sábado, 21 de novembro de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "Culturão 2000"

O grupo formado pelos alunos Isabella Oliveira, Laila Arêde, Laura Spíndola, Luiz Filipe Paz, Mateus Pereira, Raul Carneiro e Thayanne Torres produziu um vídeo muito bacana para a aula de Comunicação e Cultura Popular.

Inspirados pelo vídeo "Gaiola das Cabeçudas" do programa Comédia MTV, que fez sucesso em 2010, os alunos fizeram uma paródia musical a partir de funks de sucesso, ilustrada por famosas cenas do cinema cult. O objetivo do grupo é abordar a questão do hibridismo cultural desenvolvida por Canclini a partir de elementos que são classificados como opostos e tem grande peso simbólico em relação à delimitação de classes.


para assistir o vídeo em alta qualidade, acesse o link - https://vimeo.com/144399372

"A proposta deste trabalho é a criação de um vídeo no qual valores e estruturas “eruditos” e “populares” vão se encontrar na formação de um objeto culturalmente híbrido. A intenção por trás do desenvolvimento desta produção é ressaltar o debate acerca do processo de segregação dos universos “erudito” e “popular”, com o objetivo de se questionar tal distinção.  Para tal, é necessário se fazer uma reflexão acerca da definição do que conhecemos por cultura, além de conceitos associados à sua estruturação, tais como reconstrução, hibridismo, (re)apropriação, entre outros.

O vídeo “Culturão 2000” é constituído por imagens de filmes consagrados do cinema – cenas de danças –, acompanhadas pela trilha sonora formada por ritmos e batidas que caracterizam o Funk. A letra da composição traz um conjunto de referências à base teórica desenvolvida ao longo da matéria de Comunicação e Cultura Popular II e frases, melodias e paródias de alguns dos funks mais emblemáticos e conhecidos pela nossa sociedade. É válido ressaltar que os principais pontos abordados e explanados neste trabalho são demonstrados não somente no desenvolvimento da letra, mas também perfeitamente ilustrados na própria estrutura da composição em si, que é formada por uma inusitada junção dos diferentes conteúdos anteriormente indicados."

Confira a letra da música abaixo e o trabalho na íntegra aqui.

Culturão 2000

Solta o rap, DJ! (gritos de estímulo)

"Eu só quero é ser feliz/
Falar com Bourdieu e viajar lá pra Paris, é/
Que cultura popular/
Tem sua importância e devemos estudar" 

Fé em Deus! (gritos de estímulo)

"Parrapapapapapapapá pá pá
Parrapapapapapapapá pá pá

Dizem que cultura é ruim de entender/
Mas com a Ana Enne, 'vamo' aprender, é
Pensamento iluminista vou dizer como é que é/
Funk no Brasil é coisa de ralé/
Pra subir nesse conceito só se for Vivaldi/
Mas no batidão os 'burguês' invade"

Quer saber? (gritos de estímulo)

"Stuart Hall bem dizia/
Que a cultura é central/
Mas não podemos dizer/
Que tem sentido geral/
Que no dia a dia/
Substantiva ela é/
A cultura é discurso/
Crenças, costumes e fé"

"Era só mais um Pablo/
Que a estrela não brilha/
Ele era sofrência/
Mas não iluminista"

Rala Aculturada!

"Conhecimento só é bom pra iluminista/
No romantismo: pensamento saudosista/
Nenhum dos dois aceita reapropriação/
Pega sua ideia e vai pra..." 

“Esse é o Bakthin/
Um moleque estudioso/
Vem pra cá, iluminista/
Já entendi esse seu jogo

Se falar de cultura/
Tem que ter hibridismo/
E reapropriação/
Vai ter que misturar/
E se interligar/
Tem que ser no plural/
Não há conceito total.

"Tava no Louvre/
Avistei Gioconda no hall/
Sabe de quem lembrei?/
Hall, Hall, 
Stuart Hall, Hall, Hall
Stuart Hall, 
Hall, Hall"

Piririm, Piririm, Piririm/
Alguém ligou pra mim/
Piririm, Piririm, Piririm/
Alguém ligou pra mim/

Quem é?

