terça-feira, 28 de dezembro de 2010

LetrasUSP Download: um excelente banco de livros on-line para baixar

Mais uma boa dica de link para baixar livros e textos de interesse das Ciências Sociais e de Literatura em geral. Quem passou a chave foi nosso querido Dênis de Moraes. Trata-se do LetrasUSP Download. Tem muita coisa legal, vale a conferida!

Dentre os autores para baixar, destacamos: Artaud, Bourdieu, Camus, Ana Cristina Cesar, Giddens, Grammsci, Bakhtin, Caio Fernando de Abreu, Ginzburg, Hobsbawm, Goffman, Fanon, Frida Khalo, Marcuse, Melville...tem de tudo, muito bom!

acesso ao catálogo de jornais do Arquivo Público do Estado de SP

Para os interessados em pesquisas com imprensa: já está disponível o acesso on-line ao catálogo de jornais do Arquivo Público do Estado de SP, um dos maiores do país. Reproduzimos, a seguir, nota do próprio Arquivo Público sobre o sistema:

"Ao todo, 1.368  títulos foram catalogados pelo Núcleo de Hemeroteca e Biblioteca do Arquivo Público. A busca pode ser feita por título, região de SP (capital, bairros ou interior), Cidade, Estado ou País. Uma das novidades deste catálogo é a “consulta detalhada”, que informa quais datas do jornal desejado podem ser  consultadas e quais não constam no acervo. Este recurso já está disponível para quase todos os títulos catalogados. Outra facilidade é que o pesquisador pode consultar os títulos já digitalizados diretamente do próprio catálogo.A consulta aos jornais no original ou em microfilme é feita no próprio Arquivo Público, localizado na Av. Cruzeiro do Sul, 1.777 – Próximo a Estação Tietê do Metrô, São Paulo/SP. O atendimento ao público acontece de terça a sábado, das 9h às 17h, sendo 16h o horário-limite para solicitação de materiais".

Para acessar o catálogo, clique neste site:
http://www.arquivoestado.sp.gov.br/a_catalogojornais.php

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Revista com artigos sobre rádio


O Grupo de Pesquisa Convergência e Jornalismo (ConJor), da Universidade de Santa Maria/RS, lançou em dezembo de 2010 o  número inaugural da revista on-line Rádio-Leituras, com artigos de pesquisadores nacionais e internacionais sobre temáticas ligadas ao universo radiofônico. Para quem se interessa pelo tema, eis uma boa dica.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

APA FUNK

Para quem não conhece, esse é o blog da APA FUNK (Associação dos Profissionais e Amigos do Funk), que vem desenvolvendo um fundamental trabalho de conscientização e luta pelo funk no Rio de Janeiro e no Brasil.


É preciso apoiar essa luta, tão árdua, tendo que lidar diariamente com o preconceito de classe, a ação criminosa e discriminadora da grande mídia, a atuação repressiva, ignorante, cínica e estigmatizadora das forças do Estado, dentre outros problemas, em nome da arte, da cultura, da cidadania, do direito à expressão e comunicação.

Parabéns, APA FUNK. Tamo junto.

Um pouco sobre Joseph Campbell

 A obra de Joseph Cambell, pesquisador e intelectual norte-americano, é referência nos estudos sobre mito, herói, honra e poder. Já lemos, em um dos semestres do GRECOS, algumas de suas reflexões sobre o papel do mito. Neste post, indicamos links úteis para quem pretende se aprofundar nestes temas e no autor.

Para saber mais sobre o autor, clique aqui.

Dados completos: Joseph Campbell Fundation.

Para baixar O Poder do mito, clique aqui.

Para baixar O Herói de mil Faces, clique aqui.

