quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Comunicação e Cultura Popular - Trabalhos Finais: Um conto sobre blasfêmia

Vinícius Machado, aluno da disciplina Comunicação e Cultura Popular 2017.1, explora os usos da blasfêmia na literatura neste ótimo conto sobre a trajetória de Nemo, um ladrão no melhor estilo Robin Hood, que rouba dos ricos para dar aos pobres e carrega consigo uma certa noção de justiça.
“Eu roubo dos ricos para conseguir comida o suficiente para alimentar duas pessoas pobres” dizia Nemo gesticulando felizmente para seus colegas da guilda de ladrões “Eu sou bem pobre e como por dois”. Os seus colegas todos riam e algum deles deu um tabefe nas suas costas magras que quase o fez derrubar um pouco de cerveja na capa negra que cobria quase seu corpo todo. Rir da desgraça às vezes é a única coisa que sobra para algumas pessoas e Nemo com certeza era uma delas. Ao virar sua caneca e perceber que apenas umas gotas caiam em sua boca, se aventurou até o balcão desviando das poças de mijo, cerveja e das tábuas soltas de madeira encardida; a guilda dos ladrões era sem dúvidas um dos lugares mais grotescos da cidade. “Você não devia beber assim hoje, tenho um trabalho que eu não ofereceria nem para meu pior inimigo, algo que Ninguém pode fazer” disse uma voz.
Blasfêmia sempre foi uma diversão para a família de Nemo, principalmente antes do pai dele ter sido queimado por difamar contra o clero e o Rei. Os padres falavam “Ninguém pode roubar” ou “ninguém pode mentir” e todas essas baboseiras. E por isso o garoto foi chamado de Nemo, que significa “Ninguém”. Ele podia tudo que era proibido aos outros e os próprios padres o liberavam.
Seu pai era um velho homem que passava o dia perturbando as pessoas que sabiam ler para conseguir pequenos pedaços de informação, o que não era muito, mas o suficiente ao longo dos anos para saber que nem o Rei e nem os padres eram melhores que ninguém; uma verdade perigosa. Ao espalhar essas palavras na hora e no lugar errado foi considerado herege e queimado. Uma lição que Nemo levou para o resto da vida: “Se for para fazer faz certo” ecoavam os gritos de sua mãe nas suas memórias “Não adianta ser inteligente de um lado e burro do outro”.


Clique aqui para ler o conto completo.


Postagem: Matheus Bibiano - graduando de Estudos de Mídia/
Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/UFF - GRECOS/LAMI