Sou eu, Martin-Barbero/
Tô aqui pra misturar/
Diz aí Nestor Canclini/
Partiu relativizar

Cultura é conhecimento?/
Não, não, vamos pensar/
Cultura é conhecimento?/
Não, não, vamos pensar

Tem que ter mediação/
Tem que ter reconversão/
Tem tem que ter apropriação/
Essa é nossa conclusão.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "As Ideologias do Primeiro Vingador"

Caio Melo, aluno de Sociologia e Comunicação, faz uma análise do Capitão América, super-herói de quadrinhos criado pela Marvel Comics. A partir do conceito de ideologia desenvolvido por Karl Marx, o aluno demonstra como a editora norte-americana constrói estrategicamente um personagem que viria a se tornar um tipo ideal de norte-americano em pleno período de guerras.


"Em março de 1941, no auge da Segunda Guerra Mundial, surgia nas bancas uma história sobre um super-soldado americano cujo poder mais atraente para a época não era sua super-força ou sua resistência e sim seu patriotismo: o Capitão América. Captain America Comics #1, criado por Joe Simons e Jack Kirby, introduziu ao seu público as primeiras aventuras de Steve Rogers em quatro pequenas histórias. Rogers era um homem fraco e frágil que, mesmo desejando, não possuía as habilidades necessárias para integrar o “bondoso” exército americano, sendo rejeitado no momento de sua inscrição. No entanto, ele fora escolhido como cobaia de um projeto de super-agentes, desenvolvido pelos cientistas estadunidenses, que consistia em um soro que aumentava as habilidades físicas e mentais dos escolhidos.

Captain America Comics foi um sucesso imediato, surpreendendo a Timely Comics (mais tarde, a empresa se tornaria a, hoje mundialmente famosa, Marvel Comics), que logo tratou de dar continuação às histórias do herói. Em mais de 70 anos de história, o Capitão América dos quadrinhos já sofreu dezenas de reimaginações e hoje acumula centenas de edições publicadas, além de protagonizar uma série de adaptações homônimas, sendo os filmes de 2011 (Capitão América: O Primeiro Vingador) e de 2014 (Capitão América: O Soldado Invernal) as mais famosas.

Neste trabalho, farei uma análise de passagens da primeira edição de Captain America Comics; analisarei o porquê de a história ser retratada da maneira que foi, levando em conta o contexto de sua publicação, me utilizando da definição de ideologia de Karl Marx."

Confira o trabalho na íntegra aqui.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "Martin Dressler e o hiperestímulo do início do século XX"

Hilton Marques, aluno de Sociologia e Comunicação, analisou o livro "Martin Dressler: a história de um sonhador americano", escrito por Steven Millhausser no final do século XX. O romance conta a trajetória de um jovem novaiorquino desde o início da sua vida profissional como assistente na loja de seu pai até a consolidação do seu negócio no ramo hoteleiro.

O aluno chama atenção para as dificuldades que o protagonista começa a enfrentar ao se deparar com uma sociedade altamente globalizada, com um fluxo de informações transbordante, e vê o seu negócio perder força. Hilton compara essa situação com a questão do hiperestímulo, trabalhada por Ben Singer e George Simmel, fenômeno típico das metrópoles modernas.


"Martin Dressler: a história de um sonhador americano, escrita em 1996 por Steven Millhauser, conta a trajetória de um jovem empreendedor de origem alemã na cidade de Nova York do início do século XX. Martin trabalha com seu pai desde pequeno em uma tabacaria. Disposto a melhorar os serviços do negócio, sempre propõe alguma coisa criativa para atrair mais clientes (como uma árvore de natal com charutos nos ramos dos pinheiros). Devido à sua disposição para o trabalho, Martin é logo convidado a trabalhar como mensageiro em um luxuoso hotel próximo a tabacaria de seu pai, fazendo-o se encantar pela rotina hoteleira, sendo logo promovido a gerência.

