Crônica " Caí do mundo e não sei como voltar"


            Eduardo Galeano e o "Caí do mundo e não sei como voltar"


            Lendo o texto "Caí do mundo e não sei como voltar" do escritor Eduardo Galeano, percebe-se o sentimento de não encaixe que o autor alimenta , vivendo na era do "descartável", das obsolecências programadas e das trocas materiais constantes.
            É um tanto senso comum dizer que pessoas mais velhas tem mania de guardar tudo,qualquer objeto,qualquer caixinha,potes e etc.Mas atravessando o olhar de Galeano, é claro a dificuldade de transposição de mentalidade,para alguém que veio de uma época antes que o tempo útil dos objetos não era tão ultra fulgaz. Quem via "gillettes" transformarem-se em apontadores escolares, dificilmente vai compreender com pouca ansiedade,que deve-se trocar um aparelho celular de 6 em 6 meses,porque o modelo posterior tem diferentes duas ou três funções a mais que o antecessor.
            Amenizando posturas críticas através de colocações com ares de uma nostalgia um tanto "reclamona", impossível não notar o questionamento em relação á consagração a um consumo,em detrimento de soluções inventivas no reaproveitamento dos objetos : "Tuuudo guardávamos! Enquanto o mundo espremia o cérebro para inventar isqueiros descartáveis ao término de seu tempo, inventávamos a recarga para isqueiros descartáveis."
                 A forma com que esse "espírito descartável" vai normatizando as relações mundanas e culturais é motivo de questionamento.Quando se incentiva o "jogar fora", como lidar com a manutenção da noção de memórias coletivas?Como não agir nas relações humanas,como se tudo fosse acabar na próxima "temporada" , para deixar o passado efêmero no fundo não mais de gavetas,mas sim de lixos?
                 Mas como o próprio uruguaio fala , esta é só uma "...uma crônica que fala de fraldas e de celulares...",mas que vale sim,muito a pena ser lida e refletida pelo toque sempre sensível e poético que o autor apresenta:
                  Segue um link para leitura da crônica: