terça-feira, 31 de março de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "Uma Análise Sobre a Alimentação Como Fato Social"

A alimentação é algo tão orgânico ao ser humano que, boa parte do tempo, naturalizamos a prática e deixamos de lado o seu caráter simbólico e social. Partindo daí, Izadora Delforge, aluna de Sociologia e Comunicação, faz uma análise interessantíssima da alimentação enquanto fato social, de acordo com o conceito desenvolvido por Durkheim. 

Através de exemplos curiosos e interessantes, Izadora faz um breve apanhado histórico para ilustrar como a alimentação é construída socialmente - estando intimamente ligada à questões políticas, religiosas, de classe social, de gênero, dentre outras - e como o ser humano, a todo tempo, ressignifica o hábito de se alimentar, baseando-se nas suas necessidades sociais. 


"O alimento sempre foi algo natural, inerente ao ser humano. Anterior ao hábito, ao costume, alimentar-se é uma necessidade fisiológica dos seres vivos. No entanto, o homem transformou a partir de processos culturais como o uso do fogo e a domesticação (agricultura e pecuária), o simples hábito de nutrir-se e com isso inclui-o nos fatores da vida que não pertencem à ordem natural, mas a ordem artificial, cultural, das coisas (MONTANARI, 2008, p.15). No entanto, para Durkheim (1980, p.389) a alimentação não se encaixa no conceito de “Fato Social” uma vez que “Todo indivíduo come, bebe, dorme, raciocina, e a sociedade tem todo o interesse em que essas funções se exerçam regularmente. Portanto, se esses fatos fossem sociais, a sociologia não teria objeto próprio, e seu domínio se confundiria com o da biologia e da psicologia.”. Para serem considerados como tal, esses fatos seriam formados por um conjunto de instituições, como a religiosa, familiar, as quais submeteriam o sujeito de acordo com um conjunto de morais, regras, e comportamentos secularmente consolidados, transformados em hábitos, costumes e tradições, ensinados sistematicamente ao individuo e passado de geração em geração através dos modelos culturais de cada grupo social. Dessa forma, é preciso repensar a alimentação como sendo pertencente ao grupo de “fatos sociais” classificados por Durkheim."

Texto ótimo, confira na íntegra aqui.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "'Um Estranho no Ninho': Uma análise sociológica e cultural"

Gustavo Capris traz em seu trabalho uma discussão muito importante acerca do sistema manicomial na sociedade. O aluno analisa o filme Um Estranho no Ninho e, a partir da ótica dos autores George Simmel e Émile Durkheim, traça seu raciocínio em relação à padronização social do ser humano.

A partir do conceito de consciência coletiva, desenvolvido por Durkheim, Gustavo trata a relação do indivíduo com a sociedade, tendo como exemplo no filme a coibição dos personagens internados no manicômio para que se adequem à sociedade. Outro conceito que o aluno aborda é o de indivíduo quantitativo e qualitativo, desenvolvido por Simmel, que trata da subjetividade do ser humano enquanto indivíduo com preferência e modos de pensar particulares.

Cena do filme Um Estranho no Ninho

"O filme de 1975, “Um estranho no ninho” (“One flew over the cuckoo’s nest”, do título original), dirigido pelo checo Milos Forman e estrelado pelo americano Jack Nicholson, narra a história de McMurphy, um boa-vida que, para livrar-se de ser preso novamente, alega insanidade mental a fim de ser encaminhado a um sanatório por alguns meses. Ao ser internado, o personagem logo descobre a dura realidade do lugar e das pessoas que lá vivem, sendo submetido a severos tratamentos experimentais e, em paralelo, reconhecendo o lado humano dos internos, os quais são vítimas de abuso e descaso por parte do sistema manicomial.

Sob a ótica sociológica e cultural do pensador alemão Georg Simmel e do francês Émile Durkheim, é possível analisar pontos pertinentes salientados na obra como a crítica ao próprio sistema manicomial, as relações pessoais e com o meio, a não aceitação aos padrões sociais de comportamento e interações, e a instabilidade emocional dos personagens."

Confira o trabalho na íntegra aqui.

terça-feira, 24 de março de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "O funk ostentação e os conceitos de Pierre Bourdieu"

Clarisse Gilly, da turma de Sociologia e Comunicação, faz uma análise muito interessante sobre o funk ostentação. Ao contextualizar o surgimento do gênero musical a partir da ascenção social das classes C e D, a aluna destaca os processos sociológicos que permeiam tal gênero. 

Utilizando os estudos de Pierre Bourdieu e sua concepção acerca da sociedade, Clarisse explica como os sujeitos que fazem parte do universo do funk ostentação, tendo como referência a classe A, se utilizam de bens materiais, visando a distinção entre classes. Nesse sentido, há uma reapropriação dos hábitos de consumo da classe mais alta, porém, como esses hábitos não são orgânicos da classe ascensora, ela é deslegitimada por parte da sociedade, precisando disputar constantemente o direito à afirmação desse estilo de vida.

Sendo assim, a aluna conclui o seu trabalho defendendo que deve-se olhar para o funk ostentação e analisá-lo com toda sua bagagem social e não apenas julgar se é bom ou ruim.

Foto: MC Guime

"O funk ostentação surgiu em meados de 2008 e desde que adquiriu visibilidade em proporções nacionais, se tornou alvo de intensas críticas e discussões acerca da sua função social.

O objetivo deste trabalho é colocar em evidência as questões e os processos sociológicos que o permeiam, a partir da relação com alguns conceitos de Pierre Bourdieu, desenvolvendo argumentos que justifiquem a necessidade de se buscar compreender como se deu a construção do gênero, a partir do contexto no qual surgiu – de mobilidade social e a ascensão da nova classe média.

Observamos na última década uma mudança considerável no cenário socioeconômico do país. O acesso a bens de consumo se tornou mais fácil, na mesma medida em que a renda das classes menos favorecidas aumentou. No entanto, esse aumento da renda e do consumo de bens como celulares, automóveis e roupas de marca, não significa que houve necessariamente uma melhora na qualidade de vida desses indivíduos da periferia. Muitas vezes se prioriza a aquisição de bens materiais que, no sistema capitalista atual, conferem ao sujeito maior status dentro da estrutura, e o funk ostentação é um objeto cultural interessante para se estudar esse fenômeno."

Confira o trabalho completo aqui.

domingo, 22 de março de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais

Nívea Fernandes, da turma de Sociologia e Comunicação, analisa em seu trabalho como o padrão heterossexual e a família tradicional tentam, a partir de uma consciência hegemônica, deslegitimar a luta pelos direitos homossexuais.

Para isso, a aluna se pauta no gênero e na sexualidade como construções discursivas e históricas, como afirma Judith Butler, e utiliza os autores Émile Durkheim e Daniel Borrilo para demonstrar como o indivíduo que não segue o padrão heteronormativo é repreendido pela sociedade.



"O cenário político atual tem como um dos debates centrais a questão da homossexualidade e a constituição familiar, que por se tratar de um tema emblemático evoca uma discussão que vai além das bancadas dos congressos e invade os setores da mídia e da sociedade civil. Partindo do pressuposto de que o gênero, e a sexualidade são “construções discursivas e históricas” (BUTLER, 2010) que tendem a formar um padrão e emitir a ideia de naturalização destas construções, a homossexualidade ocupa um lugar de estigma (GOFFMAN, 1988), que é frequentemente reprimido por se encontrar fora do padrão heterossexual socialmente reconhecido. Dentro das categorias empregadas acerca do estudo da sociedade e suas formas de estruturação, destaca-se o conceito de “consciência coletiva”, desenvolvida pelo cientista Émile Durkheim, a partir do qual é possível compreender os fenômenos que envolvem o debate sobre a homossexualidade e a constituição da família."

Confira o trabalho na íntegra aqui.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "O conceito de ações sociais de Weber e sua prática no facebook"

Seguimos postando os trabalhos do semestre passado.

Thomas Mariano, aluno de Sociologia e Comunicação, analisou o uso cotidiano do facebook, demonstrando como nos portamos como "atores sociais", de acordo com o conceito desenvolvido por Weber.


"Esse trabalho tem como finalidade aplicar e correlacionar o conceito de 'Ações Sociais' contido na visão de sociologia do alemão Max Weber nas atuais práticas cotidianas do Facebook, a maior rede social virtual do século XXI.

Diferente de Durkheim e Marx, Weber traz uma visão de sociedade chamada de sociologia 'compreensiva', na qual entende as estruturas sociais como dependentes das ações de seus indivíduos ­ cujo objeto de estudo é a ação social destes. Para Weber, a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto de ações individuais. Estes indivíduos realizam suas ações vinculadas às ações de outros, no momento do agir levando em consideração o comportamento dos outros: é isso que faz da ação, uma ação social. A estes indivíduos é dado o nome de 'atores sociais' pois uma única pessoa pode agir de diferente maneiras, atuar diferentes papeis sociais dependendo do contexto, estímulo comportamental do outro e compartilham de significados comuns. Como exemplo temos um jovem rapaz universitário, filho, estagiário e amigo. Um único cidadão vivendo em sociedade com diferentes pessoas e lugares, o comportamento que é estimulado em casa muito provavelmente se distancia do da faculdade com seus amigos assim como com seu chefe no estágio."

Confira o trabalho completo aqui.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "'Ladra Gata': Uma visão do machismo na imprensa"

O trabalho que segue é do Pedro Henrique, também da turma de Sociologia e Comunicação.

O aluno analisou uma matéria que saiu no portal de notícias UOL, em novembro de 2014. Passando por questões que refletem os conceitos de sociedade de classes e hegemonia, Pedro destaca o conteúdo machista presente na matéria e complexifica a abordagem midiática sobre a mulher que frequentemente se repete.


"No último dia vinte e sete de novembro (2014) foi noticiada na mídia a prisão de uma jovem. Ela foi intitulada “ladra gata”, por conta de sua beleza. Pensando no caso e analisando a reportagem do site Uol, o trabalho a seguir é um reflexo dos estudos realizados na disciplina Sociologia e Comunicação, ministrada pela professora Ana Lucia Enne.

Ela é bacharel em direito, é loira, está dentro dos padrões de beleza estabelecidos pela sociedade. Conseguiria facilmente passar desapercebida dentro da lógica de “ela não tem cara de bandida”. O problema é que ela foi pega. Ou melhor, foi pega e considerada gata."

Confira o trabalho na íntegra aqui.

sábado, 14 de março de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "O advento dos aplicativos de relacionamentos e sua representação social"

O próximo trabalho a ser divulgado foi feito pela Luiza Pion, da turma de de Sociologia e Comunicação. A aluna faz uma breve análise sobre as relações afetivas contemporâneas, mediadas por ferramentas criadas a partir das novas tecnologias de comunicação e informação. Para isso, Luiza utiliza questões desenvolvidas por Bauman, Bourdieu e Weber.

Amor moderno...
- Foi bom pra você??!

"Com a popularização da internet nos smartphones, algumas ferramentas comuns que eram apenas usadas nos computadores, foram desenvolvidas para que se criassem diversos tipos de aplicativos; seja para se aprender a cozinhar, editar fotos, ler online... enfim, qualquer coisa dos mais variados interesses. Obviamente, tratando-se de relações humanas, não demorou muito para se criar algo que suprisse nossa vontade de se relacionar afetivamente. Hoje em dia, para ter um aplicativo de “paquera” basta “baixá-lo” no seu celular, e um mundo de opções se abre. Algumas pessoas acreditam que com esse novo advento nos celulares, conquistar alguém se torna muito mais fácil. No entanto, pode ser mais complicado do que parece, uma vez que de certa forma, esse tipo de relação se transforma em algo superficial e facilmente descartável."

Confira o trabalho completo aqui.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Lançamento da Revista DR - Uma revista de política e cultura feita por mulheres.

Domingo passado, dia 8 de março, foi o lançamento da Revista DR. Não à toa, na data intitulada como "Dia Internacional da Mulher", a Revista chegou metendo o pé na porta para reafirmar o quão importante é a criação de canais de informação que possam promover o diálogo e a troca dentro da comunidade feminina. Anti-capitalista e feita por mulheres, a DR aborda temas de cunho político e cultural, tendo como objetivo desconstruir questões sociais enraizadas, atentando sempre ao poder do discurso e buscando o empoderamento feminino.


Além do conteúdo indispensável, a revista foi muito bem produzida e dá gosto de ler e ver. O projeto conta com os textos de Mariana Patrício, Thamyra Thâmara de Araujo, Fernanda Bruno, Tatiana Roque, Barbara Santos, Oiara Bonilla e Ana Kiffer (foto acima), além de convidadas a cada edição. E a número 1 conta com a participação da coordenadora do GRECOS, professora Dra. Ana Lucia Enne.

Saiba mais no site www.revistadr.com.br e não deixe de conferir a primeira edição da DR aqui.

terça-feira, 10 de março de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "Análise da canção 'Royals' e a Ideologia segundo Marx"


Passado o longo período das férias, o Blog está de volta com as postagens sobre os trabalhos finais das disciplinas oferecidas pela professora Ana Enne no último semestre - não esquecemos, não!

Para dar início às postagens, segue o trabalho do Pedro Marinho, aluno de Sociologia e Comunicação. Pedro analisou a música Royals, da cantora Lorde. Tendo como base alguns conceitos de Marx, ele conseguiu identificar na letra da música uma crítica à sociedade de classes, retratada, nesse caso, pelo viés da ideologia da classe dominante.




"Desde 2012, a cantora Ella Yellich-O’Connor, conhecida pelo nome artístico Lorde, vem chamando a atenção do grande público e da mídia através de músicas de sua própria autoria que levantam reflexões sobre a sociedade, a passagem do tempo, a relação das pessoas com o dinheiro, círculos sociais e a superexposição, sob um ponto de vista característico da juventude. Nascida em 1996 e criada no subúrbio de Devonport, Auckland, Nova Zelândia, deixa bem marcado em suas composições exemplos de como o lugar de onde vem é pequeno, simples e humilde, em contraste a todo o luxo e riqueza que ela sempre viu na televisão. Desse contraste, nasce a música “Royals”, que logo tornou-se um estrondoso sucesso internacional para a cantora de na época apenas dezesseis anos."

Confira o trabalho do Pedro na íntegra aqui.