Anos depois, Martin adquire, com as economias guardadas ao longo dos anos de seus honorários tanto do hotel quanto da tabacaria, um espaço que decide transformá-lo em hotel. Sempre bem sucedido em seus empreendimentos, Martin se lança a novos desafios na metrópole. Logo abre mais dois hotéis, com estruturas cada vez mais suntuosas e impactantes, e um deles (chamado Grand Cosmo) seria um dos grandes desafios e a razão da sua crise."

Leia o trabalho completo, clique aqui.

domingo, 15 de novembro de 2015

Comunicação e Cultura Popular - Trabalhos Finais: “'Em Brasília, hora de dançar Ska!' O que há por trás da versão de 'O Guarani' produzida pelo grupo Orquestra Brasileira de Música Jamaicana"

Camila Santos, da turma de Comunicação e Cultura Popular, teve como objeto de estudo a versão da obra "O Guarani" gravada pela Orquestra Brasileira de Música Jamaicana, originalmente lembrada pela composição de Carlos Gomes.

Marcada por ser tema de abertura do programa "A Voz do Brasil", a canção composta em 1860 ganhou nova versão em 2010. Em seu trabalho, a aluna utiliza autores como Stuart Hall e Néstor García Canclini a fim de explicar os processos de hibridização pelos quais a obra passou.

Confira a composição original e a nova versão pela OBMJ.



"O ano era 2010. Eu estava em uma reunião de amigos quando meu celular tocou: “PAAAN, PAAAN, PAN PAN PAN, PAAAN, PAN PAN PAN, PAAAN, PAAAN, PAAN...”. Todos se assustaram com a música escolhida para o toque e acharam graça. Disseram frases do tipo “De quem é esse celular?”, “Credo! De onde tá vindo isso?”, “Eu tenho medo dessa música!”, entre risadas. Na época, tinha acabado de conhecer a Orquestra Brasileira de Música Jamaicana, banda responsável pelo toque do meu celular, e estava bastante empolgada com a descoberta. A “medonha” canção em questão era “O Guarani”, famosa por abrir o programa de rádio “A Voz do Brasil”. Este foi instituído nas transmissões radiofônicas em 1935, durante a gestão do ex-presidente Getúlio Vargas, com o intuito de noticiar as ações positivas do governo. Em 1939, o programa passou a ser obrigatório em todas as rádios brasileiras, indo ao ar na faixa das 19 horas, situação ainda em vigência. 

A reação das pessoas presentes no encontro é praticamente unanime, principalmente daquelas nascidas em décadas mais recentes, ouvintes de estilos musicais nascidos e presentes no século XX e início do XXI (Pop, Samba, Rock, Funk, Rap, Jazz, etc). O início forte de “O Guarani”¹, ópera composta por Carlos Gomes na década de 1860, inspirada no romance homônimo de José de Alencar, causa estranhamento a quem não está habituado ao estilo musical clássico. Além disso, o fato de não haver flexibilidade no horário de “A Voz do Brasil” incomoda tanto ouvintes quanto empresários da rádiotransmissão brasileira. Os primeiros por, no geral, acharem o programa desinteressante, interrompendo a programação de suas emissoras preferidas e seu lazer. Já para o segundo grupo, o fato de “A Voz do Brasil” não ser agradável para a maior parte da audiência faz com que ela caia em um período de pico, pois muitos desligam o rádio nesse horário, trazendo prejuízos. Por estar há quase um século como abertura de “A Voz do Brasil”, “O Guarani” tornou-se diretamente relacionada ao programa. Logo, se ele é considerado enfadonho e é repudiado, a música também passou a ser."

Veja o trabalho inteiro aqui.

sábado, 14 de novembro de 2015

Comunicação e Cultura Popular - Trabalhos Finais: "BRT e o Uso do Calote nos Transportes Coletivos. Estratégias e Táticas sobre a Mobilidade no Rio de Janeiro".