Outros downloads com textos do e sobre o autor, clique aqui, aqui e aqui.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Trabalhos finais de Sociologia e Comunicação - 2010/2 - parte I: A visão marxista de "A grande família"


Dando sequência à publicação dos trabalhos que se destacaram nas disciplinas desse semestre, publicamos agora uma análise que Bruno Pestana, aluno do primeiro período de Sociologia e Comunicação, fez do seriado "A grande família" usando como referência conceitos de Karl Marx.


A visão marxista sobre “A Grande Família”

Karl Marx compara a sociedade com uma estrutura de engenharia, como um edifício onde  há uma base, a economia, e, acima dela, as superestruturas que seriam as instituições determinadas por essa base econômica a fim de legitimá-la como, por exemplo, a religião, a família e a política, entre outros. A mídia hoje seria então, segundo essa visão, também uma dessas superestruturas já que reforça, mantém e legitima a base a partir da criação de falsas ideias, as ideologias, mantendo assim a força de pensar da classe dominante.
Como instrumentos para a manutenção dessa ideologia, a mídia utiliza as telenovelas, as séries e até o jornalismo. A exemplo de um desses instrumentos, “A Grande Família” é uma série de TV exibida pela Rede Globo desde 2001 e é uma reinterpretação da série original exibida entre os anos 1972 e 1975.  A série é exibida semanalmente com episódios cômicos sobre a vida da família Silva que representa a família de classe média baixa brasileira moradora do subúrbio carioca. Entre outros personagens, os principais são: o patriarca Lineu, um fiscal correto e responsável que é casado com a exemplar dona de casa e mãe Nenê. O casal tem dois filhos: a mimada Bebel, casada com o taxista malandro Agostinho Carrara, e o caçula e preguiçoso Tuco.
Na visão marxista, a criação de uma identificação do público maior da TV aberta, a classe média baixa, seria, certamente, uma forma de alienação já que essas famílias vendo-se representadas na mídia, principalmente na maior emissora de TV do país,  acabam por conformar-se com suas realidades já que na série são representados de forma cômica os problemas típicos familiares como os de convívio, os financeiros e etc, além de legitimar a ideia burguesa de família. Família essa formada por indivíduos que ajudam a manter a propriedade privada interessante às classes dominantes  através da ideia de consumismo, da noção nula do valor da sua força de trabalho. Essa manutenção dos interesses da classe dominante pelas classes dominadas se dá a partir de uma falsa consciência que não corresponde logicamente ao determinismo de suas condições materiais. Na série, há inúmeros episódios em que o casal pretende passar uma noite de amor em um hotel de luxo, que a filha quer ter uma vida de novela ou que o filho quer dinheiro para comprar produtos de marcas famosas, o que torna visível a criação da falsa consciência no espectador que, por sua vez, através dessa alienação, não cria ideais de revolução contra a classe dominante, mas sim a vontade de ser como ela, de ascender. 
A série exemplifica, então, a visão marxista sobre o poder da mídia como legitimadora da ideologia criada pela classe dominante a fim de estimular a manutenção da propriedade privada e o consumismo criando, assim, o véu da ideologia nas classes oprimidas, fazendo uma inversão, ou seja, criando um sistema de ideias para que os dominados acreditem que a ideologia determina o material quando na verdade, para Marx, é o contrário que ocorre.

Bibliografia: Marx e Engels, Manifesto do Partido Comunista.

Para saber mais sobre "A grande família", clique aqui e aqui

As contradições da grande imprensa sobre UPPs e controle das favelas no Rio de Janeiro

Em breve, faremos uma série de posts visando complexificar as reflexões sobre a questão da violência no Rio de Janeiro.

Por agora, uma breve análise das contradições, silêncios, omissões e desvios de leitura de matérias do jornal O Globo de domingo, dia 12/12/2010, sobre o tema.

Na pág. 16, o jornal traz matéria sobre pesquisa realizada, a partir de encomenda do próprio jornal, pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS) com 400 moradores de favelas com UPP e 400 moradores de favelas sem UPP. Com base nos dados de tal pesquisa, que ilustram a página em 10 gráficos coloridos, o Globo se dá o direito de publicar a matéria sob o esfuziante título "Um claro objeto de desejo", se referindo à UPP.

