quinta-feira, 4 de maio de 2017

Francine Saillant e o trabalho do reconhecimento


Francine Saillant é uma antropóloga e intelectual canadense e diretora do Centro Interuniversitário de Letras, Artes e Tradições (CELAT), sendo professora titular do Departamento de Antropologia da Universidade Laval desde 1996. Em meados da década de 1980, Saillant concentra-se nos estudos de antropologia da medicina e desenvolve trabalhos de etno-história sobre aspectos culturais afetados pelo câncer, Cancer et Culture, e questões sobre gravidez, Qui consulte les sages-femmes au Québec ? 

No início dos anos 2000, Francine Saillant volta suas atenções para questões de cidadania, direitos por invalidez e questões raciais no Brasil. Entrando nessa linha, a pesquisadora passa a trabalhar com estudos de reparação e reconhecimento de minorias sociais, nos quadros brasileiros de emergência das lutas sociais. 

Em seu capítulo "Reconhecimento e reparações: o exemplo do movimento negro no Brasil", publicado no livro "História oral e comunidade: reparações e culturas negras", organizado por Hebe Mattos, do Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI), Saillant elabora um panorama geral das teorias do reconhecimento e reparação, que tangenciam os estudos da filosofia, sociologia, ciências políticas e a antropologia. 

Com isso, ela ressalta os aspectos identitários e as relações sociais dos grupos raciais minorizados e elabora sobre as questões que atravessam o "lugar" das minorias sociais e suas diversas formas de inclusão social, dadas através de políticas públicas estatais e, principalmente, as ações comunitárias elaboradas em prol desses grupos. 

Ao trabalhar o exemplo do movimento negro brasileiro, a autora comenta sobre a história da escravidão e os resquícios desta história no presente momento da sociedade "pós-escravista". Também identifica as leis de incentivo à cultura e história da África e as politicas de reparação e  valorização da cultura negra como objeto central da formação identitária da cultura brasileira. Tudo isso levando em conta as propostas e todas as lutas do movimento negro, propondo a ideia de reparação de si, a reparação do dano histórico de negro dado nas instâncias de atividade cultural feitas de "nós para nós".

Clique aqui para mais informações sobre o livro que se encontra na página do Projeto Passados Presentes

Postagem: Matheus Bibiano - graduando de Estudos de Mídia/
Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/UFF - GRECOS/LAMI

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