João Vitor Santos, aluno da turma de Sociologia e Comunicação, morador da Penha e estudante em Niterói, refletiu sobre seu cotidiano com o transporte público para realização desse trabalho. Ao notar que o valor necessário para realizar esse trajeto corresponde a cerca de 70% do salário mínimo atual, o aluno resolveu analisar o calote nos transportes coletivos.

Para sua análise, João utilizou na bibliografia autores como Michel de Certeau, Néstor García Canclini, Stuart Hall e Carlo Ginzburg para demonstrar como o calote tem fundamento e é usado como tática por sujeitos que dispõem de poucos recursos para driblar as estratégias impostas pelos grupos mais poderosos da sociedade, nesse caso, o governo e as concessionárias responsáveis pela administração das linhas de transportes coletivos no Rio de Janeiro.

Foto: JV Santos

"Pegar um ônibus na Penha até o Santo Cristo, na altura da Rodoviária Novo Rio. De lá embarcar em outro ônibus até o terminal rodoviário de Niterói. Se sobrar grana e faltar disposição para a caminhada – o que raramente acontece – embarcar em outro ônibus até a Praça da Cantareira. Somando ida e volta desse trajeto chegamos a R$ 26,80 por dia apenas com a mobilidade do bairro da Penha na zona norte do Rio até a Universidade Federal Fluminense, no início de Niterói. Se levarmos em consideração os 5 dias de aula, durante as 4 semanas do mês chegamos a R$ 536,00 por mês. Esse valor dá conta de cerca de 70% do atual salário mínimo. Optei por analisar um recorte do que tenho visto como um importante fenômeno na mobilidade na cidade, o uso do calote no BRT (Bus Rapid Transit), levando em consideração essa matemática que realizo todos os dias para me locomover de onde moro até onde estudo e  principalmente pela convivência cotidiana com a gente miúda espalhada por essa cidade. “Uma multidão móvel e contínua, densamente aglomerada como pano inconsútil, uma multidão de heróis quantificados que perdem nomes e rostos tornando-se a linguagem móvel de cálculos e racionalidades que não pertencem a ninguém. Rios cifrados da rua” como diz Michel de Certeau em “A Invenção do Cotidiano”. 

Desde os tempos dos pingentes nos bondes, passando pelos surfistas de ônibus e de trem até o atual momento no BRT, o calote pode ser visto enquanto uma maneira de uso do transporte coletivo, pois possui formalidade e inventividade próprias, subvertendo a estrutura, muito distante da passividade do consumidor-esfinge citado por Michel de Certeau. Astúcia Multimilenar, o calote aproveita as ocasiões e delas depende, é um movimento dentro do campo de visão do inimigo, que dispõe de vantagens espaciais, observacionais/visuais e científicas/técnicas que tornam esse inimigo, no caso a lei transvestida de catraca/fiscal/policial, ainda mais poderoso. Leio o calote como uma cultura popular muito inspirado pelas reflexões de Stuart Hall em suas Notas sobre a Desconstrução do Popular, ao afirmar o popular na cultura como uma arena de disputa contra hegemônica, um dos locais onde o socialismo pode ser construído e não apenas expressado como uma coisa pronta. De forma muito sensível Certeau afirma que “o que aí se chama sabedoria, define-se como trampolinagem, palavra que um jogo de palavras associa a acrobacia do saltimbanco e à sua arte de saltar no trampolim, e como trapaçaria, astúcia e esperteza no modo de utilizar ou de driblar os termos dos contratos sociais. Mil maneiras de jogar/desfazer o jogo do outro, ou seja , o espaço instituído por outros, caracterizam a atividade, sutil, tenaz, resistente, de grupos que, por não ter um próprio, devem embaraçar-se em uma rede de forças e de representações estabelecidas. Tem que “fazer com”."