Vamos aos dados: das dez perguntas, nove se referem a questões como violência local, ocupação militar, UPP, confiabilidade da polícia etc. Os dados são claros, segundo o Globo, a maioria, num caso ou outro, só com percentuais diferenciados (as favelas com UPP são mais entusiastas) apoia a intervenção, a UPP, confia na polícia etc.. Só pra exemplificar: perguntados se as UPPS são boas ou más, 92% (favelas com UPP) consideram boa/ótima; e 77% consideram boa/ótima (fav. sem UPP). E os dados seguem por aí.

No entanto, em um dos gráficos, o 9, a pergunta é: "Onde mora, se sente livre para dar sua opinião sobre qualquer assunto de interesse da comunidade?". Vamos às respostas: a) fav. com UPP - 46 % totalmente livre; 11 % não tem liberdade; 38 % livre c/ restrições; b) fav. sem UPP - 36 % totalmente livre; 29 % sem liberdade; 24 % livre com restrições".

Ora, esses dados são significativos: apontam para o fato de que, em ambos os casos, mais de 50 % dos moradores não se sentem totalmente livres para dizer o que pensam de verdade. Ora, ora, isso não deveria colocar em suspenso os dados dos outros gráficos? Isso não parece significar, caso estes dados deste nono gráfico se confirmem, que os demais podem refletir não uma opinião de fato sobre o que está sendo perguntado, mas uma opinião censurada ou sob restrição?

O Globo não se pergunta isso. Ao contrário, seu único comentário sobre este gráfico é reproduzir uma opinião do José Mariano Beltrame, secretário de segurança do RJ, que entende que a diferença no quesito liberdade de opinião tem a ver com o tempo, pois os moradores precisam dele para se acostumarem. Nas palavras de Beltrame reproduzidas pelo Globo: "com o tempo esse sentimento quanto à liberdade de opinião tende a crescer". Bom, vamos ver se entendemos: enquanto o tempo não passa, os moradores continuam se sentindo não livres para opinar? Então, enquanto o tempo não passa, qual o valor dos dados nas demais respostas, dadas sob um ausente "sentimento quanto à liberdade de opinião"? O Globo, obviamente, não se pergunta isso, embora o selo que abre todas as suas matérias, nesse edição sobre a temática, seja "Favela Livre". Será uma ironia?

Para corroborar ainda mais sua campanha pró UPP e intervenção militar nas favelas, duas páginas depois, na 18, o Globo traz matéria sob o título "Rompendo o silêncio dos inocentes. Os relatos dramáticos de quem ainda vive sob o poder de traficantes e milicianos nas favelas do Rio". Com depoimentos de moradores com nomes falsos, o que deveríamos assistir, de acordo com os dados da pesquisa citada acima e divulgada duas páginas antes, seria um total apoio à ação da polícia militar e da intervenção como solução, correto?

Não é bem isso que ocorre. Vejamos alguns depoimentos:

"A polícia vem aqui, mas come um bom dinheiro. Uma vez viram um sargento rolando no chão atrás de pó para cheirar. Ainda assim, acho que vale a pena que isso seja ocupado. Tem gente rezando todos os dias para essa pouca vergonha acabar" (Ana Maria) - preciso apontar para a necessidade de refletir sobre as contradições contidas nesse depoimento? O Globo ignora.


"Todos eles foram violentos porque entraram na minha casa e não tinham esse direito [se referindo ao fato de sua casa ter sido invadida três vezes, duas por traficantes rivais e uma por policiais]. (...) Eu lembro que os que invadiram primeiro ficavam cantando enquanto matavam as pessoas na minha porta. É uma atitude comum. Até os policiais, quando passam com o caveirão, gritam: "sai da rua, vagabundo; sai da rua, piranha". E riem. Então, para mim, ninguém é bonzinho. São iguais" (Joana) - Sobre esse eloquente e chocante depoimento, que invalida toda a argumentação do jornal a favor da intervenção policial como solução de ordem, NENHUMA CONSIDERAÇÃO.