Confira o trabalho na íntegra, clique aqui.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Comunicação e Cultura Popular - Trabalhos Finais: "Botasoho"

Emanuela Nóbrega, aluna de Comunicação e Cultura Popular, analisou uma situação cotidiana vivida por uma amiga e desenvolveu um trabalho muito bacana de ler. 

Não vou contar a situação para não estragar a graça de ler o trabalho, mas posso adiantar que a aluna exemplifica muito bem os processos de hibridização, estudados por Néstor García Canclini, que atravessam a sociedade contemporânea e se concretizam em cenários banais do cotidiano. Além disso, a partir do pensamento de Michel de Certeau, Emanuela também trabalha a questão da re-apropriação cultural através de artimanhas desenvolvidas por  sujeitos inseridos em uma lógica social desigual, mas que buscam reverter essa questão através da astúcia.


"Este trabalho vai discorrer sobre uma anedota do cotidiano do espaço urbano contemporâneo. Ambientada no Rio de Janeiro, mais especificamente, no bairro de Botafogo, aconteceu um diálogo que chegou aos meus ouvidos por uma amiga que tinha vivenciado a experiência. Ela, moradora do bairro há anos, foi comprar uma mudinha de planta quando se deparou com o preço exorbitante de vinte reais por ela. Indignada, perguntou ao vendedor o que tinha acontecido já que estava acostumada a pagar apenas 3 reais pelas mudinhas. A resposta dele foi sublime: “Sabe como é, né? Botasoho. Agora todo mundo quer ter hortinha em casa.”, disse ele com um tom malandro.

Se contra fatos não há argumentos, a comparação muito bem colocada faz alusão ao bairro originalmente londrino que também tem sua versão nova iorquina. Por mais que em Nova Iorque o Soho seja uma abreviação de South of Houston, ambos espaços urbanos tem similaridades no sentido de que foram áreas revitalizadas. Em Londres,
“É um distrito de entretenimento que, durante a última parte do século XX, adquiriu certa reputação devido aos seus sex shops e por sua vida noturna, assim como à indústria cinematográfica.
Desde o início da década de 1980 a área passou por uma transformação considerável, e é atualmente um distrito moderno, com restaurantes finos e escritórios de empresas da mídia, com alguns poucos estabelecimentos ainda ligados à chamada indústria do sexo no lado oeste da área.”
Sobre o Soho de NY:
“Notável por ser o local onde muitos artistas possuem lofts. No bairro existem galerias de arte, e também, mais recentemente uma grande variedade de lojas e estabelecimentos comerciais que vão desde boutiques de moda a lojas de luxo nacional e cadeias de lojas internacionais. A história da região é um exemplo arquetípico de regeneração do centro da cidade, abrangendo desenvolvimentos sócio-econômicos, culturais, arquitectónicos e políticos.”

Podemos concluir, portanto, que são espaços de uma boemia abastada, de artistas de classe média, centros comerciais de dia e cenário para quem gosta de aproveitar a noite. Com resquícios da origem boêmia, criou-se uma aura elegante nesses bairros que passaram a ser polo de consumo daquilo que está despontando nas listas sociais do que vale a pena consumir. Ou seja, daquilo que está na moda."

Confira o trabalho na íntegra aqui!

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "O facebook e a Sociedade do Espetáculo"

Beatriz Marques, aluna de Sociologia e Comunicação, descreve como o facebook se encaixa perfeitamente como uma ferramenta da "sociedade do espetáculo", conceito desenvolvido por Guy Debord.

Beatriz analisa como os usuários se apropriam da rede para criar uma imagem pessoal que, dificilmente, irá refletir a sua verdadeira aparência física ou personalidade. A aluna apresenta o argumento de que os sujeitos tendem a retratar mais características positivas que negativas, definidas pelo senso comum. A partir daí, a aluna exemplifica nos conceitos de Debord como as demandas da pós-modernidade, influenciadas diretamente pela sociedade do consumo, atravessam e são atravessadas pela questão da representação midiática.