Nem preciso dizer que na primeira oportunidade o jornal, que não reflete sobre NADA, dá um jeitinho de criminalizar o baile funk, como no trecho: "A menina cresceu e absorveu os símbolos daquele mundo paralelo. Bailes funks, jovens traficantes armados sendo cobiçados pelas garotas mais bonitas do morro e viciados consumindo coca e heroína na sua frente".

Precisamos, com urgência e seriedade, discutir o papel e a responsabilidade da grande imprensa brasileira na cobertura sobre a violência no Brasil. O que listei acima é sério, estamos assistindo à construção da realidade social sem atentar para suas contradições e complexificações. Isso é, antes mesmo de ser exemplo de mau jornalismo, um enorme perigo.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

entrevista com Julian Assange, do WikiLeaks

O blog Diário Gauche (vale a pena conhecer o blog, muito bom!) publicou uma ótima entrevista com Julian Assange, do WikiLeaks. Uma boa oportunidade para conhecer melhor o pensamento do jornalista e ativista australiano, criador de uma ferramenta de divulgação de documentos secretos e comprometedores de autoridades políticas/militares de diversos países.



Em 20/12/2010 - complementando o post:

1) para saber mais sobre o caso WikiLeaks - clique aqui

2) Para ver o mapa com todos os documentos vazados (por país) pelo WikiLeaks - clique aqui

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

trabalho Mídia e Juventude I - etnografia "praia"

Neste semestre, 2010/2, a proposta de trabalho final na disciplina de Mídia e Juventude possibilitava duas modalidades: ou uma etnografia com jovens/lugares jovens/situações em torno das ideias de juventude ou análise de produto midiático e a construção de representações sobre juventude e jovens.

Como sempre, os trabalhos foram de ótimo nível. Como reconhecimento, vou publicar no blog os trabalhos realizados, para que um público ampliado tenha acesso ao que vem sendo produzido no âmbito acadêmico como resultado das discussões de curso.

Para iniciar, destaco a etnografia realizada pelo grupo formado por Erica Ribeiro, Paulo Ballestero, Isis Mesquita e Carolina Câmara, que foram entrevistar frequentadores de pontos da praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, no dia 7/11/2010. As perguntas giraram em torno de questões discutidas no curso, como o culto ao corpo, a necessidade de diversão, a associação entre juventude e esporte, o "aproveitar a vida", a expansão da ideia de juvenilização para além da faixa etária, dentre outras.

Blog Filmes Políticos

Taí uma ótima dica da eterna midiática Mariana Gomes: Blog Filmes Políticos, com links para download de diversos filmes de interesse político e social. Muito legal a iniciativa!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sobre Howard Becker


Como neste segundo semestre de 2010 estamos estudando G. Simmel nas reuniões do GRECOS, pretendemos fazer uma série de posts sobre o autor e temas afins. Considerando sua enorme influência na formação da Escola de Chicago, na sociologia dos EUA, preparamos esse pequeno post sobre um dos principais nomes dessa Escola, Howard Becker.

No site da FGV, link para uma entrevista realizada em 2009 com o sociólogo norte-americano Howard Becker, mais conhecido aqui no Brasil como o autor de Outsiders (1963).
Um dos membros mais reconhecidos da Escola de Chicago, Becker analisa os autores e contribuições desta Escola em ótimo e delicioso artigo publicado na Revista Mana.

Link também para o excelente artigo do antropólogo Gilberto Velho, especialista em temas referentes à Escola de Chicago, sobre Goffman e Becker.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

We all want to be young

We All Want to Be Young (leg) from box1824 on Vimeo.