"O produto midiático a ser analisado é o Facebook. Essa é uma rede social na qual as pessoas criam um perfil próprio e podem conectar-se a outros usuários adicionando-os como amigos, por exemplo. Os adeptos do Facebook trocam mensagens e recebem notificações, compartilham fotos e podem participar de grupos de interesse como grupos relacionados ao trabalho e a escola. Além disso, os usuários podem postar imagens e comentários que exponham e caracterizem as suas opiniōes e personalidades, no entanto essas personalidades podem ser expostas de forma distorcida e não real. Ou seja, da mesma maneira que os atores atuam em novelas e filmes, as pessoas podem criar personagens, atuar ao utilizar o Facebook, por exemplo, ao descrever uma rotina ou mesmo postar fotos que não dizem respeito a suas próprias realidades. Os indivíduos são capazes de mostrar ao mundo (através do facebook) uma versão melhorada de suas vidas e deles mesmos. Uma pessoa pode conquistar uma reputação de fã de esportes, por exemplo, quando passa a fazer postagens com comentários relacionados a esse assunto ou pode ainda mostrar que emagreceu, ou que mudou a cor do cabelo com a ajuda de ferramentas de edição de imagens como o Photoshop. Desta forma, as pessoas que acessam esse conteúdo são consumidoras dessas imagens e acabam por aceitá-las, muitas vezes, sem que haja questionamentos. Assim, com o grande número de adeptos do Facebook no mundo inteiro, esse se torna um bom objeto para ser analisado e comparado a Sociedade do Espetáculo de Debord. 

Guy Debord mostra em seu filme “A Sociedade do Espetáculo” um trecho dizendo que “o espetáculo em geral, como inversão concreta da vida, é o movimento autônomo do não vivo.” Diz ainda que “o espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens”(DEBORD, 1997, p. 14). Desta forma, esse espetáculo explicado por ele pode ser entendido como a interferência das imagens nas relaçōes sociais entre as pessoas. Com esta afirmação, já se pode fazer uma conexão do Facebook com a Sociedade do Espetáculo uma vez que as imagens disponíveis são elementos de interação entre os usuários. Nessa rede social há três ferramentas principais que possibilitam que os usuários se relacionem e expressem as suas opiniōes com outras pessoas e a respeito de outras pessoas, são eles: curtir, compartilhar e comentar. Desta forma, os usuários podem mostrar aprovação ou desaprovação frente as ideias e postagens de outras pessoas, formando, e expondo, a sua própria identidade dentro da rede social."

Confira o trabalho na íntegra, clique aqui.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "Análise do filme 'Eu, você e a garota que vai morrer' a partir de conceitos de Zygmunt Bauman"

Nina Oyens, da turma de Sociologia e Comunicação, trabalhou um dos conceitos chaves de Zygmunt Bauman: a modernidade líquida. Para isso, a aluna usou como objeto de análise o filme "Eu, você e a garota que vai morrer", do diretor Alfonso Gomez-Rejon, baseado no livro homônimo escrito por Jesse Andrews.

Em seu trabalho, Nina analisa o comportamento dos três personagens principais, adolescentes, diante da sociedade contemporânea, fortemente marcada pela volatilidade das relações interpessoais. A partir do ponto de vista do protagonista, a aluna demonstra como o jovem, inserido na lógica ambígua que consiste entre ser livre e ficar só ou ter companhia e se prender, se porta diante de uma situação inesperada por ele.

Trabalho muito bacana para refletirmos o modo como construímos, mantemos e desconstruímos as nossas relações interpessoais e como elas são afetadas pelas questões sociais da pós-modernidade.



"O filme norte-americano “Eu, você e a garota que vai morrer” (título original: “Me and Earl and the dying girl”), baseado no livro de mesmo nome, retrata a vida de Greg em seu último ano de Ensino Médio, através de uma narração introspectiva e autorreflexiva em primeira pessoa pelo personagem principal. O filme apoia-se muito em seus diálogos, logo, os diversos relacionamentos entre personagens são o foco principal, especialmente a relação entre Greg e Rachel, sua colega de classe que descobre ter leucemia. Não há, contudo, envolvimento amoroso entre os dois, como Greg afirma diversas vezes pelo filme: “isso não é um história comovente de amor”. Em vez disso, Rachel torna-se sua primeira "oficial" amizade, já que o menino tem uma extrema dificuldade em aproximar-se das pessoas e chamá-las de “amigo”. Isso fica claro quando ele introduz seu melhor amigo de infância como um “colega de trabalho”, já que os dois fazem filmes juntos. Seu medo de se apegar aos outros leva-o a querer tornar-se invisível aos olhos de seus colegas de escola, mas sua nova amizade muda completamente sua percepção em torno de relacionamentos, do futuro incerto e da morte (uma resenha mais completa a respeito do livro pode ser encontrada ao final do trabalho). Tais questões podem ser amplamente analisadas através das lentes do pensamento do sociólogo Zygmunt Bauman, especificamente em sua obra “Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos”.

Já no prefácio de seu livro, Bauman traz a ideia de que, ao mesmo tempo em que homens e mulheres anseiam por relacionar-se e conviver com outros, temem a solidez que a criação de vínculos representa, por não suportarem a ideia de estarem “presos" a uma pessoa para o resto de suas vidas. Essa ambiguidade em querer estar com alguém, mas também querer estar livre para explorar outras, possivelmente melhores, opções é típica, de acordo com o autor, do caráter volátil da "modernidade líquida” em que vivemos atualmente. Também ressalta que relacionamentos são repletos de altos e baixos e, às vezes, os sacrifícios que eles demandam não são compensados, o que leva muitos a optarem pelo não envolvimento. Tal situação assemelha-se à atitude de Greg, que mantém-se amigável na maneira como trata seus colegas, mas distante, convivendo de forma superficial de modo que não sofra ou destaque-se em meio à multidão de alunos."

Confira o trabalho na íntegra, clique aqui!

Confira abaixo o trailer do filme.

domingo, 8 de novembro de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: Análise do curta-metragem "Masks" (Máscaras)

Com base no conceito de consciência coletiva, desenvolvido por Émile Durkheim, Mayara Costa, aluna de Sociologia e Comunicação, analisou o curta-metragem "Masks", filme baseado no poema homônimo de Shel Silverstein. 

Em seu trabalho, Mayara analisa como a personalidade dos sujeitos da trama é influenciada pelo conceito de Durkheim e como isso se aplica na sociedade contemporânea.

Confira abaixo o poema na íntegra e o link para o curta.


"Ela tinha a pele azul,
E ele também.
Ele escondia isso
E ela também.
Eles procuraram por azul
Por toda a vida deles,
Em seguida, passaram direto--
E nunca souberam."

Masks | 2014 



"Logo as primeiras tomadas do curta mostram jovens levantando-se para mais um dia de aula, tendo curiosamente — para nós, espectadores; é completamente natural para os personagens — seus rostos pintados e palavras escritas em suas testas: Poet (Poeta), Chess Master (Mestre em Xadrez), Gamer (nome usado para jogadores assíduos de videogame), entre outros. Entretanto vemos cada um desses jovens colocando por cima do que seria seu "verdadeiro eu" máscaras brancas com novas palavras escritas: Jock (Atleta) para o Poeta, Skater (Skatista) para o Mestre em Xadrez, Cheerleader (Líder de Torcida) para a Gamer. Vemos ao longo do curta a constante preocupação de uma das personagens em manter as aparências, mesmo vendo que os que usam suas verdadeiras faces parecem mais felizes. Vemos a personagem em um conflito interno sobre remover ou não sua máscara, até que a personagem pensa ver alguém igual a ela e remove sua máscara para ir atrás desse alguém. Ao ver que havia se enganado, volta a se esconder atrás de sua máscara. Entretanto, nós espectadores vemos paralelamente uma segunda personagem que parece sofrer do mesmo mal, mantendo-se, também, escondida atrás de sua máscara. Entendemos assim que o casal está fadado a nunca se encontrar por conta de suas máscaras brancas.