Vídeo bem legal, produzido pela BOX1824, empresa que estuda tendências de comportamento e consumo com foco em jovens. Apresenta pontos interessantes para discussão da contemporaneidade, como vem sendo debatidos em sala.
Dica de Diogo Bardasson, aluno da disciplina de Mídia e Juventude oferecida esse semestre pela prof. Ana Enne no curso de Estudos de Mídia.

domingo, 24 de outubro de 2010

Dicas de textos online


Algumas dicas de arquivos disponíves para download:

Pasta com 196 textos de autores como Bourdieu, Foucault, Latour, Lévi-Strauss, Malinowski, Merleau-Ponty, Sahlins, Viveiros de Castro, Leach, Bhabba e Boas.

Alguns textos de Bauman, Bourdieu, Adorno, Weber, Giddens, Elias, Simmel e Habermas.

Textos de filosofia, psicologia e antropologia. Autores como Mauss, Sartre, Platão, Chauí, Aristóteles, Deleuze, Freud, Kant e Heidegger.

Blog com vários links de textos na área de humanidades. Extensa lista de autores e temas nas tags.

Pasta com arquivos de antropologia clássica e social, estudos culturais, linguística, filosofia, semiótica, política, etc. Com muuuuitos autores, dentre eles, Sousa Santos, Bobbio, Luhmann, Florestan Fernandes, Umberto Eco, Stuart Hall e Geertz.


Dica de blog



Já viram o blog Que Cazzo é esse? É um espaço desenvolvido por professores e alunos do Departamento de Ciências Sociais e do PPGS da UFPE e do Departamento de Ciências Sociais e PPGS da UFPB. Voltado para teoria e metodologia das ciências sociais, trata também de antropologia, história, filosofia, feminismo, comunicação e temáticas contemporâneas.
Para ilustrar, um post sobre Simmel, sociólogo estudado esse semestre no Grecos: "Da vida ao tempo: Simmel e a construção da subjetividade no mundo moderno", de Jonatas Ferreira.
Fica a dica!

Dicas de documentários


Aqui vão algumas dicas de filmes, com temáticas contemporâneas e disponíveis com legendas para assistir online. Mais do que documentários, são formas de ativismo político que se apropriam da linguagem audiovisual para disseminar suas visões de mundo.
Valem o clique!

Documentário sueco, produzido por Erik Gandini, que discute sociedade de consumo, passando por sistemas políticos e meio ambiente, com uma visão interessante acerca do socialismo e o capitalismo.

Compilação e edição de "John Nada", realizado a partir de vários outros documentários, como "End Game", "Loose Change" e "Zeitgeist". Trata de questões relacionadas a mídia, nova ordem mundial e quem está por trás dela, grupo Bilderberg, mitos contemporâneos e biotecnologia, com certo tom de conspiração, mas bem instigante.

Produzido por Peter Joseph, o termo "Zeitgeist" vem do filósofo alemão Hegel, significando espírito da época. O documentário desconstrói mitos, falando desde o cristianismo e suas raízes histórias, até o 11 de setembro nos EUA. Explica o funcionamento do sistema econômico estadunidense, centralizado no Federal Reserve, o papel da mídia na construção da hegemonia e senso comum e apresenta o Projeto Venus como opção de nova sociedade sustentável e igualitária.