Segundo Émile Durkheim, a consciência coletiva é a força coletiva exercida sobre um indivíduo que o leva a viver e agir de acordo com os padrões da sociedade em que está inserido. A consciência coletiva é exterior ao indivíduo, o que significa que a sociedade "é como é" e que cabe ao indivíduo aprender e se adequar a sua organização. São pequenas contribuições individuais que se juntam e formam consciência coletiva, o que a faz resultado de fatos sociais.

Pode-se observar claramente no curta-metragem na relação entre o indivíduo e o coletivo a influência que a organização social tem sobre o protagonista e algumas outras personagens. As "máscaras brancas" representam o papel social que cada personagem ocupa, o papel que esperam que representem para que a sociedade mantenha-se em ordem. Há uma certa opressão no ambiente (no caso, escola) para que as coisas se mantenham assim.

Ao final do curta, a consiência coletiva descrita por Durkheim acaba por ser o fator de infelicidade do protagonista, que é impedido de conhecer sua "cara metade" por conta de tal opressão. Isso nos faz concluir que, apesar de importante para que haja ordem e para que a sociedade não caia em estado de anomia (falta de regras), deve-se vigiar para que essa opressão não comprometa nossa felicidade e nosso futuro."

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Sociologia e Comunicação - Trabalhos Finais: "O habitus em 'Que Horas Ela Volta?'"

Estamos de volta com a tradicional postagem dos trabalhos finais, iupi!

E para abrir a sequência desse semestre, uma análise muito interessante do Matheus Bibiano, aluno de Sociologia e Comunicação, sobre o filme "Que horas ela volta?".

A obra, da diretora Ana Mulayert, estreou esse ano e recebeu uma avalanche de críticas positivas, inclusive, sendo cotado para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro. O filme traz uma discussão muito pertinente sobre a sociedade brasileira contemporânea, questionando o lugar que cada sujeito ocupa numa sociedade hierarquizada e marcada pela diferença entre classes sociais. Matheus analisa o papel de cada personagem do filme, exemplificando através de situações da trama, a relação com o modelo de sociedade estudado por Pierre Bourdieu. 


"No filme, a atriz Regina Casé encarna a pernambucana Val, uma mulher que, há mais de dez anos, deixou sua filha com o avô, no Recife, para trabalhar como babá e empregada doméstica na casa de uma família de classe média alta na cidade de São Paulo. Val, que não tem sua própria casa, trabalha e mora na mansão dos patrões. Às vezes, até sai à noite com uma amiga que trabalha em uma casa da vizinhança. Val parece bem e não questiona o tratamento que recebe dentro da casa, e exerce a sua função sem muitas reclamações.

Até então tudo parecia tranquilo, mas a situação muda com a chegada de Jéssica, filha de Val, que, depois de treze anos, decide vir para São Paulo fazer a prova de vestibular da USP para cursar arquitetura. Já a caminho da casa dos patrões de sua mãe, Jéssica demonstra a sua indignação com o fato de sua mãe morar no trabalho: “Tu mora no quartinho dos fundos da casa deles?”. A menina, ao invadir o ambiente dessa família provoca algumas reações desagradáveis para todos os personagens: Bárbara se impressiona com o curso de desejo de Jéssica; José Carlos se sente atraído pela moça; Fabinho apenas demonstra certa indiferença. O filme é praticamente dividido entre o antes e o depois da chegada de Jéssica e sua narrativa se desenvolve acerca disso. 

A partir do método do estruturalismo construtivista e/ou construtivismo estruturalista, desenvolvido por Pierre Bourdieu durante o século XX, é possível identificar alguns aspectos da narrativa e construção de personagens do filme que se encaixam na teoria do espaço social e a mobilidade entre campos de interação possíveis abarcadas pela sinopse do longa. [...]"

Confira o trabalho na íntegra aqui.

Confira também o trailer do filme!