domingo, 3 de outubro de 2010

Breve diálogo entre espetáculo e política




Protesto do Greenpeace, coletivo mundialmente conhecido por promover ações espetaculares 
O livro “A sociedade do espetáculo” (1967), do francês Guy Debord, é considerado um norteador para os movimentos sociais das décadas de 60 e 70. Debord defende que as relações nas sociedades modernas, impregnadas pelo capitalismo avançado, passaram a ser mediadas pela imagem, pela dimensão do espetáculo, substituindo o real pela sua representação. O parecer prevaleceria sobre o ser e o ter, evocando assim uma possível essência do ser humano. As ações espetaculares promovidas pelos coletivos políticos não poderiam ser vistas como críticas, tendo em vista a utilização da mesma lógica que pretendiam criticar, agindo, portanto, como forma de reiteração da sociedade do espetáculo. Partindo disso, como analisar as formas de ativismo político na contemporaneidade? Seriam estas apenas reiterações da lógica sistêmica? 
O que Debord não previa era a imbricação entre campos vistos como dicotômicos e a capacidade dos sujeitos de se apropriarem e ressignificarem as ações. De lá para cá, as questões se deslocaram,  a sociedade se complexificou, dicotomias ruíram, dando lugar a novos paradoxos e paradigmas. Diante desse novo contexto, caracterizado pela fragmentação, pela lógica da convergência e pelos atravessamentos que fazem tudo parecer interconectado, o sujeito pós-moderno tende a responder de forma diferente, a resistir de novas maneiras.
Dessa forma, perceber as ações midiáticas dos movimentos como reiteração da lógica capitalista é restringir o debate ao pensamento marxista de Debord. Se pensarmos que a sociedade contemporânea é intrinsecamente atravessada pelas mídias e essa se constitui como lugar de disputa discursiva, dada sua importante e estratégica posição na estrutura social, podemos perceber que tais reações se adequam à linguagem global das mídias. Trata-se, portanto, da recriação de formas de resistência e contra-hegemonia na sociedade contemporânea e não de uma reiteração da lógica capitalista ou reificação dos movimentos sociais.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sobre morte e juventude


Neste semestre, na disciplina Mídia e Juventude dada pela professora Ana Enne (no curso de Estudos de Mídia da UFF), estamos discutindo valores associados à juventude. As últimas aulas sobre modernidade e a questão do jovem em cena num lugar de protagonista na sociedade, me levantaram à seguinte questão: O surgimento e legitimação da juventude e seus valores estariam associados à ideia da morte de deus?
Partindo do princípio de que o nascimento da ciência pode ter anunciado a morte da idéia de um Deus pai, criador e regente - Deus, que até então era um suporte de alívio ao desconhecimento do indivíduo sobre sua origem, seu fôlego, sua morte, começa a perder o centro do Universo, e a humanidade, a esperança de uma vida após a morte.
A modernidade traz à tona uma nova perspectiva sobre a vida. O indivíduo se depara com o medo da morte, não apenas de sua carne mas também de seu espírito. A crença no reino dos céus após a morte cai por terra. A fé se distancia cada vez mais do mundo transcendental e se materializa numa visão modernista: a busca pela novidade, pelo progresso, tanto quanto a busca pela maior distância possível da morte. O pavor do fim da suposta única vida aumenta, mesmo que inconscientemente.
As preocupações se afastam cada vez mais do pecado, se aproximando da vontade de ser jovem, de aproveitar a vida como se fosse o ultimo dia e, tempos depois, a busca por ser saudável, belo, moderno. A morte passa a ser um dos maiores medos e as dúvidas sobre existência do inferno ou do céu estão mais evidentes. Isso nos faz pensar sobre uma ligação existente entre o medo da morte e a vontade de estar longe dela, refletida na valorização da juventude e no desejo do indivíduo de ser sempre jovem.

sábado, 25 de setembro de 2010

Ulf Hannerz


O antropólogo sueco Ulf Hannerz é diretor do Departamento de Antropologia da Universidade de Estocolmo, além de presidir a Associação Européia de Antropólogos Sociais. Começou seus estudos na década de 60, influenciado por autores da antropologia social britânica, particularmente, a Escola de Manchester, com Gluckman e Mitchell. Ao se mudar para os Estados Unidos, teve contato com o interacionismo simbólico de Goffman e as noções de cultura de Geertz. Desenvolvendo pesquisas em torno da antropologia urbana, culturas transnacionais e globalização, o autor iniciou suas publicações com “Soulside. Inquiries into Ghetto Culture and Community”, em 1969, fruto do trabalho etnográfico realizado num bairro majoritariamente negro de Washington.
Hannerz trabalha com uma perspectiva distributiva da cultura, buscada na sociologia do conhecimento e em autores como Peter Berger e Thomas Luckmann, que enfatizavam seu caráter processual. Tal perspectiva se deu por uma insatisfação com a antropologia clássica, que tendia a homogeneizar os indivíduos sob o manto das culturas. Dessa forma, adota o conceito de criolização, como uma dimensão socioestrutural capaz de abarcar as diversas misturas observadas em suas pesquisas etnográficas. A origem do termo remonta ao contexto da plantation nas sociedades do Novo Mundo e consolida-se nos estudos de sociolingüística. Hannerz propõe sua utilização na cultura a fim de alcançar uma visão macroantropológica, tornando o termo menos genérico e relacionando-o a uma sociedade mais estruturada.
Criolização, hibridez, sincretismo, mestiçagem, sinergia, etc, são criticados por se tratarem de um essencialismo confuso, ao sugerirem que as correntes culturais envolvidas no processo fossem anteriormente puras. Hannerz responde tais críticas se utilizando da lingüística, afirmando que não se levaria a sério a idéia de uma língua historicamente pura. No entanto, as misturas ocorrem em condições específicas nas diversas culturas e em graus variados. Indica ainda que uma das formas de se opor ao fundamentalismo cultural é desmistificando a própria cultura, passando a entendê-la como processo e produto da atividade humana (agency).
Para o autor, as cidades figuram como centros de confluência de culturas, sendo as interações condicionadas a essas combinações. A antropologia clássica estudava as minorias urbanas de modo isolado, não-imersas nas interações sociais promovidas pelo espaço da cidade, preocupando-se mais com o aspecto antropológico. O ambiente urbano, em especial zonas fronteiriças e metrópoles, constituem espaços estratégicos para o estudo da diversidade cultural, como apontam Canclini e outros tantos autores contemporâneos.
Hannerz defende o método etnográfico como forma de analisar os diversos fluxos envolvidos na contemporaneidade e afirma ainda que foi fundamental para a formação de seu pensamento social. Em entrevista concedida a Fernando Rabossi (Os limites de nosso auto-retrato. Antropologia urbana e globalização), diz que "Ao longo de sua história, a antropologia tem oscilado entre orientações que enfatizam a abertura e orientações que enfatizam o fechamento, de forma que, em parte, trata-se de uma questão teórica. No entanto, dadas as atuais condições do mundo, penso que precisamos trabalhar mais com a etnografia, com a análise, e até mesmo com o vocabulário da interconectividade, pois boa parte das pessoas no mundo hoje estão envolvidas em vários tipos de mobilidade geográfica, além da existência da mídia e de instituições educacionais muito semelhantes pelo mundo afora - o que não se adequa à imagem do mosaico. Eu e algumas outras pessoas temos utilizado a noção de "fluxos", metáfora que me parece conduzir efetivamente para uma preocupação com os processos que se desenrolam no espaço e no tempo".
Em seu artigo, “Fluxos, fronteiras, híbridos – palavras-chave da antropologia transnacional”, Hannerz pretende localizar nos estudos antropológicos a idéia de globalização, pressupondo que a preocupação com as relações interculturais sempre estiveram presentes nesse campo. Analisa o vocabulário da antropologia transnacional, fazendo referência ao livro "Keywords", onde Raymond Williams apresentava uma investigação histórica de termos culturais e sociais, como mídia e tradição. Por fim, conclui que tais processos culturais não levam a igualdade, pois onde há luta, há também jogo.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sobre o risco de se contar uma história única


Sugestão maravilhosa de Lia Bahia: a escritora nigeriana Chimamanda Adichie faz uma brilhante conferência sobre "O perigo de uma única história". Emocionante, contundente e muito legal para refletirmos sobre a relação entre discurso, identidade e poder.

http://www.ted.com/talks/lang/por_br/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html